EBD | Classe Adultos -Lição 4 – A estrutura da Bíblia

Fonte: Portal EBD

INTRODUÇÃO

Nesta lição destacaremos o ensino da canonicidade das Escrituras; veremos o significado do termo Testamento à luz da Bíblia; elencaremos os principais aspectos da estrutura do Antigo e Novo Testamento; e, por fim, qual o tema principal da Bíblia.

I – O CANON DAS ESCRITURAS SAGRADAS

1.1 Definição do termo cânon. Procedente do vocábulo hebraico: “kannesh”, que significa: “vara de medir” (Ez 40.3), e do grego: “kanon”, que, basicamente, tem o mesmo significado do termo hebreu. A palavra “cânon” é usada em teologia com este significado: padrão, regra de procedimento, critério norma (Gl 6.16). A Bíblia, como o nosso cânon por excelência, arvora-se como a nossa única regra de fé e conduta, pois a temos como a infalível Palavra de Deus. Em termos técnicos, podemos definir assim o cânon das Sagradas Escrituras: coleção de livros reconhecidos pela igreja cristã como singularmente inspirados pelo Espírito Santo. Chamamos os livros da Bíblia de canônicos para diferençá-los dos apócrifos (não inspirados).

1.2 Significado prático do termo. Nos primórdios do cristianismo, a palavra cânon significava regra de fé, ou escritos normativos (isto é, as Escrituras autorizadas). Por volta da época de Atanásio (c. 350 d.C), o conceito de cânon bíblico ou de Escrituras normativas já estava em desenvolvimento. A palavra cânon aplicava-se à Bíblia tanto no sentido ativo como no passivo. No sentido ativo, a Bíblia é o cânon pelo qual tudo o mais deve ser julgado. No sentido passivo, cânon significava a regra ou padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado de autoridade.

II – OS DOIS TESTAMENTOS

A palavra testamento possui dois significados básicos Primeiro significa: “aliança, um pacto, um concerto”. No Antigo Testamento, achamos como tema central o pacto que Deus fez com Israel no Sinai, pacto este selado com sangue (Êx 24.3-8; Hb 9.19,20), como também a profecia de uma melhor aliança que haveria de ser feita pelo Messias (Jr 31.31-33; Hb 8.10-13). No Novo Testamento se trata da nova aliança pelo sangue de Jesus, pela qual podemos chegar a Deus (Mt 26.28; Ef 2.13). Em segundo lugar testamento, significa a última vontade de alguém, quanto a seus bens, entrando em vigor com a morte do testador. Tanto o Antigo como Novo Testamento falam das riquíssimas bençãos prometidas e vinculadas à morte do Messias (Gl 3.15-17; Hb 9.17; Rm 8.17) (BERGSTEN, 2016, p.14).

III – A ESTRUTURA DO ANTIGO TESTAMENTO

3.1 A divisão do Antigo Testamento. Comumente o Antigo Testamento é dividido e quatro sessões; essa forma baseia-se na disposição dos livros por tópicos (não de forma cronológica), com origem na tradução das Escrituras Sagradas para o grego. Essa tradução, conhecida como a Versão dos setenta, a septuaginta (LXX), iniciara-se no século III a.C, sendo 39 livros. Segue-se a estrutura: (a) Lei (Pentateuco – 5 livros): Gênesis a Deuteronômio; (b) Poéticos (5 livros): Jó a Cantares de Salomão; (c) Históricos (12 livros): Josué a Ester; (d) Proféticos (17 livros): Isaías a Malaquias.

3.2 A divisão da Bíblia Hebraica. A Bíblia hebraica não segue essa divisão tópica dos livros, em quatro partes aqui já mencionadas. Antes, emprega-se uma divisão de três partes, talvez baseada na posição oficial de seu autor. Os cinco livros de Moisés: (a) Torá (Lei). Gênesis, Êxodo, Número, Levítico e Deuteronômio; aparecem em primeiro lugar. Seguem-se os livros dos homens que desempenharam a função de profeta: (b) Nevhiim (profetas). Profetas anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis. Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel; e, por fim, a terceira parte contém livros escritos por homens que, segundo se cria, tinham o dom da profecia, sem serem profetas oficiais: (c) Kethuviim (os escritos). Livros poéticos: Salmos, Provérbios e Jó. Cinco rolos (Megilloth): O Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Ester e Eclesiastes. Livros históricos: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas. A junção das iniciais dessas palavras no hebraico traz o nome da Bíblia dos Judeus: Tanak. O Novo Testamento faz alusão a uma divisão em três partes do Antigo Testamento, quando Jesus disse: “[…] era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).

3.3 Os livros apócrifos. A palavra “apócrifo” significa, literalmente: “escondido”, “oculto”. No sentido religioso, o termo significa: “não genuíno” ou “espúrio”. São chamados de Livros Apócrifos, os que foram escritos no período inter-bíblico, ou seja, no período entre os livros de Malaquias e Mateus, que não receberam a influência do Espírito Santo; o que significa dizer que não foram inspirados por Deus. A Bíblia editada pela Igreja Romana contém 73 livros, ou seja, 7 livros a mais; são eles: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, I Macabeus e II Macabeus. A Igreja Romana aprovou os
apócrifos em 18 de abril de 1546, para combater o movimento da Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combatiam as novas doutrinas romanistas, como a doutrina do purgatório, da oração pelos mortos, da salvação pelas obras etc. Como a Igreja Católica via nesses livros apócrifos base para essas doutrinas, aprovou os mesmos como canônicos; tais adições ao texto sagrado, rejeitamos veementemente (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6; Ec 3.14; Ap 22.18).

3.3.1 Razões por que se rejeita a canonicidade dos apócrifos:

• A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;

• Não foram aceitos por Jesus nem pelos escritores no N.T;

• A maior parte dos pais da igreja rejeitou a sua canonicidade;

• Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos, senão no final do século IV;

• Nenhuma igreja ortodoxa reconheceu os apócrifos como canônicos;

• Não reivindicam ser proféticos;

• Não detém autoridade divina;

• Contém erros históricos;

• Contém heresias, como oração pelos mortos;

• Há evidente ausência de profecia;

• O povo de Deus, a quem os apócrifos foram escritos, os recusou terminantemente.

3.4 O tema central do Antigo Testamento. Cerca de seis vezes no Novo Testamento, se afirma ser Jesus o próprio tema do Antigo Testamento (Mt 5.17; Lc 24.27,44; Jo 5.39; Hb 10.7). No caminho de Jerusalém para Emaús, Jesus com a finalidade de esclarecer sobre a sua morte e ressurreição, ele reafirmou ser o tema central das Escrituras: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24.27). Da semente prometida em Gênesis 3.15, através do servo sofredor em Isaías 53, ao que transpassaram conforme Zacarías 12.10, e o anjo do pacto em Malaquías 3.1. Jesus é visto em todas as partes do Antigo Testamento, o que Ele mesmo reafirmou ao se revelar aos seus discípulos em Jerusalém: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44). Cristo é o fio que atravessa todas as Escrituras, o tema central que as enlaça:

• Lei

• Fundamento da chegada de Cristo

IV – A ESTRUTURA DO NOVO TESTAMENTO

4.1 Divisão e classificação do Novo Testamento. O Novo Testamento é composto por 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do povo comum, chamado “Koiné”. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem: (a) Biografia (os Evangelhos – 4 livros): Mateus a João; (b) História (1 livro): Atos dos Apóstolos; (c) Epístolas (21 livros): Romanos a Judas; e, (e) Profecia (1 livro): Apocalipse.

4.2 O tema central do Novo Testamento. Tomando o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, podemos resumir que os 27 livros em quatro palavras referentes a Ele: (a) Manifestação: Os Evangelhos, que tratam da manifestação de Cristo em carne (Jo 1.14); (b) Propagação: O Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo (At 1.1-3); (d) Explanação: As Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo (Ef 3.4-11); (e) Consumação: O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas preditas, através de Cristo (Ap 1.4-8). Portanto, as Escrituras sem Jesus seriam como a física sem a matéria ou a matemática sem os números (GILBERTO APUD SCOFIELD, sd, p.13 – acréscimo nosso). Cristo tem a preeminência e a centralidade de todas as coisas (Cl 1.18; Rm 11.36).

CONCLUSÃO

A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis revelar à humanidade. Seu principal objetivo é demonstrar a salvação através da fé em Jesus Cristo. Por isso, não devemos modificar, acrescentar ou excluir nenhuma de Suas palavras, nem incluir nenhum outro livro que não foi inspirado por Deus.

REFERÊNCIAS

• BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.

• BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.

• GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

• GILBERTO, Antônio. A Bíblia Através dos Séculos. CPAD.

• GEISLER, NORMAN. Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 16 Jan 2022

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.