EBD | Classe Jovem – Lição 4 – A Presença de Deus no Deserto
Fonte:Portal da Escola Dominical
1º Trimestre de 2019
Introdução
I-A Nuvem e a Coluna de Fogo
II-O Início da Caminhada
III-Deus Levanta Cooperadores
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Mostrar como Deus se manifestou no deserto, e como os hebreus, a princípio, obedeceram voluntariamente o mover da nuvem e da coluna de fogo;
Explicar como foi o início da caminhada no deserto e os primeiros pecados do povo;
Compreender como Deus orientou a Moisés para que ele escolhesse setenta cooperadores.
Palavras-chave: Peregrinação no deserto.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Reynaldo Odilo:
INTRODUÇÃO
Caminhando com Deus, pelo deserto, o povo foi conhecendo o caráter de Deus à proporção que seguiam rumo a Canaã. Ele colocou uma nuvem ou uma coluna de fogo, se fosse dia ou noite, respectivamente, para indicar o caminho a seguir e proteger seu povo. Interessante notar que a presença de Deus não ficou estagnada, mas se movia livremente de um lugar para outro, sem nenhum padrão previamente definido, parecendo-se muito com o que acontece com a Igreja do Senhor.
Ao observar a história da Igreja, nos últimos 2.000 anos, é impressionante perceber como Deus “se move” no aspecto geográfico, mudando de nação em nação e de cultura em cultura, pois Ele “anda” em busca daqueles que o querem, que o procuram, que clamam por socorro. Paulo endereçou muitas de suas cartas a igrejas que, atualmente, não existem mais. Em um reduzido espaço de tempo, a fé evangélica se espalhou por toda a Europa, dominando a região por cerca de um milênio; hoje, porém, em que pese existirem veementes vestígios de cristianismo em vários lugares, a maior parte das catedrais construídas servem apenas para visitas de turistas. Denomina-se a Europa como sendo um continente pós-cristão.
Nos últimos anos, o cristianismo tem florescido vigorosamente na África, Ásia e também na América Latina, de maneira que menos de 1/3 dos cristãos estão na América do Norte e Europa, situação bem distinta há pouco tempo. Como explicar essas mudanças bruscas em certas regiões e por que há tantos países que deixaram de ser cristãos? Interessante que pouco se ouve falar em países que deixaram de seguir o Islã!
O que ocorre é que Deus é muito educado. O Altíssimo permanece ao lado daqueles que se achegam a Ele (Tg 4.8). O Todo-Poderoso nunca impõe o seu Reino de cima para baixo, coercitivamente, pela força das armas da guerra, como os islamitas o fazem! Em Apocalipse 3.20, o próprio Senhor Jesus demonstra a longanimidade de alguém que espera pacientemente pelo pecador. Não há uma única ocasião em que Deus exigiu ser amado por qualquer povo, mas Ele sempre convida as pessoas à conversão. Tudo que se faz para Deus precisa ser voluntário.
O que se tem visto, em regra, é que a cosmovisão judaico-cristã oferece certo nível de conforto e prosperidade às sociedades, e isso acontece porque as Escrituras preconizam um conjunto de comportamentos que impregnam justiça, bondade, mansidão, gratidão, solidariedade, à maneira de viver do grupo social. Nesse diapasão, Thomas Henry Huxley (1825-1895), um famoso cientista inglês, com precisão cirúrgica, vaticinou que a “Bíblia tem sido a Carta Magna dos pobres e dos oprimidos” e que “nenhum país tem tido uma constituição em que os interesses dos povos sejam tão largamente considerados”, fato corroborado por Ulysses Grant, que defende que devemos à Bíblia todos “os progressos que temos feito em nossa civilização”.1 Ocorre, entrementes, que quando as condições de vida melhoram, o progresso chega, e as bênçãos celestiais são derramadas, os indivíduos se esquecem de Deus. A partir de então, “eles vivem do capital moral do passado. Enquanto isso, Deus segue adiante em silêncio, para um lugar que sente mais necessidade dele”.2
Nesse ponto da caminhada, porém, um ano depois da saída do Egito, os hebreus estavam ávidos por Deus e, assim, o Senhor os acompanhava numa coluna de fogo nas noites do deserto e, durante os dias, sob o sol escaldante de um dos lugares mais quentes do mundo, uma monumental nuvem trazia refrigério para milhões de pessoas, propiciando uma temperatura agradabilíssima para viver e para caminhar.
Mister lembrar que a região por onde trafegavam possuía aproximadamente 56.000 km² de deserto, sendo amplamente estéril, com poucos assentamentos nos tempos antigos, e estes de duração bastante curta. O solo era duro e repleto de pedras que, quando tocadas com força ou atritadas com metal, produziam centelha com facilidade, e o período de chuva durava cerca de 20 dias, com neblina e orvalho ocasionalmente.3
Conhecendo esse cenário, compreende-se o porquê da manifestação da presença de Deus através de uma nuvem e de uma coluna de fogo. Como sobreviveriam quarenta anos num ambiente desse, sem a ajuda de Deus? Eles desejavam os benefícios do Senhor e, por isso, Deus se movia no meio do povo. Quanto privilégio ser cuidado pelo Onipotente!
I – A NUVEM E A COLUNA DE FOGO
1- A Presença Contínua
A nuvem surgiu, pela primeira vez, quando eles atravessavam o mar. Depois no Sinai e também quando Moisés fez uma tenda, e ali buscava a Deus; por fim, quando o Tabernáculo foi levantado. A partir de então, a presença de Deus era contínua, de maneira que, quando a nuvem se elevava acima do Tabernáculo, os filhos de Israel reiniciavam a sua jornada. Os milhões de peregrinos que estavam ao redor do Tabernáculo, nas suas respectivas tribos, entenderam perfeitamente que se tratava de uma manifestação divina.
Está escrito que “Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo” (Nm 9.16). “Deus prometeu prover uma nuvem para guiar os viajantes e para lembrá-los de sua presença contínua.” Interessante que Deus, embora nunca se apresente fisicamente, mas permaneça invisível, sempre deixa sinais de que se conserva junto do povo. Jesus disse que os discípulos não o veriam mais, entretanto assegurou: “[…] eu estou convosco todos os dias […]” (Mt 28.20). A maravilhosa presença do Senhor traz a sensação de amparo, proteção, segurança. Dessa forma, o Senhor demonstrava a todos que cumpria a promessa de sua presença inafastável. De fato, qual o filho pequeno que não necessita que seu pai sempre esteja por perto?
Na verdade, embora os seres humanos desejem autonomia para crescer (esse sentimento é inato a todos) e se tornar independentes, os pais sempre veem os filhos como meninos (parece que os filhos nunca crescem). Curioso que o Senhor conduzia o povo pelo deserto como a meninos (Dt 1.31), assegurando-lhes o que prometeu a Jacó: “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei,até que te haja feito o que te tenho dito” (Gn 28.15, grifo nosso).
Não obstante os filhos de Israel fossem rebeldes, Deus, com toda a ternura, pegava-lhes nas mãos, tratando-os como a crianças que precisavam dar os primeiros passos. O Altíssimo estava pedagogicamente mostrando que sua presença contínua asseguraria o êxito daquela caminhada, caso os hebreus quisessem.
2- O Mover Imprevisível
A nuvem da presença de Deus, sempre que se elevava sobre o Tabernáculo no deserto, “os filhos de Israel após ela partiam; e, no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o seu arraial” (Nm 9.17). Israel, assim, andava e parava onde Deus determinava, o que acontecia de maneira imprevisível. Dessa forma, em alguns instantes, o Eterno indicava a marcha e noutros o descanso, como deve acontecer com o povo de Deus. Há momentos em que a caminhada deve ser constante, mas noutras circunstâncias é preciso parar.
Conta-se que, depois da morte do grande pregador americano Charles Finney, encontraram em sua velha Bíblia, cheia de anotações à mão, ao lado do texto de Salmos 37.23, o qual diz que Deus firma os passos do homem bom, a seguinte expressão: “E suas paradas também”. “Segundo o dito do Senhor, os filhos de Israel partiam e segundo o dito do Senhor assentavam o arraial” (Nm 9.18). Quantas vezes, pela madrugada, ou ao entardecer, ou ao meio dia, a nuvem começava a se elevar e locomover-se inesperadamente, durante quase quatro décadas, e o povo de Israel movimentava-se; mas de repente, sem mandar qualquer aviso, a nuvem parava e o povo descansava naquele lugar uma noite, dois dias, um mês ou um ano (Nm 9.19-22).
Observa-se que a coluna de nuvem dizia a Israel quando partir e onde acampar, demonstrando que a “direção divina não é somente uma questão de aonde devemos ir, mas, também, uma questão que quando ir”.5 Interessante perceber, também, que não havia naquele deserto, nem há na atualidade, paradigmas para entender o mover de Deus. Não há como fazer uma equação para tentar compreender a forma e os meios que o Senhor utilizará para alcançar os seus propósitos. Não é com a mesma imprevisibilidade e aparente ilogicidade que Deus frequentemente determina sua vontade, muitas vezes contrariando o senso comum?
3-A Obediência Voluntária
A variedade do “agir” da nuvem treinava os israelitas, movia suas entranhas, quebrantava seus brios, moldando, dessa forma, o caráter de um povo de “dura cerviz” (Dt 10.16; 31.27; 2 Rs 17.14; Jr 7.26; Mc 10.5; At 7.51). Está escrito, porém, que eles tinham rapidez em obedecer, pois “quer de dia quer de noite, alçando-se a nuvem, partiam” (Nm 9.21).
Observa-se que os hebreus não apenas partiram ou paravam, de acordo com a orientação de Deus, mas, também, “da guarda do Senhor tinham cuidado, segundo o dito do Senhor pela mão de Moisés” (Nm 9.23). Logo nos primeiros passos da caminhada pelo deserto, o povo se submetia espontaneamente ao Senhor, de todo coração.
Fazer rapidamente a vontade de Deus sempre é a melhor decisão para seu povo, sob quaisquer circunstâncias, pois a obediência é um segredo aberto, uma bússola, um mapa, um caminho. Andar em obediência é seguir seguro, certo de que algo de bom acontecerá, pois o Senhor é o Sumo Bem e Ele jamais se equivoca. O povo hebreu, ainda que, de certa forma, apresentasse traços da cultura egípcia, tinha um grande referencial moral e espiritual — o pai da nação, Abraão, o qual serviu a Deus obedientemente e sempre, mesmo nas maiores provas da vida, fazia o querer do Senhor com muita brevidade. Narra-se, por exemplo, em Gênesis 22, que quando Deus mandou Abraão imolar seu filho Isaque, logo de madrugada, o patriarca da fé tomou as providências necessárias para cumprir a ordem recebida. O fim da história, amplamente conhecida, serviria, por certo, de inspiração para eles, como para nós, que também temos que seguir o Senhor corajosamente, obedecendo-lhe, com urgência, em tudo o que Ele determina na sua Palavra.
II – O INÍCIO DA CAMINHADA
1-A Ordem para Marchar
Depois de passar certo tempo sendo preparados para a grande viagem pelo deserto, os hebreus agora recebem a ordem para marchar. Antes, porém, há mais um detalhe: Deus determina que sejam fabricadas trombetas de prata — sofisticadas obras de arte (a prata era depurada no fogo, daí porque é símbolo da redenção, na Bíblia), as quais serviam para conclamar o povo para se reunir e dar o sinal de partida do acampamento, tudo muito organizado. Mark Dever, porém, vê uma função ainda mais importante para o toque das trombetas: “a finalidade de tocar as trombetas é para que Deus e o povo lembrem-se uns dos outros (10.9,10). E nos versículos seguintes a nuvem move-se pela primeira vez”.6 Isso traz uma grande mensagem para nossos dias: apresenta-se como requisito essencial, antes de começar qualquer caminhada, que nos lembremos uns dos outros e que Deus, também, lembre-se de nós! Aliás, complementarmente, mais adiante, Deus disse que as trombetas também seriam tocadas quando os israelitas estivessem em dificuldades e nas festas religiosas (Nm 10.2,9,10).
Dessa forma, o início de toda caminhada seria marcado, simbolicamente, tanto pela lembrança que uns deveriam ter dos seus irmãos como também por um momento de oração. “Em situação de perigo, soar as trombetas era, na verdade, uma oração para o socorro de Deus.”7 Assim, o toque das trombetas movia o coração de Deus em favor do povo e o Senhor se lembrava da aliança firmada. Não há nada melhor que começar um projeto com esses requisitos!
2-Confiança do Líder Abalada
No início de uma longa e imprevisível jornada, com muitos perigos e dificuldades pela frente, o que deve fazer um líder prudente? Sem dúvida, procurar orientação de quem tem mais experiência! E foi exatamente essa a conduta de Moisés, pois convidou Hobabe, seu cunhado, o qual era habituado na região, para guiar o povo nos caminhos do deserto (Nm 10.29-32).
Do ponto de vista logístico, administrativo, a decisão foi boa e louvável, entretanto as coisas espirituais se discernem espiritualmente. Ora, em meio a tantas demonstrações eloquentes do cuidado de Deus, com a presença da nuvem e da coluna de fogo continuamente guiando o povo, seria de fato necessário que o filho de Jetro orientasse os rumos da peregrinação? Certamente que não! A nuvem e a coluna de fogo, dia e noite, indicavam perfeitamente quando o povo deveria acampar, qual o momento de seguir viagem e qual rota percorrer, mas Moisés entendeu que seria bom ter alguém com experiência para “ser seus olhos” e, quiçá, socorrê-los em tempo oportuno. Vê-se, porém, que em nenhum outro momento Hobabe é mencionado nas Escrituras, dando provas de que o convite de Moisés foi estéril e inócuo. Deus é quem comanda e guia os passos do seu povo.
É bem verdade que os “auxiliares de trabalho” são de suma importância para os líderes, pois ninguém pode realizar nada significativo se, antes, não formar uma equipe para colocar em prática as boas ideias. Entretanto, convidar alguém para “ser seus olhos” era demais. Observe-se que, contrariamente à vontade de Deus (Êx 4.10-14), Arão já era a boca de Moisés e, agora, chegava alguém para ser os olhos do libertador do povo hebreu?! Delegação é algo muito bem-vindo no ministério, porém há coisas que não podem ser realizadas por outrem. Somente a Moisés, seguindo a orientação de Deus, caberia dizer os rumos a serem tomados por aquela grande multidão.
3- O Pecado da Murmuração
Logo a caminhada começou, vieram as provas. Tudo estava pronto para uma grande vitória, mas o desprezo dos estrangeiros que viajavam pelo maná, bem como o desejo de se apropriarem da comida do Egito, contaminou o povo hebreu, que iniciou uma murmuração contra Deus (Nm 11.1-10). O Senhor levou em consideração as palavras proferidas, a tal ponto que muitos israelitas morreram como castigo pela rebelião. O juízo de Deus cessou porque Moisés orou.
O desprezo pelas bênçãos que o Senhor prepara para cada um de nós nunca deve acontecer, pois, como se sabe, sua vontade é “boa, perfeita e agradável” (Rm 12.2). Há coisas que as pessoas pensam que são importantes para Deus, mas não são, e outras que, contrariamente, são reputadas como de menor significado, mas o Senhor as tem em alta conta. A gratidão é uma delas. Talvez alguém conjecture que agradecimento apresenta-se como algo supérfluo, mas a Bíblia diz que devemos ser gratos em tudo e, em seguida, Paulo arremata: não extingais o Espírito (1 Ts 5.17,18) dando a entender que gratidão e ser cheio do Espírito são coisas que estão intrinsecamente conectadas.
Os hebreus fizeram algo muito grave diante do Senhor, pois a Bíblia diz que a maldição não vem sem causa (Pv 26.2). Os que morreram certamente eram murmuradores, queixosos da sua sorte, os quais andavam segundo as suas concupiscências, e cujas bocas diziam coisas mui arrogantes (Jd 1.16). Nunca se deve desprezar o “pão” que Deus dá!
CONCLUSÃO
Mesmo diante de tantas fraquezas morais e espirituais, a nuvem e a coluna de fogo não se apartavam do arraial, o maná constantemente caía sobre os rebeldes, e a bênção e proteção de Deus guardavam aquela grande multidão de ex-escravos. Como se não bastasse, em todos os episódios mencionados anteriormente, percebe-se de maneira palmar a gerência direta de Deus na resolução dos conflitos. Sem dúvida, as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos.
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Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Lidiane Santos
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