EBD | Classe Adultos – Lição 3 – A conversão de Saulo de Tarso
Fonte: Portal EBD
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre uma das mais importantes conversões da história, a de Saulo de Tarso; veremos alguns conceitos sobre a palavra conversão à luz das Escrituras; pontuaremos alguns aspectos importantes da experiência de Saulo no caminho para Damasco; e, por fim, quais as principais lições que podemos aprender sobre a sua conversão a Cristo.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA CONVERSÃO
1.1 Definição exegética. De acordo com Houaiss (2001, p. 827): conversão é: “o ato ou efeito de converter-se; transformação de uma coisa, de um estado, de uma forma etc., em outra”. No Antigo Testamento encontramos o termo hebraico: “shuv” que significa: “girar ou voltar”, que é usado tanto em ações físicas (2Rs 2.13), quanto morais e espirituais (1Rs 8.35; 2Cr 7.14; Pv 1.23; Is 59.20; Jl 2.12,14) (CHAMPLIN, 2004, p. 892 – acréscimo nosso). Já no Novo Testamento o equivalente para conversão é o substantivo: “epistrophe” que quer dizer: “virada de um lado para o outro ou em volta, conversão”, que aparece uma única vez no NT (At 15.3) (VINE, 2002, p. 508 – acréscimo nosso); de acordo com Tenney (2008, vol 1, p. 1147), o verbo “epistrephein” é a palavra grega mais comum para “converter”, aparecendo mais de trinta e cinco vezes. Basicamente, assim como com o substantivo cognato, esta palavra significa: “voltar”, “mudar de atitude”. É usada para designar o ato físico de virar-se, como Jesus fez quando a mulher o tocou (Mc 5.30). Quando é usada para descrever a conversão religiosa, diz respeito a desviar-se do pecado e voltar-se para Deus; a palavra implica em: “virada de e virada para”, correspondendo a arrependimento e fé (1Ts 1.9) (VINE, 2002, p. 508 – acréscimo nosso).
1.2 Definição teológica. Do ponto de vista teológico, conversão é à mudança que Deus opera na vida do que aceita a Cristo com o seu Salvador pessoal, modificando radicalmente a maneira de ser, pensar e agir (ANDRADE, 2006, p. 115). A conversão e o arrependimento andam juntos (At 3.19; 26.20). Enquanto o arrependimento se refere à mudança total do sentimento do homem e à sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa a nova posição para com o mundo, e representa, nesse sentido, uma mudança de situação: o homem que vinha andando no caminho largo para a perdição, muda repentinamente a direção e passa a andar no caminho estreito para o céu (Mt 7.13,14; Lc 13.24,25) (BERGSTEN, 2016, pp. 171,172 – grifo nosso). Com isso em vista, não podemos confundir conversão com regeneração, embora andem de mãos dadas, possuem aspectos diferentes, como afirma Gilberto (2008, p. 361 – grifo nosso): “regeneração é o ato interior da conversão, efetuada na alma pelo Espírito Santo. Conversão é mais o lado exterior e visível da regeneração. Uma pessoa verdadeiramente regenerada pelo Espírito Santo é também convertida” (Lc 22.32). Enquanto a regeneração enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser regenerado deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. É o que exatamente aconteceu de forma exemplificada na vida de Saulo.
II – A CONVERSÃO DE SAULO
A conversão de Saulo é com certeza um dos eventos mais importantes da história da igreja desde o primeiro século até o momento atual. O evangelista Lucas ressalta isto, ao relatar por três vezes em Atos dos apóstolos, o encontro desse homem com Cristo (At 9.1-18; 22.1-16; 26.9-18). É o único acontecimento que é descrito três vezes no livro de Atos. Vejamos os principais pontos desta importante conversão:
2.1 O local da conversão. Saulo como uma fera selvagem (At 9.1), e motivado por sua fúria implacável, decidiu não só perseguir os que em Jerusalém serviam a Cristo (At 26.10), como também nas cidades vizinhas (At 26.11). Com autorização dos principais dos sacerdotes se dirigiu a Damasco, capital da Síria, numa exaustiva viagem, cerca de duzentos e trinta quilômetros, o que levaria em torno de uma semana para realizar (BARCLAY, 1995, p. 65), com a expressa finalidade de: “[…] trazer maniatados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados” (At 22.5). Talvez Saulo tenha pensado que, eliminando o cristianismo em Damasco, evitaria a sua divulgação em outras áreas; mas, enquanto ainda estava: “indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu” (At 9.3), o Senhor Jesus de forma inesperada, interceptou a Saulo, lançando ao chão, frustrando os seus projetos e revelando a Sua glória.
2.2 A hora da conversão. O encontro de Jesus com Saulo, deu-se por volta do meio dia (At 22.6; 26.13), hora em que os viajantes costumavam parar para se alimentar e descansar. Mas, apesar do sol causticante, Saulo não parou a viagem, pois tinha pressa de chegar à cidade e pôr as mãos nos seguidores de Cristo. Porém, sem que ele esperasse, o Senhor Jesus apareceu a ele, antes que ele entrasse na cidade. A luz mais forte do que o sol do meio dia brilhou sobre a vida de Saulo: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2Co 4.6).
2.3 A revelação de Cristo na conversão. Ao ressuscitar, o Senhor Jesus enviou seus discípulos para pregar o evangelho a toda criatura (Mt 28.19,20; Mc 16.15; At 1.8). Mas, como Saulo não queria ouvir falar de Cristo e de Sua ressurreição, Jesus decidiu apareceu-lhe, pessoalmente. A primeira pergunta que Saulo ouviu do Senhor Jesus foi a seguinte: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.4). Com essas palavras, Jesus estava lhe dizendo que perseguir os cristãos significa perseguir o próprio Cristo (Mt 10.40; 25.15), visto que a igreja é o corpo de Cristo (1Co 12.12,13,26,27). Saulo perseguia a Cristo, e perdeu a batalha! Sem dúvidas, Saulo era um homem temido pelos cristãos, pois, havia feito muitos males com os santos (At 8.3; 9.13; 26.10,11). E, como se não bastasse sua fama, ele estava acobertado pelos principais dos sacerdotes. Mas, diante do Cristo ressurreto, ele caiu por terra. Mas não apenas ele, caiu também seu “eu” e seus projetos de exterminar o cristianismo, sendo Saulo conquistado por Cristo: “[…] mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.12 – NAA).
III – EVIDÊNCIAS DA CONVERSÃO DE SAULO
Saulo a princípio, foi desacreditado por alguns irmãos, quanto a ser ele um autêntico cristão (At 9.26); sendo, portanto, necessário, dar evidências que de fato havia se convertido. Notemos:
3.1 Mudança de caráter. Saulo pretendia entrar na cidade como um representante do sinédrio, onde, possivelmente, seria recebido com honra. No entanto, sua entrada foi bem diferente: abatido, trêmulo e cego. E, como se não bastasse, ficou três dias sem comer e sem beber (At 9.9). Durante esse período, ele jejuou e dedicou-se à oração (At 9.9,11). Fisicamente, houve uma tragédia, pois ele ficou cego; mas, espiritualmente, ocorreu um milagre, pois ele pôde ver a luz da glória de Cristo. Morreu um judeu orgulhoso e cruel, mas nasceu um cristão humilhado e quebrantado. Daquele momento em diante, Saulo tornou-se uma nova criatura em Cristo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Seu testemunho de conversão foi concretizado ao ser cheio do Espírito e ter sido batizado (At 9.17,18).
3.2 Mudança de relacionamento. Ao chegar na casa em que Saulo estava, o discípulo chamado Ananias impôs as mãos sobre ele e disse: “[…] irmão Saulo […]” (At 9.17); o que era antes chamado de perseguidor e opressor dos cristãos, agora é um irmão em Cristo (2Pd 3.15), pertencente à família de Deus (Ef 2.19), sendo herdeiro de Deus e cordeiro de Cristo (Rm 8.17).
3.3 Mudança de teologia. A transformação na vida de Saulo decorrente do encontro com Cristo, além de mudar o seu caráter mudou também a sua visão a respeito da natureza de Jesus e de sua obra. O evangelista Lucas registra que na sinagoga Saulo anunciava aos judeus, tanto a natureza divina de Jesus: “pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus” (At 9.22); como também a sua messianidade: “[…] e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo” (At 9.22). Saulo que antes entendia que perseguia os discípulos de alguém que permanecia morto, passou a defender que Jesus havia morrido: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado […]” (1Co 1.23), mas, também havia ressuscitado: “[…] os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor” (Rm 4.24), com o propósito de garantir a salvação de quem nele crer: “[…] se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
3.4 Mudança de propósito. A obediência é um dos principais aspectos do caráter convertido de Saulo. Aquele que tinha como finalidade de sua vida perseguir os que serviam a Cristo, agora tem como propósito obedecer ao Senhor. Quando ele perseguiu a igreja de Deus, o fez por ignorância e incredulidade (1Tm 1.13). Em seu primeiro diálogo com Cristo, ele perguntou: “Senhor, que queres que faça?” (At 9.6; 22.10). Deste momento em diante alguém lhe diria o que teria que fazer. Além de reconhecer o senhorio de Cristo, Saulo demonstrou, desde então, uma entrega incondicional à Cristo, bem como sua disposição para obedecê-lo (At 20.24; 21.13; Fp 3.7). O autêntico cristão é alguém que deixou de fazer o que ele desejava e começou a fazer o que Jesus Cristo quer que faça, como o próprio Paulo afirmou: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).
3.5 Mudança de missão. Saulo antes da conversão, tinha como zelo religioso de varrer o cristianismo da face da terra (Fp 3.6). Mas, logo após a sua experiência com Cristo no caminho para Damasco, sua missão passou a ser testemunha de Jesus: “E logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus. Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo” (At 9.20,22); o que o próprio Deus se encarregou de deixar claro que para isso ele havia sido escolhido (At 9.15).
IV – PRINCIPAIS LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM A CONVERSÃO DE SAULO
4.1 A grandiosidade da graça de Deus para salvar. Fica evidente na experiência de conversão de Saulo, quão grande é a graça de Deus para salvar o mais vil pecador: “[…] Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna” (1Tm 1.15-17). Tornando-se um exemplo de que todos podem desfrutar da salvação em Cristo Jesus por meio da sua maravilhosa graça (Rm 5.20; Ef 2.8). Em Tito 2.11 Paulo diz: “[…] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra
claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1Pd 1.17).
4.2 O poder do evangelho para transformar. Uma vez que sua vida foi alcançada, Paulo ressalta a capacidade que o evangelho tem em transformar: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16). O Evangelho são boas novas de perdão dos pecados, de salvação para a alma e de vida eterna em Cristo Jesus (Mt 11.5; Mc 1.15; Lc 9.6; At 8.1; Rm 1.15).
CONCLUSÃO
A conversão de Paulo é um dos principais assuntos do livro dos Atos dos Apóstolos (At 9.1-19; 22.4-16; 26.12-18). Depois do seu encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco, ele teve a sua vida transformada e tornou-se um grande pregador do Evangelho. Sua vida, ministério e ensinamentos trouxeram benefícios não só para os seus contemporâneos, mas também, para toda a humanidade. Ele foi “um vaso escolhido” pelo Senhor Jesus para fazer com que o Seu Nome fosse conhecido por todos os povos de sua época (At 9.15; Cl 1.23) e não foi desobediente à visão celestial (At 26.19). REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia: Cultura Cristã. Vol 1. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
• TEOLOGIA SISTEMÁTICA PENTECOSTAL. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/718 Acesso em 09 Out. 2021
Lidiane Santos
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