EBD | Classe Juvenil – Lição 9 – Ética cristã e sexualidade
Fonte: Gospel Prime
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 8 do trimestre sobre “Valores cristãos”
O homem corrompe o poder quando ao invés de utilizá-lo para administrar o bem comum, utiliza-o para espoliar e oprimir pessoas. Corrompe o dinheiro ou as riquezas quando ao invés de utilizá-lo para transações comerciais lícitas, sustento da família e socorro aos necessitados, usa-o para comprar pessoas, burlar a justiça e pisar os de menor condição social. E o homem corrompe o sexo quando vive-o desregradamente, não obedecendo aos limites morais e aos propósitos para que ele foi criado, apenas para satisfação momentânea da carne.
Se desfrutado legitimamente entre marido e mulher devidamente casados, o sexo pode ser uma benção, e trazer muitas alegrias ao casal. Todavia, sendo praticado fora do casamento, ainda que proporcione prazer momentâneo, tal prática sexual além de constituir-se pecado pode acarretar doenças, gravidez indesejada, culpa e até mesmo violência, além de destruição de casamentos e esfacelamento das famílias. E sendo vivida contra a ordem natural (homem e mulher), a sexualidade pode ainda acarretar degeneração da espécie humana e desarranjo social.
Na Lição de hoje, cujo tema é muito sensível, ressaltaremos o padrão de sexualidade conforme os valores da fé cristã, pautados na Palavra de Deus, a Bíblia sagrada. Bom estudo!
I. SEXUALIDADE: CONCEITOS E PERSPECTIVAS BÍBLICAS
O conceito mais elementar de sexualidade é este: a sexualidade representa o conjunto de comportamentos que concernem à satisfação da necessidade e do desejo sexual [1].
- Sexualidade é criação divina
Deus criou o homem Adão e a mulher Eva com características anatômicas bastante distintas, e no intuito de que ambos se completassem: “serão uma só carne”. Aos que julgam o tema sexualidade ser um assunto “feio”, devemos lembrar que “tudo o que Deus criou é bom” (Gn 1.31; 1Tm 4.4). E não foi o diabo quem induziu Adão e Eva à relação sexual, mas o próprio Deus quem a estabeleceu quando disse: “crescei e multiplicai, povoai a terra” (Gn 1.28).
Já houve noutros tempos quem equivocadamente supôs que o fruto proibido do Éden fosse a prática sexual, a qual, sendo consumada pelo primeiro casal humano, acarretou a maldição sobre a terra. Nada mais estúpido do que tal “interpretachão”! Como veremos no tópico seguinte, a sexualidade foi ordenada por Deus para crescimento da espécie humana e alegria dos cônjuges.
- Um livro bíblico sobre amor e sexualidade
Na Bíblia, inclusive, há um livro cujo teor é altamente romântico e a temática da sexualidade está bastante presente: é o livro dos Cântico dos Cânticos, ou Cantares de Salomão. Inclusive já ouvi uma pessoa dizer em tom bastante agressivo que este “livro profano e imundo” não deveria estar na Bíblia. Novamente, pura estupidez. A exaltação do amor conjugal é tão aprovada por Deus, que Ele concedeu entre os sessenta e seis livros da Bíblia um espaço exclusivo para isto. Não poucos casais cristãos hoje estão precisando revisitar Cantares de Salomão para reacender a chama que se apagou.
E para os que se consideram mais conservadores e evitam lidar com a temática sexualidade em Cantares de Salomão, preferindo optar por aquela velha interpretação tipológica que diz que Cantares de Salomão é uma alegoria do amor de Deus por Israel ou do amor de Cristo pela Igreja, é preciso dizer que nem contextualmente nem exegeticamente essa interpretação se sustenta (embora eu não negue que haja espaço para alguma abordagem alegórica moderada neste livro). T.D. Gledhill explica a origem do excesso de interpretação alegórica no livro do Cântico dos Cânticos:
“por que se pensou ser necessário reinterpretar as referências explícitas de Cântico dos Cânticos sobre namoro, carícias, beijo, beleza, seios e paixão? A igreja ocidental foi influenciada pela cosmovisão filosófica grega na qual a realidade espiritual se encontra em um plano moral superior, eterno e substancial, enquanto a ordem criada, em um nível inferior, inconstante, sujeito à corrupção e sob juízo. Na religião popular, as funções do corpo são consideradas secundárias, e o próprio corpo é a prisão da alma, de onde esta precisa se libertar para se elevar desprendida à presença imediata de Deus. Mas essa dicotomia não é bíblica. Ela tem levado algumas pessoas da igreja cristã a exaltar a doutrina da salvação à custa da doutrina da criação” [2]
A recomendação aos que leem e fazem uso do livro de Cânticos é: tirem os óculos do falso moralismo, percebam como a sexualidade legitimamente desfrutada é uma dádiva de Deus, e tenham coragem de lidar com este livro poético dentro dos propósitos para que ele foi escrito: celebrar alegre e poeticamente o amor, o romance, a beleza do casamento e a intimidade sexual.
- O cristianismo enaltece a sexualidade do casal
“O cristianismo glorificou o casamento mais do que qualquer outra religião”, diz o crítico literário C. S. Lewis, “e quase todos os poemas de amor mais arrebatadores do mundo foram produzidos por cristãos. Se alguém disser que o sexo em si é algo ruim, o cristianismo irá contradizê-lo imediatamente” [3]. De fato, para o apóstolo Paulo, maior teólogo do cristianismo, trata-se de doutrina de demônios a proibição do casamento e das obrigações que o acompanham (1Tm 4.1-3). Como veremos no próximo tópico, Paulo até desaconselha a abstinência do sexo entre os casais.
É que estamos tão habituados a repreender as práticas sexuais ilícitas que nos acostumamos a ver apenas o lado negativo, enquanto que uma apreciação positiva da sexualidade fica restringida à esporádicos encontros ou seminários para casais aqui e acolá. Creio que este estudo dominical é por demais pertinente para falarmos da beleza da intimidade sexual entre os cônjuges.
II. O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS
A Bíblia, óbvio, não é uma cartilha de sexualidade para alunos secundaristas nem mesmo para casais. Ela não se propõe a responder todas as nossas curiosidades, nem apresentar uma resposta direta à toda forma de relação sexual presente na sociedade moderna, que é “má e adúltera” (Mt 12.39), “corrompida e perversa” (Fp 2.15). Entretanto, o que a Bíblia estabelece, quer seja por uma orientação direta ou por seus princípios imutáveis, é suficiente para nortear o cristão sobre sua sexualidade.
Vejamos os mais elementares propósitos para a sexualidade do casal.
1. Multiplicação da espécie humana
“Crescei e multiplicai, povoai a terra” (Gn 1.27), ordenou o Senhor ao primeiro casal humano. Embora fosse possível para Deus constituir uma família humana sem a necessidade da prática sexual (assim como trouxe Adão à vida a partir do pó da terra, e Eva da costela de Adão), agradou a Deus estabelecer a proliferação da raça humana por meio do intercurso sexual. Isso deve ser levado em conta pelos casais que fazem amor com as luzes apagadas para “Deus não ver”.
Embora hoje a ciência já permita a “fertilização in vitro”, procedimento pelo qual o óvulo feminino pode ser fecundado pelo espermatozoide masculino sem a necessidade da relação entre o homem e a mulher, este procedimento artificial não é nem pode ser padronizado para substituir a relação natural, senão somente como um subterfúgio em casos onde o casal não obtenha êxito sem o auxílio da medicina para gerar filhos.
Ter em mente a frutificação da família humana como razão primeva para a sexualidade não implica dizer que o casal não deva fazer planejamento familiar e que deva considerar pecado todo método contraceptivo. Isto também beiraria a ignorância. Nenhum casal está moralmente obrigado a constituir uma grande família com muitos filhos, afinal, graças a Deus há muitos casais para povoar o planeta, que só hoje chega a quase 8 bilhões de habitantes! Na Lição 9, porém, falaremos melhor deste assunto. Em todo caso, filhos, uma vez concebidos, devem ser considerados uma benção de Deus para o casal (Sl 127.3).
2. Satisfação e prazer conjugal
“O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido” (1Co 7.3). Que querem dizer estas palavras do apóstolo Paulo, senão que marido e mulher devem satisfazer-se um ao outro?
No ensino paulino, o compromisso sexual entre os cônjuges deve ser tão sério que Paulo orienta pelo Espírito (“toda Escritura é divinamente inspirada”) marido e mulher a concederem um ao outro o devido direito no que tange à relação sexual. E mais à frente Paulo enfatiza que o homem não tem direito sobre o próprio corpo, mas sua mulher; e a mulher não tem direito sobre seu próprio corpo, mas o marido (1Co 7.4). Isso, óbvio, não deve ser usado para justificar abusos sexuais ou relações não consentidas por um dos cônjuges.
Como dizia Bruce Winter, “o marido tem a obrigação de manter relações sexuais com sua esposa, e a esposa com seu marido” [4]. De tal modo que até mesmo a abstinência do casal por propósitos espirituais não pode se prolongar, “para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio” (1Co 7.5). O adultério ronda as portas de todo casal, e é preciso garantir que propósitos espirituais não sejam mal utilizados para dar lugar à infidelidade.
Ao enfatizar a necessidade da concordância e da curta duração para a abstinência sexual, Paulo está claramente enfatizando a necessidade de sexualidade ativa entre o casal, como forma de se corresponderem mutuamente e se satisfazerem. Sexo no casamento é amor, é alegria, é recreação! Até mesmo a Declaração de Fé das Assembleias de Deus reconhece este propósito da sexualidade do casal:
“Entendemos que o homem é unido sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas também para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa”[5]
Stanley Horton entende que “Paulo não considera as relações sexuais como somente para procriação”. Aquele teólogo pentecostal dizia sobre a relação entre casados: “Visto que no plano de Deus eles são unidos como uma carne, cada um possui o corpo do outro. Nenhum dos dois deve pensar somente em seu próprio prazer ou desejos. Cada um deve interessar-se em satisfazer os desejos sexuais normais, dados por Deus, que o outro tem” [6]. Horton ainda faz um alerta importante para os que cônjuges que gostam de usar o sexo como uma moeda de barganha no casamento: “A abstinência sexual no casamento não deve ser a norma para os cristãos. Nem o sexo deve ser usado para manipular o cônjuge” [7]. Como dizia Paulo aos casados: “Não vos defraudeis um ao outro”, ou seja, “parem de se privar” (1Co 7.5).
O livro de Provérbios, que também traz algumas anotações sobre moralidade sexual, orienta os jovens casados: “Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela” (Pv 5.18,19).
3. Unidade
“…Serão ambos uma só carne” – é o que dizem as Escrituras sobre o homem que se une à sua mulher (Gn 2.24; Mt 19.5,6). Josh McDowell e Erin Davis destacam este propósito na relação sexual quando dissertam assim:
“Como seres humanos, somos dotados de um profundo desejo por intimidade. Ansiamos por nos unir a outros seres humanos e a Deus. O Senhor nos criou com esse desejo. Parte do seu projeto para o sexo inclui satisfazer essa necessidade de relacionar-se de modo pessoal. Está provado cientificamente que o sexo cria um laço entre duas pessoas, mas os níveis mais profundos de união e intimidade só podem ser atingidos com a busca do plano de Deus para o sexo” [8].
Acho que posso ilustrar a base científica à que os autores fazem menção. Quando eu fazia a quinta série do ensino fundamental, tive um excelente professor de Matemática. Ele não era o que chamaríamos de um exemplo de beleza física, mas era um bom homem (até onde pudemos, enquanto alunos, saber). Ele era casado com uma mulher muito bonita, e que também era professora. Às vezes ela até o substituía quando por alguma razão era impedido de dar aulas. Mas o que quero destacar é que nunca me saiu da cabeça (talvez porque como para qualquer adolescente a experiência inusitada marca mais) o dia em que ele (não lembro exatamente o contexto) disse que já tinha namorado algumas mulheres na vida, mas depois que se relacionou sexualmente com sua esposa, seu coração passou a ser só dela.
Creio que é este o ponto que McDowell e Davis destacam com muita propriedade: a relação sexual tem um poder natural de estreitar a intimidade e aproximar mais não só dois corpos, mas duas almas! Agora, como disse na introdução, o homem corrompeu o sexo e de longas eras vê-se um uso promíscuo da prática sexual, na qual não existe nenhum envolvimento para além da troca de fluídos e uma satisfação carnal momentânea. De fato, o sexo como criado por Deus, tende a unir de tal modo um homem e uma mulher – relação heterossexual, diga-se de passagem! – que os dois passam a viver uma união singular, que de nenhum outro modo seria possível, nem mesmo entre amigos mais chegados.
Creio que as palavras de Ortlund Jr. cabem muito bem aqui para finalizar este tópico e introduzir o próximo, quando ele falava da profundidade que é a relação matrimonial, enquanto esta geram uma união singular entre o casal:
“o casamento é a união mais profunda existente entre dois seres humanos (…) ‘Uma só carne’ envolve uma vida inteira, apego exclusivo de um homem a uma mulher em uma vida plenamente compartilhada. O casamento põe uma barreira em torno do marido e sua esposa e destróis todas as barreiras entre eles; eles pertencem inteiramente um ao outro, e somente um ao outro” [9]
III. O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O SEXO
De longas datas a liberação sexual tem estado presente na sociedade. E com elas todas as mazelas que a acompanham: doenças sexualmente transmissíveis e um alto número de mortos em decorrência delas; iniciação precoce da atividade sexual, com meninos e meninas perdendo a inocência da infância e até se colocando como vítimas de pedófilos; gravidez indesejada, com adolescentes cada vez mais cedo virando pais e mães; infidelidade conjugal, com os altos índices de separação ou crimes passionais que se seguem, além da destruição de famílias e abandono dos filhos.
Se os homens obedecessem aos limites estabelecidos por Deus, não sofreriam estas dores. Mas “De que se queixa o homem? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39). Numa sociedade que descartou o valor moral da virgindade, que banalizou o casamento, que ridicularizou a ideia da fidelidade “até que a morte os separe”, que zombou do modelo tradicional de família e exaltou relações nada conservadoras, não é de se surpreender que existam tantas doenças, tantas desavenças nas famílias e tantos crimes de alguma forma ligados à sexualidade desregrada como vemos em nosso país!
- Castidade
O escritor britânico C. S. Lewis comentando sobre a moralidade sexual, dizia que “a castidade é a virtude mais impopular, mas não há como escapar dela; a regra cristã é: ‘Ou o casamento com fidelidade completa ao parceiro, ou a total abstinência’” [10].
Lewis estava certo. Paulo também aconselhava a que todo homem ficasse livre de relação matrimonial, como ele (mas nesse caso, em quanto tempo a raça humana seria extinta?); entretanto, o apóstolo aconselha imediatamente: “mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido” (1Co 7.2). Se Paulo julgava que o mundo de seu tempo era imoral, o que ele diria do nosso mundo hoje? O casamento é também um lugar de refúgio contra a prostituição reinante no mundo de trevas!
Tanto o solteiro quanto o divorciado ou viúvo, devem viver a pureza sexual e “fugir da fornicação” (1Co 6.18), que é o pecado da prática sexual envolvendo pessoas não casadas entre si. Não é fácil quando se é bombardeado de todos os lados por esta “geração perversa” (At 2.40) na qual vivemos, saturada de pornografia e sensualidade. Todavia, a Bíblia ordena que busquemos a santificação (Hb 12.14), sob uma bendita promessa: “os puros de coração verão a Deus” (Mt 5.8). Manter espírito, alma e corpo irrepreensíveis é um desafio para o homem ou mulher de Deus, todavia contamos com a ajuda da Trindade santa e muitos recursos que dela provém para sermos vencedores como José foi vencedor na casa de Potifar! (Gn 39.6-12).
Se vivemos debaixo de uma graça que é superabundante, então podemos sim ser vencedores!
- Fidelidade conjugal
A Bíblia diz que o casamento deve ser honrado por todos, e deve ser mentida “pura a união conjugal” (Hb 13.4, NVT). E há uma ameaça: Deus certamente julgará os impuros e adúlteros.
Os judeus nos dias do profeta Malaquias amargaram a ira de Deus contra eles e tiveram seus sacrifícios reprovados. Embora fossem dramáticos ao oferecer suas ofertas ao Senhor, elas não eram aceitas. Então perguntavam a Deus o porquê, e Ele lhes respondeu:
“Por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade” (Ml 2.14,15)
O apóstolo Pedro disse que se o homem maltrata sua mulher, suas orações podem ser interrompidas (1Pe 3.7). Agora, imagine quão mais grave é a situação quando o homem trai a sua esposa, a abandona ou se separa dela para viver outra relação? Não só o juiz e as testemunhas ouviram o juramento de fidelidade que um cônjuge fez ao outro no dia da celebração do casamento, mas o próprio Deus diz: “fui testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade”. Os olhos de Deus tudo veem e seus ouvidos tudo ouvem, para dar a cada um a retribuição de suas obras! Deus é a principal testemunha do nosso casamento.
Aos que usam o argumento da “incompatibilidade de gênios” ou da paixão que acabou para justificar a separação e ir em busca de uma nova aventura no amor, deixo as sábias ponderações do escritor britânico C.S. Lewis:
“deixar de estar ‘apaixonado’ não precisa significar deixar de amar. Amar (…) não é meramente um sentimento. Trata-se de uma profunda unidade, mantida pela vontade e fortalecida deliberadamente pelo hábito; reforçada pela graça (no caso dos matrimônios cristãos) que ambos os parceiros pedem a Deus e dele recebem. (…) É esse amor o combustível que faz o motor do casamento funcionar; estar apaixonado foi a ignição que deu partida” [11]. Apesar de não ter esposa (como Paulo também não tinha) quando escreveu Cristianismo Puro e Simples (1952)[12], Lewis escreve com muita propriedade sobre o amor perene na relação matrimonial.
Aliás, aproveitando a metáfora deste escritor britânico, vale ainda dizer que mesmo quando o combustível do carro acaba, nós não abandonamos o carro, nem o trocamos por outro; antes reabastecemos o carro e prosseguimos nele. Afinal, não juramos fidelidade ao nosso cônjuge “até que a falta de paixão/amor nos separe”, mas “até que a morte nos separe”. E Deus cobrará por este juramento que fizemos como cobrou dos judeus quatro séculos antes de Cristo!
CONCLUSÃO
Marido e esposa, independente de idade, não podem sentir constrangimento de viverem intensamente a relação conjugal. Aqueles que sofrem desvios morais na área da sexualidade, devem arrepender-se diante de Deus, consertar-se com seu cônjuge e buscar ajuda terapêutica especializada, se necessário, para reacender a chama do amor. É claro, o casamento têm suas estações, e é óbvio que a vida a dois não será uma eterna lua de mel (não se engane com os filmes de romance!). Todavia, tanto quanto for possível e desejado por um dos cônjuges, o devido direito sexual deve lhe ser pago. Uma vida sexual bem resolvida não é a solução para todos os problemas do casal (casamento não se resume ao quarto), mas pode ajudar a fechar muitas brechas, inclusive aquelas pelas quais satanás pretende entrar para semear o adultério. Marido, amai a vossa esposa! Mulher, amai a vosso marido!
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REFERÊNCIAS
[1] Fonte: Wikipédia
[2] T.D. Gledhill. Novo Dicionário de Teologia Bíblica (eds. Alexander & Rosner), Vida, p. 313
[3] C.S. Lewis. Cristianismo puro e simples, Thomas Nelson Brasil, p. 139
[4] Bruce Winter. Comentário Bíblico Vida Nova (eds. D.A.Carson et all), Vida Nova, p. 1761
[5] Declaração de Fé das Assembleias de Deus, CPAD, p. 204
[6] Stanley Horton. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções, CPAD, p. 69
[7] Stanley Horton. Op. cit., p. 70
[8] Josh McDowell e Erin Davis. Verdade nua e crua: amor, sexo e relacionamento, CPAD, pp. 20-23
[9] R.C. Ortlund Jr. Novo Dicionário de Teologia Bíblica (eds. Alexander & Rosner), Vida, p. 615
[10] C.S. Lewis. Op. cit., p. 136
[11] C.S. Lewis. Op. cit., p. 151
[12] C.S. Lewis foi casado entre 1956 e 1960, quando sua esposa, também escritora e poeta, Joy Davidman veio a falecer com uma grave doença. Em 1961, Lewis publicou o livro A Grief Observed (publicado em português pela editora Vida, sob o título A anatomia da dor), onde ele com grande intensidade e sofrimento, revela seu sentimento de indignação após a perda de sua amada, e revela como Deus trabalha em meio a dor.
Lidiane Santos
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