EBD | Classe Jovem – Lição 9 – Seja santo, fuja do pecado

Fonte: Portal da Escola Dominical

2º Trimestre de 2019

Introdução
I-Um Modo de Vida Santificado
II-Fomos Chamados para Sermos Santos
Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Conscientizar da necessidade de um modo de vida santificado;
Mostrar que chamados para sermos santos.

Palavras-chave: Cobiça e soberba.

I. Delimitações ao Prazer Sexual em Levítico

Nesse tópico, analisaremos um livro do Pentateuco (Levítico) que trata de uma época do Oriente Antigo para se falar a respeito da sexualidade. Por isso, se faz necessário a contextualização, tendo em vista o período antigo para ser aplicado ao Novo Testamento e para a contemporaneidade. O texto em estudo faz parte de uma unidade conhecida como Código da Santidade prescrito para regrar principalmente o comportamento sexual do povo hebreu que vivia em um ambiente rural e com formação de grandes clãs familiares. O povo hebreu é escolhido para fazer a aliança com Deus e ser seu representante e o critério de aprovação era não praticar as mesmas imoralidades realizadas pelos povos vizinhos. Para isso, serão abordadas algumas práticas rudimentares, mas que infelizmente, mesmo que em proporções menores, se repete na sociedade atual.

Uma visão panorâmica sobre o livro de Levítico

De início, vem o questionamento: o que um livro da antiguidade pode nos ajudar sobre a sexualidade nos dias atuais? Interessante ressaltar que livros bíblicos do AT, como Levítico, têm despertado interesse não somente nos meios teológicos cristãos, mas de estudiosos de várias áreas, é evidente que em grande número para contestar os princípios defendidos pelo cristianismo. No entanto, quando se fala de sexualidade e religião, seja por um religioso ou não, a consulta ao livro de Levítico é obrigatória. A perícope que iremos estudar (Lv 18.6-24), dentre outros capítulos do livro, é uma das preferidas pela ênfase sobre as práticas sexuais consideradas impuras. Todavia, não se pode desconsiderar que o livro de Levítico precisa ser entendido em seu contexto veterotestamentário, ser aplicado à luz do NT e contextualizado na contemporaneidade.

O livro de Levítico é dividido em duas partes principais: 1) os 15 primeiros capítulos tratam de modo geral de princípios e procedimentos sacrificiais que dizem respeito à remoção do pecado e à restauração da comunhão das pessoas com Deus; 2) os 11 últimos capítulos enfatizam a ética, a moral e a santidade (HARRISON, 1983, p. 12). Para nosso estudo, interessa a segunda parte. Especialmente Levítico 17—26, que formam uma unidade conhecida como o Código de Santidade, relacionado com passagens paralelas como Êxodo 21.13,14; Levítico 11.43,45 e Números 15.37-41. Uma leitura mais acurada de Levítico 18.6-30, no hebraico, nos níveis gramaticais, sintáticos e léxicos demonstrará uma ênfase impositiva marcada pela presença do pronome vós, na segunda pessoa do plural, masculino (vv. 24,26,28,30). O discurso traz como pano de fundo a comparação com os povos que habitavam anteriormente a mesma região geográfica. As proibições sempre foram dirigidas a pessoa no singular, a maioria na 2ª pessoa, masculino, singular. A lição de hoje, dará ênfase no perícope constituída das proibições, que foram escritas na segunda pessoa do singular (vv. 6-23) e no verso 24, que faz da perícope de exortações (vv. 24-30), também redigido na segunda pessoa do singular. A forma como o texto foi construído demonstra o cuidado para destinar a um povo específico e em determinado momento histórico.

Assim sendo, fica evidenciado que o texto trata da aliança do povo israelita com Yahweh, e tem como base o projeto de vida que Ele tem para essa nação que passa a representá-lo diante dos outros povos que estavam distantes do projeto de Deus. Por isso, as proibições e exortações para que os israelitas não se misturem com os demais povos, em especial, com suas práticas. Essa é razão do texto ser conhecido como Código da Santidade. Se o conteúdo for contextualizado, contribuirá com orientações para procedimentos de como santificar a sexualidade aos moldes do projeto de Deus para a humanidade.

Proibição de relações sexuais entre consanguíneos no clã familiar 

Para a maioria dos leitores atuais das proibições das relações sexuais entre parentes consanguíneos e de aliança de Levítico pode parecer desnecessárias, mas ninguém legisla sobre o que não acontece. Os israelitas tinham o estilo de vida nômade devido à vida camponesa e as questões da agricultura ainda não desenvolvidas. A convivência no clã das tribos envolvia as diversas famílias que o compunha. Os clãs eram unidades sociais básicas conhecidas como a “casa paterna”, que incluía entre três a cinco gerações, dezenas de pessoas consanguíneas convivendo juntas. Dessa forma, muitos parentes conviviam juntos em um mesmo espaço e constantemente de encontrando. Esse estilo de vida precisava de um regramento para se evitar excessos no comportamento, inclusive na área sexual. Quando as regras são transmitidas em nome de Yahweh (v.30), o povo da aliança não poderia ter dúvida de que se tratava do projeto divino para relacionamento sexual saudável entre os membros da comunidade.

O texto de Levítico 18.6-18 lista uma série de proibições de prática de relações sexuais, em que se destacam o caso do incesto, ao se repetir várias vezes a expressão “carne de sua carne” ou “qualquer parenta”. As proibições são dadas ao chefe/cabeça do grupo familiar, que tem a responsabilidade pessoal e direta de fazer com que as regras sejam cumpridas e quando não, tomar as providências para amenizar as consequências dos fatos.

Segundo Harrison (1983, pp. 171,172), “as várias proibições abrangem seis graus de parentesco de consanguinidade (vv.7,9,10,11,12,13), e oito de afinidade (vv. 8,14,15,16,17,18). Esses são casos representativos, naturalmente, e não esgotam todas as possíveis combinações ilícitas”. Para ele, a expressão “descobrir a nudez” é um sinônimo de relações sexuais, especialmente para relacionamento fora do casamento considerado genuíno.

As proibições incluíam também a relação sexual com a nora (v. 15), uma vez que mesmo após a morte do marido ou o divórcio, ela continuava sendo considerada como filha da família. A lei do levirato (Gn 38; Dt 25.5-10; Rt 4; Mt 22.23-33) criou uma exceção quando de tratava do casamento com a esposa de um irmão (v. 16). O objetivo era dar continuidade ao nome da família do marido falecido, que morresse sem filhos. Assim, ele teria a sua descendência por meio do irmão do falecido que poderia se casar com a viúva e manter a linhagem familiar com as proles. Outra exceção que acaba acontecendo é o casamento entre sobrinhos e tias: Naor e Milcah, filha de seu irmão Haran (Gn 11.29); Otoniel e Acsa, filha de Caleb (Js 15.17; Jz 1.13), por questões sociais e em situações em que a convivência seria em novo clã. Na época, o relacionamento sexual fora da instituição matrimonial já era proibido (Êx 22.15-16; Dt 22.18-29). O relacionamento sexual com a mãe, e a filha, ou a neta, em quaisquer circunstâncias, também era proibido, considerado prostituição por serem parentes próximas (v.17). Além do relacionamento com a cunhada, enquanto a irmã estivesse viva (v.18). Os antropólogos que estudam essas regras para evitar o incesto nas mais diversas sociedades não chegaram a uma conclusão firme quanto à sua origem. Harrison (1983, p. 173) afirma que: “De modo geral, os antropólogos pensam que as leis que regem o incesto parecem ter surgido ou para impedir os resultados desastrosos da procriação consanguínea, ou como resultado das limitações sobre tal atividade pela população”. No caso de Levítico é apresentado como uma santidade comunitária na área da conduta sexual, no entanto mesmo os mandamentos divinos são reflexos para regramento de comportamentos sociais, econômicos, de saúde, entre outros, para uma saudável e justa convivência em comunidade. Como exemplo dos fatores genéticos das relações incestuosas de primeiros ou segundos graus de consanguinidade.

Para resumir, o texto estudado, aliado a outros como Levítico 20.10-21 e Deuteronômio 23.1; 27.20,22,23 fornecem uma lista de proibições de relações sexuais: a) por consanguinidade:  a mãe, a madrasta ou as madrastas, as esposas dos tios paternos, as tias paternas e maternas (geração dos pais); as irmãs ou meias-irmãs (própria geração); e as netas (segunda geração seguinte); b) por aliança: a sogra ou as sogras, as cunhadas, as enteadas e suas filhas.

Proibição de relações sexuais de origem ritual 

Na antiguidade, existia uma relação muito forte entre a prática sexual e os rituais religiosos. Helminiak (1998, p.50) afiança que nos ritos de fertilidade, cuja “cerimônias supostamente envolviam rituais sexuais que, acreditava-se, traziam a bênção sobre as estações, as colheitas e os rebanhos. Provavelmente, fazer sexo com uma mulher em seu período menstrual era uma suposta prática da cidade de Canaã listada no Código de Santidade”. O versículo 21 parece destoar do restante do texto, pois fala da proibição de oferecer crianças israelitas para o deus cananeu chamado de Moloque (Lv 20.2-5; 2 Rs 23.10; Jr 32.35). No entanto, o contexto é de sacrifício de origem ritual.

A homossexualidade também tem sua relação com rituais religiosos. Essa prática era conhecida no Oriente Próximo desde o tempo antigo como forma de satisfação carnal. Harrinson (1983, p. 176) assevera que “tais atividades entre indivíduos do mesmo sexo parecem ter desempenhado algum papel na adoração cultual mesopotâmica, conforme é sugerido pelos deveres dos sacerdotes Assinnu e kurgarrú da deusa do amor e da guerra, Istar”. Os sacerdotes com objetivo de servir a deusa do amor e da guerra se tornavam eunucos. “Práticas sacrohomossexuais e a prostituição feminina dentro do contexto cultual eram, provavelmente, bem estabelecidas em todo o Oriente Próximo antigo antes de os israelitas ocuparem Canaã”. Helminiak (1998, p. 49) assevera que “O Levítico condenava o sexo homogenital como um crime religioso de idolatria e não como uma ofensa sexual, e era esta traição religiosa o que era considerado grave o suficiente para merecer a pena de morte”. No entanto, não se pode desconsiderar a promiscuidade sexual. Na realidade, era utilizado o pretexto religioso para fazer uso de práticas sexuais em busca de prazer.

A homossexualidade é um tema pouco abordado na igreja, mas está presente no seu cotidiano. O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo era conhecido como “homossexualismo”, definido pela medicina a partir do século XIX como uma doença fisiológica. Freud, no século XX, tratou como um desvio no desenvolvimento sexual, uma anormalidade funcional do ser humano. Até 1973, o conceito de doença física ou de ordem mental foi mantido. Todavia, neste ano, a Associação Psiquiátrica Americana (APA) desconsiderou a homossexualidade como uma patologia e passou a considera-la como uma orientação sexual. Assim, para a sociedade o conceito depende de uma construção sociocultural. Todavia, na Bíblia essa prática sempre foi condenada. Nos textos do AT, a homossexualidade era condenada de modo uniforme como abominação contra o projeto de vida de Yahweh, que era de geração de vida e não ao que se prestava à concupiscência da carne. Tanto que a condenação para tal prática era a pena de morte (Lv 20.13), o que demonstra a seriedade com que era tratado o assunto. No NT, entre outros textos que condenam a prática estão Romanos 1.27, 1 Coríntios 6.9 e 1 Timóteo 1.10.

Outra prática condenada era a bestialidade (v.23), que era comumente praticada entre os heteus, os babilônios, os egípcios e os cananeus. Em sentido contrário ao projeto de criação de Deus, conforme estudado em lições anteriores, em que o ser humano foi criado para dominar e preservar o restante da criação, podendo se relacionar sexualmente somente com sua própria espécie. A bestialidade era praticada por seres humanos em busca de prazeres nas relações sexuais com animais. Da mesma forma que outras práticas sexuais aqui descritas, a bestialidade também era punida entre os hebreus com a pena de morte (Êx 22.19; Lv 20.15,16).

Interessante ressaltar que a abordagem dada para o assunto não é puramente de condenação as pessoas que praticam tais práticas. A reprovação bíblica é para a prática, o que não significa a rejeição das pessoas que as praticam, Deus sempre deixa o caminho aberto para todas as pessoas que se aproximam dEle.

1.1 Delimitação do Prazer Sexual no Âmbito do Casamento 

Nesta seção será destacada a diferença na interpretação do adultério pelas questões culturais entre o mundo bíblico e a contemporaneidade. Na sequência, será abordada a orientação paulina quanto à necessidade de santidade sexual também no âmbito do casamento.

O adultério no Antigo Testamento 

Ainda considerando o texto estudado anteriormente sobre Levítico, extraímos o versículo 20 que trata exclusivamente sobre o adultério. A intenção é destacar a titulo de exercício pedagógico que o adultério era condenado tanto no Antigo Testamento como também no Novo Testamento e na contemporaneidade, mas que existem as diferenças culturais que são interessantes para conhecimento sobre parte da história do sexo.

O entendimento do adultério no Antigo Testamento era diferenciado do que conhecemos no Novo Testamento e o conceito atual, pois as culturas e o contexto social, econômico e político era outro. No AT, o adultério era considerado como sendo o ato sexual entre uma mulher casada ou noiva e um homem que não era seu marido. O ato não era uma ofensa apenas contra o marido, mas também envolvia prejuízo financeiro. Na cultura da época, a mulher era considerada uma espécie de propriedade do marido, pois era comprada por um dote pago ao seu pai. Além de ser a garantia do enriquecimento da propriedade do marido com a expansão da família, considerada mão de obra para os trabalhos nas propriedades da família. A pena para o esse delito era a morte (Lv 20.10; Dt 22.22). Portanto, a lei era severa contra o pecado do adultério no Antigo Testamento. O pastor Esequias Soares afirma que, todavia, ao longo do tempo essa regra foi se afrouxando:

Alguns princípios da lei de Moisés jamais foram observados, como, por exemplo, o ano do jubileu (Lv 25.8-55) que, à luz de 2 Crônicas 36.21, o povo havia esquecido. Com relação ao adultério, parece que nos primeiros séculos da história de Israel essa punição foi se afrouxando e aos poucos deixou de ser observada, salvo em casos esporádicos. No livro do profeta Oseias tem-se a impressão de que essa prática estava abandonada no reino do Norte, mas o profeta Ezequiel ainda menciona essa sanção da lei mosaica (16,38-40). No período interbíblico, segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, essa prática deixou de ser observada (p. 482). O episódio da mulher adúltera, registrado em João 8.1-11, foi uma anomalia. A lei existia, mas ninguém ousava colocá-la em prática. Os escribas e fariseus pressionaram a Jesus, com o único objetivo de atingi-lo. A aplicação dessa lei era logo anormal, e, além disso, a Ele trouxeram apenas a mulher, ignorando o seu parceiro, o que também contrariava os princípios legais. Quando essa disciplina foi totalmente abandonada, é assunto obscuro. […] Por causa da influência pagã, os judeus não executavam os adúlteros. (SOARES, 2017, p. 61)

Como visto, o tempo encarregou-se de abrandar a penalidade contra a prática do adultério, mas continuava sendo considerada uma atitude veemente reprovada pela comunidade judaica, principalmente quanto à mulher. O objetivo da prescrição era o reforço aos valores familiares, visando a sua estabilidade e segurança, além das questões econômicas já citadas.

A vontade de Deus é que o cristão se abstenha da prostituição 

Uma das questões que são recorrentes quando se fala sobre a prostituição mencionada na Bíblia é com relação ao seu conceito, quanto a expressão grega que é traduzida para o português. Dois termos são utilizados para definir as relações sexuais ilícitas: porneia e moicheia. Porneia trata o tema de maneira mais genérica e, geralmente, não é muito específica, dependendo unicamente do contexto para se induzir a tradução, por isso se percebe nas diversas traduções. Ela pode ser utilizada para se referir à prática sexual ilícita entre pessoas solteiras, como para outras práticas sexuais condenadas na Bíblia: pessoa casada com uma solteira (Mt 5.32; 19.9); qualquer tipo de imoralidade sexual, entre outras (1 Co 5.11; 6.9; 7.2; Gl 5.19; Ef 5.3; Cl 3.15). Quando utilizado o verbo porneuo tem o sentido de imoralidade sexual de forma genérica. Dentre as traduções possíveis, o termo porneia também é traduzido por adultério. No entanto, mais apropriado por ser específico para essa tradução é o substantivo moicheiae o verbo moicheuo. Desse modo, de forma resumida, o substantivo porneia não tem um significado específico, portanto utilizado de forma genérica para identificar várias práticas de promiscuidade sexual, enquanto o substantivo moicheia é utilizado de forma mais específica para identificar o adultério, que envolve no mínimo uma pessoa casada.

Em 1 Tessalonicenses 4, Paulo faz um apelo incisivo “rogamos e exortamos no Senhor Jesus”. Ele reconhece a comunhão de irmandade com os tessalonicenses, como família de Deus, demonstrando assim o amor com que adverte a comunidade, com vistas à santificação e preparação dos seus membros para viver segundo a vontade de Deus. Ele o faz para demonstrar o quanto é importante e sério o que tem para falar na sequência, considerando o seu zelo com o evangelho. O líder nessa situação, às vezes, fica tenso porque sabe que a palavra pode não agradar e não ser o que os expectadores esperam, mas tem a certeza de que é o que eles precisam ouvir para se livrarem da perda do sentido da vida.

A advertência de Paulo era para que se lembrassem das orientações já recebidas anteriormente, visto que alguns estavam desfazendo do que ele havia ensinado e seguindo caminhos diferentes, fora do projeto de Deus. 1 Tessalonicenses 4.2 afirma “porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus”. Assim, Paulo chama a autoridade dada por Deus para deixar claro que não era coisa de sua cabeça, mas algo vindo diretamente do Espírito de Deus devido ao seu cuidado de orientar seu povo no caminho a ser seguido. Então, não era uma questão de capricho pessoal, ou seja, de que suas palavras teriam que ser ouvidas devido à sua liderança eclesial. A preocupação de Paulo era de que as pessoas deviam seguir as orientações dadas porque eram importantes para a manutenção da salvação. Em uma situação como essa, um líder sofre devido à sua responsabilidade e comprometimento com o Reino de Deus; sabe que não tem como exigir que as pessoas façam exatamente o que lhes recomenda; sabe que se não fizerem terão um prejuízo significativo na vida espiritual e as consequências definirão seu destino eterno. No entanto, o líder tem que fazer o que está ao seu alcance, alertar, neste caso, até rogar e exortar, esperando que alguns deem ouvido à palavra dita.

Quando Paulo diz a maneira como convém andar e agradar a Deus, se refere à conduta pessoal, o estilo de vida e o comportamento tanto entre a comunidade de fé como na sociedade em geral. Isso estando o cristão presente ou na ausente (Fp 1.27), pois feliz é aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos (Sl 128.1). Essa felicidade não é ausência de conflitos e sofrimentos (Jo 16.33), mas é a convicção de que estando no caminho do projeto de Deus, no final, tudo será de acordo com a vontade. Portanto, vale a pena superar as tentações de agradar o mundo e andar pelo caminho que agrada a Deus, mesmo que pareça o mais difícil, pois quem ama o mundo o amor de Deus não está nele (1 Jo 2.15).

As delimitações sexuais no matrimônio cristão 

Paulo, depois de rogar e exortar com veemência para receber a atenção dos seus ouvintes, apresenta o assunto que considera fundamental para se andar de acordo com a vontade de Deus. Ele não estava falando simplesmente por falar, por certo, distorções estavam havendo no seio da comunidade que se dizia cristã e representante de Deus na terra. Ele apresenta qual é a vontade de Deus: “a vossa santificação”. O cristão pode perguntar se a Bíblia nos garante a justificação por meio da fé em Cristo, porque a exortação de se santificar? Quando a pessoa se entrega a Cristo, reconhecendo como seu Senhor e como o meio de religação com Deus, imediatamente é justificado. Evidente, que não são por seus méritos, mas pelos méritos de Cristo, simplesmente pelo reconhecimento de seu sacrifício, confissão e submissão diante de Deus. Todavia, uma vez tornado santo, essa situação para ser mantida depende da atitude da nova criatura formada por meio do poder do Evangelho de Cristo. Nesse momento, a santificação se torna um processo contínuo na vida do cristão. Se não fosse assim, não haveria motivo para Paulo exortar os tessalonicenses para cuidar com a vontade de Deus, que era a santificação 1.

Na sequência, Paulo explica no que eles deveriam se santificar. Entende-se que nessa área específica é que havia distúrbios de comportamento, considerando a maneira correta de se portar, conforme Paulo já havia mencionado de ensinos anteriores. Ele especifica: “que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra, não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus”. O relatório recebido de Timóteo devia apontar que práticas de promiscuidade sexual estavam sendo cometidas, a exemplo do estilo de vida de seus patrícios, que não andavam segundo a vontade de Deus, mas de acordo com suas próprias concupiscências, comum no ambiente greco-romano (homossexualismo, abusos sexuais, orgias, pedofilia, entre outras práticas). Elinaldo Renovato faz menção às dúvidas de alguns cristãos sobre as práticas sexuais permitidas em relação ao que o mundo secular pratica. Renovato (2005, pp. 78,79) afirma que o cristão “não deve imitar os ímpios, cuja prática sexual envolve um comportamento lascivo, que pode ser comparada à prostituição, onde se praticam todo tipo de abominações e outras formas não naturais de sexo, contrariando o princípio da santidade (ver Ct 2.6 e 8.3)”.

O que chama mais atenção na advertência é que Paulo não esta falando de um ambiente externo ao lar, ele fala de “possuir o seu vaso em santificação”. Existem duas interpretações possíveis nesta afirmação: a) o vaso como o corpo do cônjuge, como em 1 Pedro 3.7 “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações”; b) como o próprio corpo do cristão (Rm 6.13; 1 Co 9.27). Independente da interpretação específica do texto, as duas situações são impactantes e devem ser observadas, pois os dois conceitos são previstos nos textos referendados, portanto um mandamento bíblico. No primeiro caso, aprendemos que o fato estar casado não dá plena liberdade para se fazer sexo com o cônjuge como queira. Faz-se necessário que seja com entendimento, respeito e devida honra. Não como se fosse um objeto de prazer que deve estar ao seu comando pessoal. Infelizmente, existem estupros e abusos sexuais dentro do próprio matrimônio. Pessoas, que estão se condenando dentro das quatro paredes de seu quarto, oprimindo o seu cônjuge como se fosse sua propriedade exclusiva de prazer de forma incondicional. O segundo caso, já foi abordado em outros pontos do livro, é a entrega do corpo que foi separado a Deus para cometer imoralidades sexuais fora do casamento. Os dois episódios são condenados pela Bíblia. Portanto, dentro do próprio casamento também há delimitações no comportamento sexual.

*Adquira o livro do trimestre. NEVES, Natalino. Cobiça e Orgulho: Combatendo o desejo da Carne, o Desejo dos Olhos e a Soberba da Vida. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.