EBD | Classe Adultos – Lição 7 – Não retribua pelos padrões humanos

Fonte: Portal da EBD

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos as definições das palavras “retribuir” e “retaliar”; pontuaremos o que a Bíblia diz sobre o sentimento de vingança; abordaremos a postura do autêntico cristão em relação aos seus ofensores; estudaremos sobre como vencer o mal recebido através do perdão; e por fim, trataremos como superar o mal recebido através do amor.

I – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O SENTIMENTO DE VINGANÇA

Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 2448) retribuir é: “pagar o feito; responder de maneira similar; corresponder; dar em troca; ato ou efeito de devolver, contraprestação; dar como retorno”. Já a definição do termo retaliar é: “aplicação da pena de Talião; infligir castigo análogo ao recebido; desagravo; desforra; revide com dano igual ao sofrido; represália; vingança; retalhar” (Idem, 2001, p. 2444).

1.1 A Bíblia proíbe terminantemente a vingança pessoal (Lv 19.18; Pv 20.22; 24.29). Todos nós possuímos um senso particular de justiça, e tal juízo costuma requerer, de imediato, a reparação de uma ofensa feita contra nós e “pagar na mesma moeda”, pois esta é a reação natural do ser humano. Costumamos revidar com o mal quando somos injuriados, caluniados ou de alguma forma prejudicados por alguém o famoso ditado “pagar o mal com o mal”. Não há na Bíblia qualquer incentivo à vingança pessoal.

1.2 A Bíblia nos diz que a vingança pertence a Deus (Rm 12.19). De maneira natural quando o homem é ofendido, a sua primeira reação é desejar a vingança (Pv 24.29). A declaração “amai os vossos inimigos” significa que os seguidores de Cristo devem demonstrar amor mesmo para com aqueles de quem não recebem nenhum afeto; ou melhor, aqueles que são declaradamente seus opositores (Mt 5.38-48; 7.1,2,12; Lc 6.27;38; Rm 12.20). Jesus ensina a que o cristão não revida o mal de acordo com a lei de Talião “olho por olho, dente por dente”, pois ele não se deixa dominar pela vingança (Mt 5.38). Assim compreendemos que a vingança pertence ao Senhor, não a nós (Dt 32.35,36; Rm 12.19; Hb 10.30).

II – A POSTURA DO AUTÊNTICO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS SEUS OFENSORES

Algumas passagens do AT já traziam ensinamento sobre “amar aos inimigos” (Êx 23.4-5; Lv 19.17-18; Pv 25.21-22; Jr 15.15). Também no NT esta orientação permanece (Mt 5.44; Lc 6.27,35). Vejamos:

2.1 Aborrecer o mal e apegar-se ao bem: “Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem” (Rm 12.9). Aborrecer o mal é negar tudo que possa prejudicar a outrem mesmo esse “outro” sendo nosso inimigo e querendo nos prejudicar: “amai os vossos inimigos” (Mt 5.44). Precisamos servir ao Senhor Jesus tendo uma atitude de perdão aos inimigos pela retribuição do mal com o bem: “A ninguém torneis mal por mal…” (Rm 12.17), e por viver em paz com todos (Hb 12.14).

2.2 Abençoar os que vos perseguem: “Abençoai os que vos perseguem” (Rm 12.14). Paulo no presente versículo orienta os servos do Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos querem o mal: “Bendizei o que vos maldizem” (Mt 5.44b). Jesus nos ensinou a: “Orai pelos que vos maltratam” (Mt 5.44d)

2.3 Retribuir o bem pelo mal: “A ninguém torneis o mal com o mal” (Rm 12.17). A Bíblia ensina que devemos sofrer o dano sem retribuir o agravo (1Ts 5.15; 1Co 6.7; 1Pd 3.9) e também “dar a outra face” (Mt 5.39; Lc 6.29), ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que sofremos (Jr 18.20; Mt 5.39). Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não expressam a graça de Deus (Mt 5.46,47). “Pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição humana. Pagar o mal com o bem é graça divina” (Pv 20.22; 17.13; Is 50.6; Lm 3.30).

2.4 Ter paz se possível com todos: “Se for possível, quando estiver em vós, tendes paz com todos os homens” (Rm 12.18). Neste presente versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender de nós devemos ter paz com todos. Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter paz com todos os homens (Sl 34.14; Mt 5.9; Rm 12.18; 1Co 7.15; Hb 12.14; 1Pe 3.11). Jesus nos ensinou que devemos fazer o bem àqueles que nos ofendem.

2.5 Deixar a vingança com Deus: “Não vos vingueis a vós mesmos amados, mas dai lugar à ira” (Rm 12.19). A vingança pertence a Deus, por isso, devemos deixar com Deus a vingança para com aqueles que nos maltratam: “Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor” (Lv 19.18). Somos frágeis e incapazes de fazer vingança com justiça. A expressão “daí lugar à ira” não deve ser entendida como o dar razão à manifestação da ira, mas sim com o sentido de dar tempo à ira para que ela se extinga, isto é, deixá-la passar. Também tem o sentido de “dar lugar à ira de Deus”, à vingança divina, uma vez que a ‘vingança pertence a Deus.

2.6 Fazer o bem aos que nos odeiam: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber” (Rm 12.20). Devemos amar os nossos inimigos e orar pelos nossos perseguidores (Pv 25.21), ele não estava nos pedindo algo impossível de ser feito: “Fazei bem aos que vos odeiam” (Mt 5.44c). O próprio Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de amor aos inimigos. Ele nos amou primeiro, antes que nós pudéssemos amá-lo de volta (1Jo 4.19). Ele morreu por nós quando ainda éramos pecadores, quando ainda éramos inimigos de Deus (Rm 5.8-10; Ef 2.1-8). Sigamos o exemplo de Jesus, que é o príncipe da paz (Is 9.6). Mesmo na noite em que foi preso injustamente, Jesus mostrou amor por seus inimigos (1Pd 2.21,23).

2.7 Vencer o mal com o bem: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Paulo se referi ao mal quatorze vezes. Em Atos 16.28 Paulo fala desse mal como um dano irreparável que uma pessoa pode causar a si mesma. Aqui esse mal aparece como uma força oposta ao bem, que procura impedir o viver cristão vitorioso. A recomendação bíblica é vencer o mal com o bem (Mt 5.45,46).

III – VENCENDO O MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO PERDÃO

O verbo “perdoar” significa: “renunciar a punir; desculpar; poupar; ver com bons olhos” (HOUAISS, 2001 p. 2185). 3.1 Vencendo a mágoa através do perdão sem limites (Mt 18.21,22). A resposta de Jesus a pergunta de Pedro quantas vezes se devia perdoar o irmão ofensor com a sugestão de “até sete” (Mt 18.21-c), teve como resposta do Mestre “até setenta vezes sete” (Mt 18.22), o que significa dizer: de forma ilimitada. Assim como Deus amou o mundo de maneira ilimitada (Jo 3.16), devemos reproduzir este amor nos nossos relacionamentos (1Jo 3.16).

3.2 Vencendo a mágoa através do perdão concedido (Mt 6.12). Jesus ensinou que não podemos negar o perdão aquele que arrependido nos rogar, tendo como base o caráter generoso do próprio Deus, que sempre nos perdoa quando sinceramente lhe pedimos. A Bíblia diz que Deus “está pronto a perdoar” (Sl 86.5); e, que é “grandioso em perdoar” (Is 55.7). Portanto, quando perdoamos nos assemelhamos a Deus (Lc 6.36; Ef 4.32 Cl 2.13; 1Jo 1.9; 2.12).
3.3 Vencendo a mágoa através do perdão verdadeiro (Mt 18.35). Perdoar é mais que palavras (1Jo 3.18). Jesus ensinou que é preciso que o perdão brote do coração do íntimo do nosso ser (Mt 18.35-b). Não podemos guardar ira no coração (Ef 4.26; Tg 3.14), nem permitir que brote raiz de amargura (Ef 4.31; Hb 12.15). O perdão é: (a) uma condição da comunhão Deus (Mt 6.12,14-15); (b) ele revela se somos autênticos cristãos (Mt 3.8; 7.20); e, (c) ele é condição para Deus receber a nossa oferta (Mt 5.23,24).

IV – VENCENDOO MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO AMOR

Quando estamos em Cristo, a paz supera qualquer ressentimento e rancor, e não se enfraquece quando não é correspondida e busca sempre suprir as deficiências humanas nos relacionamentos (Mc 9.50; Rm 12.9-21; 1Ts 5.12,13).

4.1 Vencendo a mágoa através do amor sincero: “o amor não seja fingido” (Rm 12.9). O amor como fruto do Espírito tem como marca a sinceridade “sem fingimento ou hipocrisia” (2Co 6.6); não deve possuir máscara, o amor não deve ser teatral, antes deve ser autêntico, genuíno: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18). O crente deve ser sincero, e não um ator na vida. Seu amor precisa ser autêntico, genuíno, sem fraude.

4.2 Vencendo a mágoa através do amor fraternal: “Amai-vos cordialmente… com amor fraternal” (Rm 12.10). Paulo usa neste versículo duas palavras gregas para amor respectivamente: “philadelphia” e “philostorgos” a primeira descreve o amor fraternal, ou seja, o amor de irmãos; a segunda descreve a afeição natural pelos nossos familiares.

4.3 Vencendo a mágoa através do amor benigno: “O amor é… benigno” (1Co 13.4). A palavra “benigno” dá a ideia de reagir com bondade aos que nos maltratam e ser doce para com todos. Ser benigno do grego “chrestotes” é ter um tipo de bondade e de cortesia que vem do coração e que representa a contrapartida ativa da paciência. (BEACON, 2006, p. 345).

4.4 Vencendo a mágoa através do amor paciente: “O amor… tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporte” (1Co 13.7). A palavra grega “makrothumia” é paciência esticada ao máximo. O amor tem a capacidade de andar a segunda milha; quando alguém o fere, ele dá a outra face; ele não paga ultraje com ultraje (Mt 5.40-43; Ef 4.2; 1Pd 2.23).

CONCLUSÃO

Quando se recebe uma ofensa, a reação natural é devolvê-la com outra. Entretanto, o Senhor Jesus nos convida a agir de uma maneira mais elevada, pondo em prática a instrução divina de acordo com o Sermão do Monte. Nesse sentido, retribuir o mal com o bem é uma ação que vem do Céu.

REFERÊNCIAS

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

• COUTO, G. do. Lições Bíblicas Jovens e Adultos CPAD, 2º Trimestre de 2001, Sermão do Monte: A transparência da vida cristã.

• GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 08 mai. 2022

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.