EBD | Classe Jovem – Lição 7 – O Genuíno Culto Pentecostal
Fonte: Portal da Escola Dominical
Introdução
I-As Reuniões do Povo de Deus em Atos
II-Ordem e Decência no Culto
III-A Musicalidade Dentro do Culto Cristão
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Saber como eram as reuniões do povo de Deus em Atos;
Conscientizar de que é preciso manter a ordem e decência no culto;
Reconhecer a importância e o papel da música dentro do culto cristão.
Palavra-chave: Pentecostes.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Alexandre Coelho:
Introdução
Os diversos cultos existentes no mundo buscam, ainda que indiretamente, uma forma de conectar o ser humano com o sobrenatural, e a adoração está no script de todas as formas religiosas. No Antigo Testamento, o Deus vivo e verdadeiro é adorado e louvado por suas obras, atributos e misericórdia, e essa adoração, que é feita por aqueles que o amam e o temem, tem princípios que não podem ser desprezados. Os hebreus cantavam, guardavam dias e semanas, oravam e jejuavam, ouviam e recitavam a Lei com o objetivo de mostrar àquela geração e às futuras que o Deus de Israel era o único Deus e que Ele jamais aceitaria dividir sua glória com algum outro ser que fosse adorado pelos homens.
No Novo Testamento, o culto a Deus é apresentado como tendo várias peculiaridades. Os seguidores de Jesus são chamados a entender que a adoração a Deus começa antes mesmo do culto coletivo. A ordem e a racionalidade são elementos necessários para que Ele seja efetivamente glorificado. As reuniões eram feitas em nome de Jesus, e não de qualquer outro nome. César, por exemplo, por mais poderoso que aparentasse ser, não era considerado como o Senhor.
Os pentecostais reuniam-se e reúnem-se em nome de Jesus para celebrar cultos ao Senhor Deus. Nesses cultos, podemos ver curas, batismo no Espírito Santo, salvação e libertação de pessoas. É sobre o culto pentecostal que trataremos neste capítulo.
I – AS REUNIÕES DO POVO DE DEUS EM ATOS
Reuniões com Oração
Uma das características dos cultos realmente pentecostais é a oração. A visão pentecostal é que a oração deve ser uma atitude constante, e essa prática é vista nos cultos feitos nas casas, nos templos e em quaisquer outros ambientes onde os servos de Deus podem reunir-se de forma pacífica, como colégios, quartéis, etc. Em Atos 2, Lucas mostra que os discípulos de Jesus não estavam comemorando a data festiva do dia de Pentecostes. Não cremos que é errado celebrar uma data pátria ou festiva como, por exemplo, aniversários, casamentos ou um feriado nacional. No Antigo Testamento, o próprio Senhor instituiu ocasiões de celebrações nacionais para os hebreus. Não era ilícito comemorar o dia de Pentecostes, e os seguidores de Jesus não seriam condenados se estivessem comemorando; os crentes em Jerusalém, contudo, estavam em oração quando foram cheios do Espírito Santo.
Orar é tão importante que o Senhor Jesus não apenas o fazia com frequência, mas também nos ensinou a fazê-lo. Ele orou até o momento em que entregou o espírito a Deus. O Senhor não depende de nossas orações para agir em certas ocasiões, mas Ele espera que seu povo ore e faça da oração uma prática. A oração de Saulo foi tão importante que Ananias, o discípulo de Jesus em Damasco, foi orientado pelo próprio Senhor a que fosse à rua chamada Direita procurar pelo perseguidor, que estava orando (At 9.10-17).
As orações nos cultos são importantes. Quando o povo de Deus está reunido em um único propósito, Deus opera de forma sobrenatural. Por exemplo: quando Pedro e João compareceram diante do Sinédrio, eles foram ameaçados pelos líderes judeus; e o que foi que a igreja fez? Procurou a ajuda de Roma? Não. Sujeitou-se às exigências dos líderes judeus? Tampouco. O que a igreja fez foi isto: ela reuniu-se para orar. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). Isto foi o que aconteceu após o momento de oração: todos foram cheios do Espírito Santo e tiveram ousadia de proclamar a Palavra de Deus. Não nos parece que essa ousadia tenha sido fruto de qualquer outra coisa, senão o resultado da oração em grupo daqueles cristãos que antes estavam amedrontados e que trouxeram a Deus a perseguição que estavam sofrendo. A oração faz a diferença.
Reuniões com Temor de Deus
Pentecostais creem que o verdadeiro culto precisa ser feito com temor do Senhor. Por temor, entendemos o respeito devido à presença do Eterno. Temor não é medo, muito menos pavor. Diante da santidade de Deus, o ser humano deve chegar com quebrantamento, mas também com confiança, lembrando-se de que não há mais separação entre nós e o Pai. Um hino batista diz: “Santo, Santo, Santo! Nós, os pecadores, não podemos ver tua glória sem temor”; é uma importante menção de que o temor por parte dos homens diante de Deus é necessário.
Nem todas as pessoas, entretanto, têm a consciência de que, ao ir para um culto, estão diante de Deus. Jesus garantiu: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” (Mt 18.20); essa presença, porém, nem sempre é respeitada. O livro de Atos mostra, pelo menos, duas ocasiões em que a presença de Deus em uma reunião foi tida como de menor importância. Ananias e Safira, sua esposa, tentaram enganar os apóstolos na hora da oferta, e Lucas registra a consequência da falta de temor daquele crente desta forma: “[…] Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram” (At 5.4b-5).
Não havia uma exigência para que as ofertas fossem entregues integralmente. O ato de ofertar deve vir do coração, que foi justamente a parte de Ananias que o apóstolo Pedro, por revelação do Espírito Santo, diz que foi cheia por Satanás.
É incrível como o ato de trazer recursos financeiros para o santuário muitas vezes afasta-nos do temor do Senhor, seja quando fechamos o nosso coração às contribuições, seja quando queremos mostrar aos outros o quanto supostamente somos generosos. Oferta é a expressão de voluntariedade financeira; Ananias, no entanto, tentou enganar a Deus e pagou um alto preço por sua falta de temor.
O outro caso é o de Simão, o mágico, que, em um culto, tentou comprar o dom do Espírito Santo ao ver Pedro impondo as mãos sobre as pessoas e essas mesmas pessoas sendo cheias do Espírito de Deus. Ele ficou tão empolgado quando viu que um poder sobrenatural estava com Pedro que quis adquirir tal capacidade. Simão foi duramente repreendido por Pedro por sua falta de respeito ante a manifestação do poder de Deus (ver At 8.9-25).
Reuniões com Exposição da Palavra
A oração e o temor no culto pentecostal é tão importante quanto a exposição da Palavra de Deus. Não pode ser compreensível um culto em que o Senhor está presente apenas nos momentos de oração e de cânticos e ausente no momento da pregação. Por isso, a pregação deve ser levada a sério não apenas na escolha do texto a ser trabalhado, mas também na forma como a exposição ocorre. A Igreja Primitiva lia o Antigo Testamento e consultava-o para falar do Senhor Jesus e de sua obra. Vemos isso no discurso de Estêvão (At 7), um diácono cheio do Espírito de Deus e que, diante do sumo sacerdote, falou de Jesus utilizando a história de Israel, retirada do Antigo Testamento.
Adoração é muito importante no culto, e isso é inquestionável. Não podemos, entretanto, esquecer que Deus fala por meio da pregação de sua Palavra, ampliando a interação e a comunhão com Ele no culto.
Adorando a Deus com as Finanças
Adoramos ao Senhor quando trazemos a Ele as “primícias de toda a [nossa] renda” (Pv 3.9). É oportuno tratar aqui de um assunto que nem sempre é visto como integrante da nossa adoração: as contribuições financeiras que fazemos para a obra de Deus.
Uma das mais ricas oportunidades que o ser humano tem de demonstrar que não é dominado pela ganância é quando ele entende que seus recursos financeiros, recebidos de Deus, são um presente dEle para que administremos de forma sábia e altruísta.
Nossas ofertas e dízimos fazem parte, sim, da nossa adoração. Quando os trazemos ao altar do Senhor, estamos mostrando a quem servimos: se a Deus, que nos concede a oportunidade de termos recursos para nossa subsistência, ou ao dinheiro, que se torna um deus para muitos. O próprio Senhor Jesus personificou o dinheiro quando disse que não poderíamos servir a dois senhores, a Deus e a Mamom. Ou adoramos a Deus, ou fazemos do dinheiro o nosso deus, e é justamente no culto que podemos mostrar a quem devotamos os nossos recursos.
II – ORDEM E DECÊNCIA NO CULTO
Cultos e Liturgia
A palavra liturgia parece causar em algumas pessoas a impressão de que um culto público está sob o comando de homens, e não de Deus. A verdade é que o culto cristão não está isento de uma forma, de uma sequência de atos que refletem uma organização inteligente, digna da adoração a Deus. Nos cultos, temos oração, cânticos, meditação da Palavra, testemunhos, ofertas, pregação da Palavra e anúncios para a congregação. Cada um desses elementos tem sua importância e podem variar na ordem apresentada, mas todos são importantes.
O culto pentecostal não é desprovido de uma liturgia. Essa palavra é oriunda de leitourgeion, do grego, de onde vem a nossa palavra liturgia e que traz a ideia de um serviço público feito às próprias expensas. Leitourgeiontambém é traduzida como ministério. Ela aparece em Atos 13 quando nos é dito que, na primeira igreja mista, Antioquia, havia profetas e doutores, e, “servindo eles ao Senhor e jejuando”, o Espírito de Deus ordenou que Saulo e Barnabé fossem separados para uma obra que o Senhor já lhes reservara.
Os discípulos de Jesus estavam servindo (leitourgeion), e o Espírito de Deus falou com eles sobre o que Ele desejava fazer: separar obreiros para a obra missionária. É notório que, quando Deus encontra um ambiente de serviço no culto, tanto para Ele próprio quanto o serviço de uns aos outros, não há impedimento para que Ele fale e seja obedecido. Não encontraremos dificuldades para cumprir o que o Senhor projetou para nós quando nosso culto é baseado no ato de servir, e não no de ser servido. Somente o Espírito de Deus pode trazer esse sentimento aos nossos corações.
O Uso do Intelecto Associado aos Dons
O Senhor espera que utilizemos o nosso pensamento na hora de adorá-lo e servi-lo. Nosso culto precisa ser racional, ou seja, precisamos usar a nossa inteligência para louvarmos de forma consciente e para entendermos a palavra que será ministrada. Um cristão não deixa seu cérebro do lado de fora do templo quando vai adorar ao Senhor. Na verdade, utiliza-o ainda mais, tendo em vista que o seu intelecto estará sujeito às orientações de Deus e que ele vai buscar pensar como Cristo pensou, tendo a mente de Cristo.
Cada momento da nossa celebração tem sua importância. A Palavra de Deus, explanada com a ajuda do Espírito, confronta-nos com nossas falhas e faz com que possamos viver de acordo com o que o Senhor planejou. Com os dons sendo manifestados, a igreja local é edificada e aprende como lidar sabiamente com eles.
O Espírito do Profeta É Sujeito ao Profeta
Ainda dentro da obrigatoriedade de utilizar-se o intelecto na celebração, Paulo diz que cada pessoa deve controlar seus impulsos, utilizando justamente como exemplo aqueles que têm o dom de profetizar. Esse dom, de extrema importância na comunhão dos santos, deve ser administrado de forma que o culto não se transforme num espetáculo particular de superioridade espiritual. “Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas (1 Co 14.31,32).
A orientação paulina é clara no que tange a manifestações de profecia no culto ao Senhor. Há grupos cristãos que, acreditando que o dom de profetizar é somente a pregação da Palavra de Deus, não apenas impedem que haja profecias genuínas na igreja, como também ensinam que esse dom cessou. O apóstolo Paulo, porém, fala usando o tempo no presente: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Paulo não diz que eram sujeitos e que não seriam mais depois do terceiro século de nossa era.
A orientação de Paulo tem por objetivo trazer ordem ao culto. O Deus dos dons espirituais também é o Deus de paz, e o culto prestado a Ele precisa ser pacífico: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1 Co 14.33).
A mensagem profética trazida a um homem ou mulher de Deus não é desculpa para que o momento de culto torne-se desregrado ou, então, com manifestações condenáveis na Palavra de Deus. Cada pessoa pode e deve controlar suas emoções quando usadas com os dons espirituais. O ímpeto do Espírito não se confunde com uma reação humana que não glorifica a Deus.
Adorando a Deus em Espírito e em Verdade
O ato da adoração é apresentado na Bíblia como o reconhecimento da grandiosidade de Deus acompanhado da vontade em andar de acordo com as orientações divinas. Mais particularmente, no Novo Testamento, João descreve um relato de uma conversa entre Jesus e uma mulher samaritana. O local era o poço de Jacó, onde as pessoas dirigiam-se para extrair água. Jesus conversou com aquela mulher sobre a salvação. No decorrer da conversa, ela quis saber sobre o lugar onde se deveria adorar a Deus. Os samaritanos tinham seu lugar de adoração há séculos. Em sua doutrina, só aceitavam o Pentateuco judaico, rejeitando os profetas e demais livros. Na ótica daquela mulher, o foco da adoração reflete a mesma visão que muitas pessoas têm: o local onde se adora é o elemento mais importante na adoração.
Jesus responde que os samaritanos adoravam o que não sabiam e que a salvação vem dos judeus; e acrescenta: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23). A adoração, que antes estava enquadrada numa teologia que privilegiava os lugares, agora tem um caráter pessoal: em espírito — não uma ideia pálida de quem é Deus — e em verdade, pois Ele já se revelou em Jesus. Nossa adoração deve refletir esse princípio. Precisamos adorar ao Senhor de forma realmente espiritual, como novas criaturas, divorciados das regras que regiam nossa forma antiga de viver.
*Adquira o livro. COELHO, Alexandre. O Vento Sopra Onde Quer: O Ensino Bíblico do Espírito Santo e sua Operação na Vida da Igreja. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Lidiane Santos
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