EBD | Classe Jovem – Lição 13 – O Evangelho em Éfeso

Fonte: Portal da Escola Dominical

4º Trimestre de 2019

Introdução
I- A Obra de Deus em Éfeso;
II- Maravilhas e Milagres;
III-Mais uma Perseguição.
Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Destacar o trabalho bem-sucedido de Paulo em Éfeso;
Apresentar as maravilhas e milagres realizados pelas mãos de Paulo;
Refletir a respeito das perseguições sofridas por Paulo.

Palavras-chave: Poder, cura e salvação.

Atos 19.1 diz que, tendo Paulo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso. Essas eram as regiões mais elevadas da Ásia Menor. O escritor, aqui, refere-se particularmente às províncias da Galácia e da Frígia (At 18.23). Éfeso ficava nas regiões marítimas baixas.

A obra de Deus em Éfeso seria um dos destaques na terceira viagem missionária de Paulo. Ali houve conversões, batismo com o Espírito Santo e milagres. A despeito de também ter tido forte oposição neste local, o apóstolo estabelece residência nesta cidade, e o Senhor Deus abençoa seu ministério “de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos” (At 19.10).

Recebestes o Espírito Santo?

Quando Paulo chega a Éfeso, ele encontra alguns discípulos, pessoas que já haviam crido em Cristo. No entanto, ele ainda lhes pergunta: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?” (At 19.2). Eles respondem que nem haviam ouvido sobre o Espírito Santo. O apóstolo estava se referindo ao batismo no Espírito Santo como revestimento de poder e capacitação para o serviço da mesma forma como ocorreu no dia de Pentecostes (At 1.8; 2.4). Paulo não se referia à habitação do Espírito Santo, pois todo aquele que crê em Cristo já o recebe desde o primeiro dia da conversão (Rm 8.9). Tendo aceitado, então, a fé desses irmãos como genuína, eles foram batizados em água e, mediante a imposição de mãos, veio sobre eles o Espírito Santo. E falavam em línguas e profetizavam (At 19.6).

Não sabemos exatamente o que instiga Paulo a fazer a pergunta. Os sermões e conversações em Atos são resumos, e o propósito de Lucas é enfocar o poder do Espírito em vez de apresentar relatos exaustivos. Presumivelmente a pergunta de Paulo a esses discípulos foi precedida por uma conversa mais longa. Em todo caso, a resposta que dão à pergunta de Paulo é negativa. Eles não ouviram falar do derramamento do Espírito no dia de Pentecostes. Os discípulos efésios, sem dúvida, tinham ouvido falar do Espírito Santo, visto que ele é discutido proeminentemente no Antigo Testamento e na pregação de João Batista. O que eles desconhecem é unção específica do Espírito para o ministério subsequente à conversão. Influenciados pela tradição de João Batista, eles tinham ouvido falar de Jesus e creram nele, mas não tinham sido cheios com o Espírito.1

Jesus não mudou! Ele ainda batiza crentes com o Espírito Santo nos dias de hoje com nada “menos que a experiência pentecostal completa”.2 Jesus não batiza alguém, com evidência de falar em línguas, para este se sentir superior aos outros, mas, sim, para que, por meio desse revestimento, seja edificado e poderosamente usado por Ele.

Alicerce Teológico

A vida cristã deve ser equilibrada. Não se pode apenas desejar a plenitude do Espírito Santo com suas maravilhosas atuações em nossas vidas sem desejar aprofundar-se teologicamente na Palavra. Depois da experiência da plenitude do Espírito Santo com os irmãos de Éfeso, Paulo passa mais de dois anos ensinando-os (vv. 8-10). Paulo criou uma igreja local, independente da sinagoga, que abrigara os crentes durante um ano (18.19).

Esse ensino foi formalizado em moldes de Escola, de Tirano, onde as aulas eram ministradas todos os dias. O objetivo da Escola era preparar os crentes para a obra do Senhor. Sobre essa escola, Keener acrescenta:

Os filósofos de renome e outros mestres não raro palestravam em espaços alugados. A sala aqui talvez pertencesse a uma guilda profissional; contudo, por ter o nome de uma pessoa, é mais provável que se trate de uma “escola” (NVI), em que Tirano é o dono da propriedade ou (hipótese um pouco mais provável) o palestrante mais comum do estabelecimento. “Tirano” (nome comum em Éfeso) pode ser apelido, talvez por se tratar de mestre severo. A vida pública em Éfeso, incluindo as aulas de Filosofia, terminava ao meio-dia; a maioria das pessoas na Antiguidade cochilava durante uma ou duas horas a partir desse horário. As aulas de comunicação avançada poderiam terminar às 11 horas da manhã. Portanto, caso Tirano ministrasse suas aulas de manhã, Paulo usaria o estabelecimento à tarde (talvez realizando trabalho manual pela manhã; cf. 20.34). De todo modo, os residentes de Éfeso veriam Paulo como filósofo ou sofista (orador público profissional). Muitos observadores greco-romanos antigos viam os cristãos como associação ou clube religioso (como outras associações semelhantes da Antiguidade) ou escola filosófica, que havia assumido a forma de uma dessas associações. Para os de fora, um grupo, que ensinava ética, porém, não praticava os sacrifícios e a veneração aos ídolos — característica da maioria dos grupos religiosos —, poderia dar a impressão de ser uma escola filosófica.3

Não é de admirar a profundidade da carta aos Efésios, haja vista o fundamento teológico que a igreja ganhara durantes esses dois anos.

Hoje em dia, temos Escola Dominical, cultos de ensino, cursos, seminários e faculdades teológicas que têm por finalidade edificar e capacitar o povo de Deus. Atos 1.2 diz que Jesus “foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera”. O Espírito Santo não se limita a cultos pentecostais, avivados. Não se limita a línguas estranhas, a pular ou sapatear. Muitos se dizem cheios do Espírito Santo, mas não sabem a última vez que foram a uma Escola Bíblica Dominical ou a um culto de Ensino. Dizem ser cheios do Espírito Santo, mas nem cogitam fazer um curso básico em Teologia; não leem um capítulo da Bíblia por semana e ainda criticam aqueles que gostam de estudar Teologia, chamando-os de “frios”, mas graças a Deus que Lucas quis enfatizar que Paulo, também pelo Espírito Santo, esforçou-se na área do ensino com os irmãos, crescendo na “graça e conhecimento” de nosso Senhor (cf. 1 Pe 3.18).

O Evangelho Alcança toda a Região 

Como a cidade de Éfeso era um centro cosmopolita do qual as notícias seriam disseminadas em pouco tempo, o versículo 10 diz que todos os que habitavam na Ásia ouviram a Palavra. A hipérbole “toda Ásia” era usada com frequência na Antiguidade. Lucas não quis afirmar que cada morador da Ásia ouviu a Palavra, mas, sim, que o evangelho penetrou todas as províncias daquela região, alcançando “tanto judeus como gregos” (At 19.10). A questão é que as notícias do que o Senhor Deus estava realizando em Éfeso foram espalhadas, como podemos depreender das Igrejas de Colossos, Hierápolis e Laodiceia, que foram frutos do trabalho nesta cidade. Praticamente todas as cidades citadas em Apocalipse 2 e 3 encontram-se nesta região, e há fortes indícios de que elas receberam o evangelho neste tempo, fruto dos esforços do apóstolo Paulo em sua terceira viagem missionária.

A Turquia moderna seria a área que incorpora (essencialmente) a antiga Ásia. Havia muitos judeus em todas as cidades dessa região. Era uma área delimitada pelo Mar Mediterrâneo ao norte, ao sul e a leste. O idioma que prevalecia nessas localidades era o grego. Foi só a partir de século IV da Era Cristã que o termo Ásia Menor começou a ser usado.

Mesmo não havendo um detalhamento de como houve um extenso ministério na Ásia, ainda assim há alguns versículos que demonstram como o evangelho adentrou essa região. Em Atos 19.26, o ourives Demétrio, da cidade de Éfeso, relata que “em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente” (ARA). Em 1 Coríntios 16.8,9, epístola que Paulo escreveu quando estava em Éfeso, o apóstolo diz: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários” (ARA). Cerca de 40 anos mais tarde, Plínio, governador da Bitínia, escreve uma famosa carta ao imperador romano Trajano, na qual se refere ao cristianismo nos seguintes termos: “Esta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as estâncias rurais”.4  Em Colossenses 1.6, Paulo declara que o evangelho chegou “[…] em todo o mundo”, o que significa o Império Romano da época. Essas passagens indicam como o cristianismo espalhou-se rápida e eficazmente por todas aquelas regiões.

Hoje, podemos crer que Deus pode realizar algo tremendo em nossas casas, igrejas e cidades, que terão um impacto em outras regiões para a glória de Deus (Sl 105.1). Precisamos depender do poder do alto, como fazia a Igreja Primitiva.

A conscientização de que nada poderá conter uma igreja ou indivíduos capacitados pelo Espírito Santo deve ser a mola propulsora. E mais que isso, esse evento [Pentecostes] deve nos lembrar de que uma comunidade foi criada, como descrita em Atos 2.42-47, que estava centrada na dependência do Espírito Santo para testemunhar, em palavra, atos e poder. Era uma demonstração real de que o Reino de Deus estava entre eles.5

Assim como Deus fez por meio da Assembleia de Deus no Brasil, que, a partir de um início humilde, porém pela ação do Espírito Santo de Deus, foi disseminada por todo o território nacional, cremos que Ele também deseja fazer isso em nós e através de nós. A Bíblia diz pelo profeta Jeremias: “Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes” (Jr 33.3). E foi o próprio Jesus quem nos deu a ordem de ir por todas as nações e fazer discípulos (Mt 28.19,20).

Pessoas Curadas e Libertas

Deus fazia milagres extraordinários pelas mãos de Paulo. Essas maravilhas foram realizadas por Deus para combater a influência da magia e espiritismo em Éfeso. Por essa razão, Paulo inclui no credenciamento de seu apostolado em 2 Coríntios 12.12 “sinais, prodígios e maravilhas”. Embora não se possa fazer uma doutrina em cima dos objetos que usaram de Paulo, o fato é que as pessoas viram que Paulo não era apenas mais um mágico do qual elas estavam acostumadas. Ao colocarem a sua fé em Jesus, Ele concedia a sua misericórdia, e eles obtinham o favor do Senhor. Não era nada de magia, como se depreende dos versículos seguintes. Como explica o Dr. Boor:

Em Éfeso sucedem “manifestações de poder pouco comuns”. Assim como no passado Pedro (At 5.15) simplesmente não conseguia mais corresponder ao afluxo de pessoas, assim também se tornou impossível para Paulo ir pessoalmente até todos os enfermos. E como na situação de Pedro as pessoas deitavam os enfermos de tal maneira que, ao passar, a sombra do apóstolo caísse sobre eles, assim no caso de Paulo “levavam aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal”, obtendo resultado de que “as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam”. Será que estamos admirados de que Paulo não combatia essas “práticas supersticiosas”? Pensamos que Lucas no mínimo deveria ter dito uma palavra de crítica a esse respeito? Acaso acompanhamos intérpretes modernos que consideram tudo isso invenção de uma época posterior, ávida de milagres, que não era mais capaz de distinguir claramente entre fé e superstição? Contudo, não somos peritos dos corações, capazes de reconhecer onde até mesmo nessas práticas há uma fé genuína em busca do auxílio de Deus. O Senhor Jesus não acusou aquela mulher com hemorragia, que tão somente desejava tocar a orla do manto de Jesus, de “supersticiosa”, mas lhe assegurou: “Tua fé te salvou” (Mc 5.34). Lucas informa fatos sem se importar com nossa crítica teológica. Deus se agradou em responder à ansiosa busca por auxílio e libertação em Éfeso com curas e livramentos reais. Desse modo abriu o caminho para a proclamação de Paulo. As pessoas davam ouvidos à mensagem sobre Jesus, que se revelava de forma tão poderosa em seu mensageiro. No entanto, nessas curas pelos lenços e aventais de Paulo prevalece a verdade: “Manifestações do poder de Deus, pelas mãos de Paulo”. Foi justamente aqui em Éfeso que aconteceu a ruptura com todo o sistema de feitiçaria. Os efésios, portanto, haviam compreendido que na pessoa de Paulo não se acrescentava um novo mágico às muitas feitiçarias antigas, a que estavam acostumados em Éfeso, mas que em Paulo estava atuando um Salvador vivo, que não deixava de recompensar a confiança em sua misericórdia e ajuda, ainda que agora somente pudesse obter de seu servo Paulo o lenço e o avental de trabalho. Já no trecho seguinte Lucas nos mostrará como isso não tem nada a ver com “magia”.6

 

O que se tem é fé em Jesus e fervor e solidez na Palavra; logo, os milagres acontecem. Precisamos buscar ao Senhor e sua Palavra e darmos continuidade em curar e libertar as pessoas oprimidas em nome de Jesus. Ele mesmo disse: “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.17,18).

Fake obreiros

Na época do Fake News (Notícias falsas) em que vivemos, podemos ver que já havia os “falsos obreiros” no tempo de Paulo. Alguns judeus quiseram expulsar os demônios de um homem, achando que seria suficiente apenas usando uma fórmula. Eles não conheciam Jesus pessoalmente, mas precisavam deste Jesus, que Paulo usa, para realizar os milagres. O demônio responde que conhecia Jesus e sabia quem era Paulo, mas não eles. Aqueles judeus ficaram calados e, por consequência, levaram uma bela surra ficando desnudos e feridos (vv. 13-16).

Era comum, especialmente entre os judeus, que as pessoas expulsassem espíritos malignos. Se resistirmos ao Diabo por fé em Cristo, ele fugirá de nós; porém, se pensarmos em resistir-lhe mesmo usando o nome de Cristo, ou suas obras, mas como conjuro ou encantamento, Satanás nos vencerá.7

Infelizmente, muitos acham que podem sair por aí realizando “milagres” sem nem ao menos conhecer ao Senhor Jesus. Já havia acontecido algo semelhante com Pedro e João, quando Simão, o mágico, quis comprar o que os apóstolos possuíam, pelo fato de que eles impunham as mãos e as pessoas recebiam o Espírito Santo (At 8.9-24). Mas, quando nos tornamos verdadeiramente crentes em Jesus e entregamos nosso coração e vida realizando sua obra com sinceridade, não precisamos ficar calados se uma pergunta dessa como em Atos 19.15 (“mas vós, quem sois?”) surgir. Poderemos, então, dizer: “Sou um salvo por Jesus Cristo, meu Senhor!” e, com ousadia, expulsar os demônios de uma pessoa (Mt 10.7,8).

Limpeza Geral

É interessante observar que o julgamento que caiu sobre os falsos obreiros causou um forte temor sobre todos e que o nome de Jesus Cristo foi engrandecido. Isso levou a uma limpeza geral, motivada pelo genuíno arrependimento que as pessoas tiveram pelas práticas que realizavam. O arrependimento levou-os a confessar suas más obras e, literalmente, queimar os livros de magia (vv. 17-20).

Muitos querem o poder e a glória de Deus, mas esquecem-se de que a verdadeira glória acontece quando há arrependimento, quando altares são purificados e quando pecados são abandonados. Somos templo do Espírito Santo (1 Co 6.19,20), e foi Ele quem nos escolheu para si (2 Cr 7.12). Quando nos humilhamos diante dEle e convertemo-nos dos maus caminhos, Ele ouve nossa humilhação e sara nossa terra. Quando nos entregamos assim, o fogo desce e purifica-nos, e a glória de Deus é manifestada. Que tudo aquilo que não agrada ao Senhor possa ser tirado de nossas vidas para que, assim como foi em Éfeso, a Palavra de Deus prevaleça e milagres aconteçam (At 19.20).

Josué, o líder sucessor de Moisés, estava diante do Rio Jordão com o grande desafio de atravessá-lo para conquistar a Terra Prometida. Inspirado pelo Espírito de Deus, Josué ordena ao povo: “Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). O povo tinha apenas um dia para essa santificação. Não sabemos qual foi o método usado pelo povo para santificar-se. Talvez pedindo perdão pelos pecados; talvez fazendo jejuns; talvez se arrependendo dos seus pecados e confessando-os ao Senhor; ou talvez reconhecendo diante de Deus a sua fragilidade como povo para atravessar o Rio Jordão; seja como for, Israel carecia de uma atuação miraculosa da parte do Senhor. O fato é que Josué convoca o povo para uma santificação. A santificação é para já! Em Efésios 1.4, Paulo diz que não fomos chamados para uma vida medíocre, mas para uma vida de santidade; uma vida irrepreensível.

O Caminho Causa Alvoroço 

Charles Haddon Spurgeon (1834–1892), considerado o príncipe dos pregadores, disse: “Os sermões mais eficazes são aqueles que fazem os opositores do Evangelho morderem os lábios e rangerem os dentes”. E foi isso que aconteceu em Éfeso, pois Lucas relata que houve um grande alvoroço por causa do Caminho, ou seja, por causa dos cristãos que se entregavam ao Caminho, que é Cristo (Jo 14.6). Isso se deu em razão de a pregação de Paulo confrontar o estilo pecaminoso daquelas pessoas e apontar o caminho para o único Deus verdadeiro, que não é feito por mãos de homens (At 19.26).

A boa pregação não é aquela que causa apenas alegria nos ouvintes, mas também a que os deixam desconfortáveis quanto a si mesmos. A Igreja precisa sempre se conscientizar de sua missão de não se conformar com este mundo (Rm 12.2), nem de tornar-se “amiguinha” da sociedade, em detrimento de seus princípios e mensagem. Embora tenhamos que viver pacificamente com todos (Hb 12.14) e também promover o bem-social (Gl 6.9), o verdadeiro evangelho irá causar algum tipo de alvoroço, pois ele veio para transformar vidas. Jesus mesmo disse que veio para trazer espada (Mt 10.34). Isso porque o evangelho exige uma tomada de decisão e mudança na vida das pessoas, e essa mudança causa reações de todo tipo. O Senhor Jesus Cristo foi claro quando disse que aquele que não o coloca acima de tudo em sua vida não pode ser seu discípulo (Lc 14.26-27).

A Diana dos Efésios 

A deusa grega Ártemis era conhecida como Diana entre os romanos. Ela assumia as características de uma deusa da fertilidade, assimilando-se, assim, à deusa Cibele. O templo para Diana, que ficava em Éfeso, foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ele era apoiado por 127 pilares, cada um com 20 metros de altura, sendo adornado com grandes esculturas. Foi completamente perdido na história até 1869, quando foi novamente descoberto, e seu altar principal foi desenterrado em 1965.

O Templo de Ártemis era também um grande tesouro e banco do mundo antigo, onde mercadores, reis e até cidades faziam depósitos e onde seu dinheiro podia ser mantido sob a proteção da divindade. O templo de Diana em Éfeso era, de fato, famoso em todo o mundo. A venda de ídolos ali deve ter sido um comércio substancial. Sobre a cidade de Éfeso, o pastor Elienai Cabral acrescenta:

Devido à sua posição geográfica, Éfeso era ponto estratégico, no sentido religioso e territorial. Religiosamente, era uma cidade pagã, e destacava-se nela a imagem do templo de Ártemis, deusa também conhecida como “a grande Diana dos efésios”. A vida cotidiana do povo era grandemente influenciada pela adoração desse ídolo. A indústria e o comércio, e mesmo o lazer popular, encontravam em Ártemis sua grande inspiração. Geograficamente, Éfeso tornou-se ponto estratégico também para o trabalho missionário de Paulo na Ásia. Hoje, restam apenas ruínas daquela que chegou a ser uma grande metrópole e capital de província. Ruínas que ficaram como mostruário, por exemplo, da Via Arcadiana, toda pavimen¬tada de mármore e com quinhentos metros de extensão; do teatro romano para 25 mil lugares; de um estádio para jogos; e do templo de Ártemis, entre outros.8

O Evangelho Derribando Ídolos

A conversão de muitos em Éfeso estava causando perdas ao comércio das estátuas da deusa Diana. Demétrio, um ourives, levanta uma perseguição contra Paulo e outros cristãos (vv. 23-29). O povo daquela região era fascinado pela deusa Diana e seus “poderes”. Nesse episódio, o povo gritou por quase duas horas: “Grande é a Diana dos efésios!” (v. 34).

Ainda hoje, há muita gente fascinada pelos deuses da pós-modernidade. Em Éfeso, o evangelho derribou os ídolos e reverteu essa situação, pois os livros de bruxaria foram queimados, e a adoração no templo foi seriamente ameaçada (v. 19). Como diz o comentarista bíblico Lawrence O. Richards (1931–2016): “O evangelho, e somente o evangelho, pode desacreditar o mal e reverter as tendências vistas atualmente na nossa sociedade”.  Na epístola aos Colossenses, o mesmo Paulo afirma que Deus “nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). O evangelho é poder de Deus (Rm 1.16) e derruba quaisquer ídolos. A Bíblia descreve os ídolos dos homens como de “prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta” (Sl 115.4-7). Preguemos o evangelho no poder do Espírito Santo! Se assim fizermos, os ídolos cairão, as pessoas entregarão suas vidas a Cristo, e milagres acontecerão.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens


 

1 ARRINGTON, 2015, p. 739.
2 MENZIES, 2016, p. 83.
3 KEENER, 2017, p. 457.
4 BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã, 1998, p. 28.
5 PESCH, Henrique. Pós-modernidade e o jovem pentecostal da Assembleia de Deus – influências e caminhos, 2017.
6 BOOR, 2002, pp. 276,277.
7 HENRY, 2002, p. 910.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.

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