EBD | Lição 7 – Nossa esperança na vinda do Senhor

Fonte: Portal EBD

2º Trimestre de 2018

Introdução
I – OS TRÊS OBJETIVOS DOS ESCLARECIMENTOS ESCATOLÓGICOS 
II – VERDADES RELACIONADAS À VINDA DO SENHOR
III – OS JOVENS DE HOJE PRECISAM PENSAR SOBRE AS ÚLTIMAS COISAS?

Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Refletir a respeito da necessidade do debate escatológico na igreja hoje;
Apresentar três verdades a respeito da vinda do Senhor em 1 Tessalonicenses;
Demonstrar a relevância da discussão escatológica entre o público jovem.

Palavra-chave: Escatologia.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

“Paulo é um escritor muito atento ao seu tempo; não é à toa que, quando esteve entre os gregos no Areópago, como registra Lucas em Atos, o apóstolo utilizou de toda sua retórica, certamente advinda de sua formação educacional num contexto romano. Agora, escrevendo aos tessalonicenses, sabe que a temática relativa às últimas coisas é uma questão a ser encarada de forma complexa, pois, em virtude da presença do forte politeísmo existente ali naquela cidade e com muito mais atenção à questão do orfismo e do culto a Dioniso, Paulo precisa esclarecer bem os tessalonicenses sobre problemas escatológicos.

Reflitamos, então, sobre a abordagem acerca das coisas futuras presente em 1 Tessalonicenses, tomando como pano de fundo a informação de que, por influência de sua tradição cultural, aqueles irmãos já possuíam crenças sobre ressurreição, vida post mortem, num conceito de parusia, etc., todas atreladas à veneração das divindades ali reverenciadas.

Sendo a cidade de destaque na região da Macedônia — considerada por alguns como a “segunda Roma” —, Tessalônica abrigava uma infinidade de tradições e práticas cúlticas. Havia uma forte influência da religiosidade egípcia e greco-romana; na verdade, instalou-se naquela cidade um conjunto de ações religiosas sincréticas, chegando ao ponto de construir-se naquela cidade um templo destinado à adoração simultânea de deuses romanos e egípcios 2.

As divindades reverenciadas majoritariamente em Tessalônica até antes do primeiro século da era cristã eram Apolo, Atena e Hércules. Todavia, já no contexto da escrita da carta, as religiões mistéricas, assim como o culto a Dioniso, Asclépio e Deméter, ganharam grande espaço no seio daquela comunidade. Como nos afirma Ramos:

O mundo religioso de Tessalônica “compilava” religiões estrangeiras juntamente com os cultos locais. As evidências históricas que nos chegam falam-nos da adoração ou veneração de muitos dos deuses do panteão grego, tais como: Zeus, Apolo, Atena, Héracles, Afrodite, Deméter, Perséfone, Poseidon, Pan (Fauno) e Hades, entre outros. Várias divindades gozavam, em Tessalônica, de uma proeminência especial, destacando-se, neste sentido, Cabirus […], Dionísio e os deuses Egípcios, aos quais também nos referiremos. (RAMOS, 2014, p.32)

Ao tomarmos conhecimento desse aspecto histórico da comunidade em Tessalônica, podemos refletir no enorme desafio missionário que se impôs a Paulo na evangelização daquela cidade. Se o anúncio das Boas-Novas não houvesse sido feito debaixo da orientação e graça divinas, Jesus seria apenas mais um dos deuses a entrar na lista da religiosidade sincrética dos tessalonicenses.

É por isso que a conversão daqueles irmãos constitui-se como um enorme milagre em si mesmo. Em primeiro lugar, porque o anúncio do amor sacrificial de Jesus, que, literalmente, se entregou pela humanidade, foi capaz de tocar os corações entenebrecidos dos tessalonicenses a ponto de estes acreditarem na mensagem salvífica.

É necessário lembrar que havia todo um repertório de histórias fantásticas associadas aos deuses que eram cultuados ali. Diante da extraordinária narrativa de Paulo sobre Jesus de Nazaré, aquela população poderia identificá-la apenas como mais uma narrativa mítica dentre várias contadas e recontadas naquela cidade. O poder da Palavra, todavia, fez com que a fé para a salvação brotasse no coração daqueles irmãos.

A proximidade temporal, de menos de 30 anos, corroborou para o estabelecimento do cristianismo entre os tessalonicenses. A verdade do evangelho ante a ficcionalidade dos mitos greco-romanos constituiu-se como o alicerce para edificar uma igreja viva e dinâmica naquela região culturalmente politeísta.

Outro enorme desafio enfrentado por Paulo para concretizar o discipulado dos tessalonicenses era a naturalidade com que estes entendiam o sincretismo religioso. Uma vez sendo o discurso dos missionários cristãos apresentado àquela comunidade, corria-se o risco de que o mesmo fosse apenas assimilado e associado às outras práticas religiosas já vigentes.

Entre os cultos e exercícios espirituais praticados em Tessalônica, havia vários conceitos que poderiam muito bem ser equiparados ao do recém-chegado cristianismo. Coube a Paulo e a sua equipe, no pouco tempo que lhe foi possível ficar ali, defender a necessidade de um exclusivismo cúltico para Jesus. Diferentemente dos deuses do paganismo egípcio-greco-romano que os tessalonicenses estavam acostumados, a adoração a Jesus Cristo exigia separação e consagração total.

Diante de um choque de realidade tão grande, a possibilidade de haver uma rejeição completa de tudo o que estava sendo anunciado era muito grande. Contudo, o efeito foi muito eficaz na vida de uma parcela considerável de pessoas de Tessalônica. Houve uma significativa adesão, e, como o próprio apóstolo testemunha, os tessalonicenses converteram-se dos ídolos a Deus (ver 1 Ts 1.9).

A variabilidade cúltica impunha-se a Paulo como um enorme desafio a ser superado, uma vez que a religiosidade, como se sabe, transcende os aspectos litúrgicos ou ritualísticos da própria religião, associando-se, na maioria dos casos e de maneira íntima, a componentes sociais e culturais de um povo.

Dessa forma, não bastava anunciar Cristo como salvador das almas — o orfismo muito difundido em Tessalônica já fazia isso. Era necessário demonstrar que Jesus mudava o modo de viver das pessoas. Daí, tantas orientações práticas que se podem encontrar no curso de todas as duas epístolas.

Feitas as devidas contextualizações histórico-sociais, as palavras apostólicas sobre as últimas coisas ganham maior significância. É claro que o texto paulino tem muito a falar-nos hoje; todavia, ao buscarmos a compreensão pormenorizada da situação dos tessalonicenses, alguns detalhes da fala de Paulo ganham mais clareza.

Não é pelo auxílio de nenhuma divindade helênica que esperamos, mas, sim, pelo socorro bem presente de Cristo. A ressurreição de nosso Senhor não foi um ato misericordioso de um deus que se envolveu em escândalos conjugais, mas a prova material da vitória sobre a morte. A chegada triunfal de Jesus, o Senhor, superará em glória e majestade a parusia do mais destacado governante humano. Não haverá alegria tal como no encontro, isto é, naapantesis, da Igreja com seu único e verdadeiro Rei. Ali, eternamente no Reino celeste, haverá uma verdadeira paz que não passará.”

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.