EBD | Classe Adultos -Lição 10 – As profecias despertam e trazem esperança
Fonte: Portal EBD
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo profeta tanto no AT como no NT; pontuaremos a diferença entre o profeta na Antiga e na Nova Aliança; relacionaremos as características dos profetas na Bíblia; e por fim, analisaremos o ministério profético nas Escrituras.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA
1.1 No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabi” que aparece mais de 300 vezes, e que vem da raiz verbal: “naba”. Essa palavra significa: “anunciador, alguém que fala em nome de Deus”, e por extensão, aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento intuitivo. Os temos hebraicos: “roeh” (aparece em 12 ocasiões) e “hozeh” (aparece em 18 ocasiões) também são usados. Ambos significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”. Todas as três palavras aparecem em 1Crônicas 29.29. “Nabi” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs 1.8; 2Rs 3.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).
1.2 No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece 149 vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pd 1.10; 2Pd 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteia” que significa: “profecia” é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pd 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro” que quer dizer: “antes, em favor de”, e o termo, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).
II – DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305). Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:
2.1 O profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2Rs 17.13). “No AT este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p. 84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança” (ANDRADE, 2006, p. 305). Os profetas veterotestamentários podem ser classificados como profetas orais e literários.
2.1.1 Funções exclusivas dos profetas do Antigo Testamento. O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como: (a) ungir reis (1Sm 9.16; 16.12-13; 1Rs 19.16); (b) aconselhar reis (1Sm 10.8; 21.18; 2Sm 12; 2Rs 6.9-12); (c) ser consultado pelas pessoas (1Sm 9.8-10; 1Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon sagrado não estão à mercê de julgamento humano (2Pd 1.21).
2.2 O profeta no Novo Testamento. “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo” (STAMPS, 2012, p. 1814). Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT: (a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At 2.14-36; 3.12-26; I Co 12.10; 14.3); (b) Exercia o dom de profecia (At 13.1-3); (c) Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).
III – CARACTERÍSTICAS DOS PROFETAS NA BÍBLIA
Os profetas pregaram tudo o que diz respeito à vida e à piedade. A mensagem dos profetas foi entregue às gerações futuras, preparando-as para o tempo do Evangelho (1Pd 1.12). Os profetas eram pessoas que falavam em nome de Deus (Dt 18.18-20; 1Rs 17.24; 22.28). Também eram conhecidos como: “homem de Deus” (2Rs 4.21), “servo de Deus” (Is 20.3; Dn 6.20), “atalaia” (Ez 3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Vejamos outras características dos profetas:
3.1 Eles tinham um estreito relacionamento com Deus. Por estarem em perfeita harmonia com Deus (Am 3.7), os profetas compreendiam, melhor do que qualquer outra pessoa, os propósitos divinos e, muitas vezes, tinham o mesmo sentimento de Deus (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
3.2 Eram pessoas que buscavam o bem do povo. Eles advertiam o povo contra a confiança na sabedoria, riqueza, poderes humanos e falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Além disso, tinham profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13,19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8); e não toleravam a crueldade, imoralidade e injustiça social (Is 32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1).
3.3 Tinham um estilo de vida característico. Em sua maioria, os profetas abandonaram as atividades corriqueiras da vida para viverem exclusivamente para Deus (1Rs 17.1-6; 19.19-21). Alguns deles viviam solitários (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 5.10; 7.10-13; Jn cap. 3,4), sem, contudo, fugir da responsabilidade para a qual foram comissionados (Ez 2.4-6; 3.8,9; 33.6-7; Mq 3.8; Jr 2.19).
3.4 Eles anunciavam eventos futuros. Muitas de suas mensagens diziam respeito a eventos futuros. Os profetas previram, por exemplo, a destruição de Samaria pela Assíria (Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15); a destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12; 21.2,24-27); a vinda do Messias (Is 7.14; 9.6,7; 22.22; Jr 23.5,6; Mq 5.2,5); e outros eventos que ainda estão para se cumprir, como a Grande Tribulação (Dn 9.24-27; Jr 30.7); a Vinda de Jesus (Zc 14.4); e o Reino do Messias (Is 11.1-16).
IV – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA BÍBLIA
4.1 O chamado do profeta. Um ministério profético começava com a experiência da vocação divina (Am 7.14,15). Não existia “autocandidatura”, mas “candidatura do alto”. Era Deus quem levantava e escolhia seus profetas (Os 1.1; Jl 1.1; Jn 1.1). Enquanto o homem baseava-se na aparência para fazer suas escolhas, Deus se valia de questões interiores, não observáveis e não palpáveis (1Sm 16.7). Os profetas foram chamados por Deus e inspirados pelo Espírito Santo (Zc 7.7; 2Tm 3.16; 2Pd 1.19-21).
4.2 O ofício profético. O profeta era um porta-voz, um embaixador de Deus entre os homens. Um contraste nítido entre o sacerdote e o profeta podia ser facilmente identificado: Enquanto o sacerdote era um representante do povo diante de Deus, o profeta representava Deus diante do povo (Dt 33.1; 1Rs 13.1; 2Rs 4.9). A voz dos profetas era a voz de Deus. Eles falavam em nome do Criador, geralmente por meio da célebre frase: “Assim diz o Senhor”. Deus havia condenado as práticas adivinhatórias cananitas (Dt 18.9-14), mas permitiu que os profetas fossem consultados (1Sm 9.9).
4.3 A missão do profeta. Como “um homem entre os homens” poderia carregar para si a responsabilidade de ser porta-voz de Deus. É por isso que os profetas relutavam diante desta chamada (Êx 3.11; Is 6.5-8; Jr 1.6). O encargo era demasiadamente pesado, entretanto, a glória da revelação atraía-os de tal modo que não conseguiam se esquivar deste ministério. Eles eram homens profundamente piedosos. A devoção se permutava com a coragem na consecução do propósito de denunciar, exortar, condenar e consolar suas gerações. Deus, em sua Onisciência, escolhia os “valentes” certos para combater o bom combate (Am 7.14; Os 12.10; 1Co 1.27). Os profetas do AT não se calavam diante das adversidades. Foram perseguidos e sofreram retaliações, mas continuaram defendendo a verdade de Deus.
CONCLUSÃO
Os profetas eram porta-vozes de Deus e foram chamados, principalmente, em períodos de apostasia, injustiça e imoralidade. Sua principal missão era chamar o povo ao arrependimento e anunciar o juízo divino, caso o povo não se arrependesse. Esses livros foram preservados e inclusos no Cânon Sagrado por sua importância, não apenas para seus destinatários, mas, também, para os cristãos na atualidade, para que pudéssemos aprender e ser edificados através de seus escritos.
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• ESCOBAR, Juan Carlos. Profetas e Visionários. CPAD.
• SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. CPAD.
• COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 27 fev. 2022
Lidiane Santos
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