EBD | Classe Adultos -Lição 7 – A sutileza da relativização da Bíblia

Fonte: Portal EBD

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos uma definição teológica e filosófica do termo “relativismo”; pontuaremos o que o nosso tempo tem tentado fazer com a Bíblia; falaremos algumas características da Bíblia que o mundo de hoje tenta deturpar; e por fim, finalizaremos dizendo quais os propósitos de Deus com a sua Palavra.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO RELATIVISMO

Ao longo dos séculos esse termo passou por diversas transformações, desde a afirmação de Protágoras na Grécia antiga; “O homem é a medida de todas as coisas, das reais enquanto são e das não reais enquanto não são”, até nossos dias em que muitos afirmam “Nada é o que aparentemente é, tudo é relativo, vai depender do campo de visão do observador”. Vejamos algumas definições:

1.1 Definição teológica. Dizer que a verdade é relativa é alegar que varia com o tempo, o lugar ou de uma pessoa para outra e que depende das condições de mudança que isso possa trazer; que não há verdade alguma universal, válida para todos os povos em todos os tempos e lugares (PACKER, 2000, p. 860).

1.2 Definição filosófica. O relativismo é a teoria de que “não existe um padrão objetivo pelo qual a verdade deve ser determinada, de modo que a verdade varia com os indivíduos e as circunstâncias” (MCDOWELL, 2009, p. 1026).

II – O QUE O NOSSO TEMPO TEM TENTADO FAZER COM A BÍBLIA

2.1 Desconstruir sua mensagem. Uma das formas mais utilizadas em nosso tempo é a tentativa de desconstruir a mensagem das Escrituras, dizem eles: “Este texto foi escrito há muitos anos, não serve para nós hoje”, ou, “Essa mensagem é antiga, ouço desde o tempo dos meus avós”, não entendem eles aquilo que Pedro registrou: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2Pd 3.9).

2.2 Relativizar sua mensagem. Como pudemos observar anteriormente a relativização é a tentativa de dizer que a mensagem pode ter diversas percepções, isto aconteceu também nos dias de Isaias: “Aí dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5.20). Tal pensamento levou a destruição da nação de Israel.

2.3 Negar sua autoridade. A negação da autoridade vem no quesito prático, ou seja, não aceitam seu padrão e ditames tais como a sociedade do império romano nos dias de Paulo: “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém” (Rm 1.25), este também tem sido o padrão da nossa sociedade, que também se sentem sábios (Rm 1.22), além de consentirem na prática do erro (Rm 1.32) “Não faço, mas não condeno” é o pensamento deles.

2.4 Resistir sua mensagem. Os tempos trabalhosos que o apóstolo Paulo falou já chegou (2Tm 3.1-5), e hoje em dia existe uma grande resistência a verdade das Sagradas Escrituras, como nos dias de Paulo: “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (2Tm 3.8).

III – CARACTERÍSTICAS DA BÍBLIA QUE O MUNDO DE HOJE TENTA DETURPAR

A Bíblia é um livro superior a qualquer outro livro, pois possui características que a fazem ser singular. Tais característica revestem a Bíblia de autoridade tornando-a o modelo e padrão de conduta para o mundo. Vejamos:

3.1 A inspiração divina. A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Paulo diz que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada […]” (2Tm 3.16). A palavra grega é “theopneustos”, e significa literalmente “soprada por Deus”. Portanto, a Bíblia não contém, nem torna-se, ela é a Palavra de Deus. Geisler (2010, p. 460 – acréscimo nosso) define a inspiração da seguinte forma: “é a operação sobrenatural do Espírito Santo, que, por intermédio de diferentes personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as palavras exatas dos livros originais das Sagradas Escrituras, em separado ou no seu conjunto, como a própria Palavra de Deus, isenta de erro em tudo o que ensina, e é, dessa forma, a regra infalível e a autoridade final de fé e prática para todos os crentes”. As próprias Escrituras afirmam ser inspiradas no todo, em partes, em palavras e em cada letra: (a) Inspiração do todo (Mt 5.17; 2Tm 3.16); (b) Inspiração de partes (Jo 12.14-16); (c) Inspiração das palavras (Mt 4.4); e, (d) Inspiração de cada letra (Mt 5.18).

3.2 A revelação divina. A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois através dela o Senhor se fez conhecido de forma especial (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; 2Tm 3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos Seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; 1Jo 4.8). “Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto é,
Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar” (GILBERTO, 2004, p. 06 – acréscimo nosso). A revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer aos escritores da Bíblia, coisas e fatos desconhecidos, que eles jamais poderiam saber, nem descrever, senão por revelação divina (Gn 1,2).

3.3 A inerrância divina. Segundo o Aurélio (2004, p. 1100) a palavra “inerrância” significa: “que não pode errar; infalível; não errante, fixo”. Teologicamente “a inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros, por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de Deus” (ANDRADE, 2008, p. 33). A palavra de Deus não pode mentir (Sl 19.8,9; Hb 6.18); não pode passar ou ser destruída (Mt 5.18); permanecerá para sempre (1Pd 1.25); e é a própria verdade (Jo 17.17). Tais atribuições mostram claramente a inerrância das Escrituras.

3.4 A infalibilidade divina. Segundo Andrade (2006, p. 229 – acréscimo nosso) infalibilidade é a “doutrina de acordo com a qual a Bíblia Sagrada é infalível em seus propósitos, promessas e profecias”. Ela pode ser assim considerada porque: (a) seus propósitos jamais falham; (b) suas promessas são rigorosamente observadas; e, (c) suas profecias cumprem-se de forma detalhada, exata e clara. Deus usou o profeta Isaías para dizer: “[…] a palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11). O Escritor aos hebreus diz que: “a palavra de Deus é viva e eficaz […]” (Hb 4.12-a).

3.5 A completude divina. Quando afirmamos que a Bíblia é um livro completo, dizemos que ela contém tudo aquilo que Deus quis revelar à humanidade (Dt 29.29). Ela é completa no que diz respeito ao seu propósito principal, que é revelar-nos a origem de todas as coisas (Gn 1-3); como o pecado passou a fazer parte da história da humanidade (Gn 3.1-24); como o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23); e apresentar o único meio de o homem obter a salvação, através da fé em Jesus Cristo (Jo 3.16; Rm 3.21-24).

IV – QUAIS OS PROPÓSITOS DE DEUS COM A BÍBLIA

4.1 A Bíblia foi escrita para ensino nosso. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855), “Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

4.2 A Bíblia foi escrita para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Portanto, tanto os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências.

4.3 A Bíblia foi escrita para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

CONCLUSÃO

Sejamos como muros, resistentes as mudanças que satanás tem tentado de forma sorrateira implantar em nosso meio. Sejamos firmes contra tudo e todos aqueles que tentam negar a autoridade e necessidade das Escrituras, para não colhermos frutos amargos.

REFERÊNCIAS

• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD

• CHAMPLIN, Norman R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. HAGNOS.

• GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.

• GILBERTO, Antônio, Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

• MCDOWELL, Josh. Novas Evidencias que demanda um veredito. HAGNOS

• PACKER, J. I. Novo dicionário de teologia. HAGNOS

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.