EBD | Classe Juvenis – Lição 4 – Cronologia do Novo Testamento
Fonte: Portal EBD
A cronologia da vida de Jesus não é encontrada, diretamente, nos Evangelhos. Ou seja, as datas do nascimento, do início de seu ministério público, da morte, enfim, da duração de sua vida terrena, não são apresentadas pelos evangelistas da forma que se esperaria de uma biografia clássica. Essa carência resulta do gênero literário dos Evangelhos e do modo como foram compostos, os, baseados numa catequese oral, que narrava os episódios da existência de Jesus e seus ensinamentos em contextos isolados e não no âmbito de um perfil biográfico. No entanto, existem nos Evangelhos alguns dados a partir dos quais podemos deduzir a extensão do período de tempo no qual podem-se situar os extremos de sua vida — por exemplo, de quando Herodes, o Grande, ainda vivia (isto é, antes de 4 a.C.) até quando Pilatos ainda era procurador romano na Judéia (vale dizer, não depois de 36 d.C.). E possível uma reconstrução do quadro cronológico, a partir de certos dados evangélicos precisos, e com o auxilio de alguns cálculos astronômicos baseados na data da Páscoa hebraica, na véspera da qual Jesus foi crucificado.
O ano em que Jesus nasceu pode ser calculado em função de dois dados evangélicos: alguns anos antes da morte de Herodes (Mateus 2,1.19); por ocasião de um recenseamento, quando Públio Sulpício Quirino era governador da província romana da Síria (Lucas 2,2).
Deduz-se o ano da morte de Herodes, o Grande, de diversas informações fornecidas pelo historiador judeu Flávio Josefo, referentes tanto à duração de seu reinado (37 anos desde a nomeação, ocorrida em Roma no 714º ano dessa cidade, isto é, 40 a.C. — Antigüidade Judaica XVII, 8, 1; Guerra Judaica 1, 33, 8), como à duração do governo de seus sucessores (Antigüidade Judaica XVII, 13, 2; XVIII, 4, 6). Herodes morreu no ano 750 da fundação de Roma (4 a.C.), algum tempo depois de um eclipse lunar que iluminara com sinistras luzes a morte na fogueira de alguns atrevidos (espalhado o boato de que o rei morrera, estes haviam derrubado a águia de ouro que Herodes fizera colocar sobre a porta do templo), e cerca de dez dias antes da festa da Páscoa (Antigüidade Judaica XVII, 6,3-4; XVII, 8, 4-9). A astronomia confirma que um eclipse lunar foi visível em Jerusalém na noite de 12 de março de 4 a.C. e que a Páscoa daquele ano, ou seja, o plenilúnio de primavera (no hemisfério norte), ocorreu em 11 de abril. Nessa data, Jesus já devia ter nascido há pelo menos dois anos, de acordo com os acontecimentos narrados por Mateus 2, na hipótese de que tenham alguma substância histórica.
De fato, os magos, indo a Jerusalém para presentear o Messias recém-nascido, lá encontraram Herodes, quando se sabe que, no princípio do inverno de 5 a.C., adoentado, este se transferiu para Jericó e, por algum tempo, para as termas de Calliroe, no mar Morto. Por outro lado, Herodes, calculando a época desde o nascimento de Jesus e talvez exagerando, por garantia, fez matar todos os meninos de dois anos para baixo. Deve-se computar, também, o período durante o qual José e Maria, com o menino Jesus, permaneceram refugiados no Egito, até a morte de Herodes. Essas considerações nos levam a situar o nascimento de Jesus nos anos 7 ou 6 antes de nossa era e, portanto, se não fosse um paradoxo, poderíamos dizer em 7 ou 6 “antes de Cristo”.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL – PROFº GABRIEL FRANCISCO DA SILVA SANTANA
Lidiane Santos
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