EBD | Classe Adultos – Lição 10 – A restauração nacional e espiritual de Israel

Fonte: Portal EBD

INTRODUÇÃO

O capítulo 37 de Ezequiel descreve uma das profecias mais conhecidas da Bíblia: A Visão de um vale de ossos secos, que representa a dupla restauração de Israel: nacional e espiritual. Nesta lição, definiremos o termo “restauração” e explicaremos o significado de restauração nacional e espiritual; explicaremos como se deu a visão do vale de ossos secos; e, finalmente, citaremos algumas promessas de restauração descritas nos capítulos 36 e 37 de Ezequiel.

I – DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA

1.1 Definição do termo Restauração. Houaiss define restauração como: “obter novamente a posse ou o domínio de alguma coisa”; recuperar; reparar; restabelecer”. A Bíblia descreve diversos tipos de restauração, tais como: restauração do altar e da casa do Senhor (1Rs 18.30; 2Cr 24.12,13,27; 33.16; 35.20); restauração da saúde (2Rs 5.5.10,11; Is 38.16); restauração da vida (2Rs 8.5); restauração de muros (2Cr 32.5; Ed 4.12,13,16; 5.3,9; Ne 3.8); restauração das forças (Lm 1.11,16,19), etc. Porém, em sua maioria, este termo refere-se à restauração de Israel (Sl 14.7; 53.6; Sl 80.3,7,19; 85.1; 126.1; Is 49.6,8; 61.4); e diz respeito a um duplo milagre operado por Deus na nação de Israel e do povo judeu. Não só Ezequiel, mas, diversos outros profetas também anunciaram a restauração de Israel (Jr 30.17-22; 32.36-44; 33.6-16; Ez 16.53; 36.245-29; Dn 9.25).

1.2 A restauração nacional de Israel. Representa o restabelecimento da nação de Israel e o retorno do povo judeu à sua terra. Esta restauração nacional de Israel já ocorreu duas vezes no passado: (1) Nos dias de Zorobabel, Esdras e Neemias, quando o povo judeu retornou do cativeiro para reconstruir o Templo e a cidade de Jerusalém (2Cr 36.22,23; Ed 1.1-11; Ne 2.1-10); (2) Quando Israel foi reconhecida como uma nação pela Organização das Nações Unidas, em maio de 1948. Mas, também aponta para o futuro, por ocasião do estabelecimento do Reino Milenial, quando o Senhor trará os judeus, que ainda se encontram espalhados em diversas nações do mundo, de volta para a sua terra, onde eles habitarão seguros (Is 11.11-13; 59.19-21; Jr 3.18; Am 9.11; Na 2.2; Zc 10.10).

1.3 Restauração espiritual de Israel. Diz respeito a conversão do povo judeu. Embora Deus tenha escolhido o povo de Israel para a execução dos seus eternos propósitos (Gn 12.1-3; 28.14; Êx 19.5,6), o povo judeu não recebeu a Jesus como o Messias (Mt 27.22,23; Jo 1.11). Por isso, estão hoje, espiritualmente mortos. A restauração espiritual de Israel dar-se-á no futuro, na ocasião da Segunda Fase da Segunda Vinda de Cristo, quando os filhos de Israel reconhecerão que Jesus é o Messias, quando Jesus descer sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória para livrar a Israel na Batalha do Armagedom e implantar o Seu Reino Milenial na Terra (Jr 31.31-34; Zc 12.10; Mt 24.30; 26.64; 14.1-11; Rm 11.26; Ap 19.15-21).

II – A VISÃO DO VALE DE OSSOS SECOS

A visão do vale de ossos secos é uma das mais conhecidas do livro de Ezequiel. Vejamos como se deu a visão:

2.1 Como se deu a visão. A profecia em forma de visão se inicia com a expressão: “Veio sobre mim a mão do Senhor” (Ez 37.1a). Essa expressão e outras semelhantes aparecem sete vezes no livro (Ez 1.3; 3.14,22; 8.1; 33.22; 37.1; 40.1). Depois o profeta diz: “…o Senhor me levou em espírito” (Ez 37.1b). “A construção hebraica é “berûa.”, literalmente, “em espírito”, ou “pelo Espírito”, como aparece na maioria das nossas versões. A Septuaginta (versão do AT em grego) está alinhada com as Escrituras Hebraicas e emprega a expressão grega “en pneumati”, ‘em espírito’. Isso nos permite interpretar que o Profeta foi levado em espírito e mostra que Ezequiel recebeu essa visão estando em sua casa; o contexto não apresenta indicação alguma de que o profeta tenha sido levado ao lugar onde estavam os ossos vistos em visão.” (SOARES, SOARES, 2020, p. 119). O profeta diz ainda: “… e me pôs nomeio de um vale que estava cheio de ossos e me fez andar ao redor deles…” (Ez 37.1c; 2a). O que o profeta viu nesta visão, foi uma espécie de cemitério a céu aberto, onde havia esqueletos de uma multidão de pessoas.

2.2 A primeira etapa da profecia. O Senhor perguntou a Ezequiel se aqueles ossos secos poderiam reviver. Do ponto de vista humano, seria impossível que aqueles ossos pudessem voltar a ter vida outra vez. Mas, do ponto de vista divino, seria possível, pois não há impossível para Deus (Gn 18.14; Lc 1.37). Por isso, o profeta não soube o que responder, e disse: “Senhor Jeová, tu o sabes” (Ez 37.3). Então, o Senhor lhe ordenou que ele profetizasse aos ossos secos (Ez 37.4), e, quando ele profetizou, houve um barulho, e os ossos se uniram, cada osso ao seu osso, e depois vieram sobre eles os nervos, a carne e a pele, mas, não tinham vida (Ez 37.5-8). A restauração de Israel à vida nos faz lembrar a criação do
homem, conforme relata (Gn 2.7). Adão foi primeiro formado fisicamente, e a seguir, Deus lhe deu o fôlego da vida. Semelhantemente, a nação de Israel deveria primeiro ser restaurada fisicamente, e depois, Deus daria aos israelitas o fôlego da vida, isto é, derramaria sobre eles o Espírito” (STAMPS, 2016, p. 1223).

2.3 A segunda etapa da profecia. Na segunda etapa da profecia, o Senhor disse ao profeta que ele profetizasse para que o espírito viesse sobre os mortos, para que eles revivessem (Ez 37.9). Quando Ezequiel profetizou, o espírito veio sobre aqueles corpos, eles reviveram, se colocaram de pé e se tornaram em um grande exército (Ez 37.10,11). Esta profecia nos revela que Israel seria restaurado, não apenas nacionalmente, mas, também, espiritualmente. Da mesma maneira que o espírito entrou naqueles corpos, para que eles pudessem reviver, o Senhor promete que colocaria neles o Seu Espírito e eles teriam vida “espiritual” (Ez 37.14). Sem dúvida, esta profecia aponta para a conversão dos judeus, que ocorrerá no período sombrio da Grande Tribulação (Ap 7.4-8) e culminará no retorno de Cristo à Terra, quando os judeus reconhecerão que Jesus é o Messias (Zc 12.10).

2.4 O significado da profecia. Por intermédio do profeta Ezequiel, Deus revela que o cativeiro babilônico e a dispersão do povo judeu não seria para sempre. Assim como aquele vale que estava cheio de ossos secos, mas, após a profecia, eles puderam reviver e se tornar em um exército, o mesmo se daria com o povo de Israel. O próprio Deus diz que abriria as sepulturas do povo judeu, e os levaria a terra de Israel, e poria neles o Seu Espírito (Ez 37.12-14). “Por meio do Espírito Santo, Ezequiel vê numa visão um vale cheio de ossos secos. Os ossos representam toda a casa de Israel (Ez 37.11). Deus mandou Ezequiel profetizar para os ossos (Ez 37.4-6). Os ossos, então, reviveram em duas etapas: uma restauração nacional, ligada à terra (Ez 37.7,8), e uma restauração espiritual, ligada a fé (Ez 37.9,10). Esta visão tinha por objetivo garantir aos exilados a sua restauração pelo poder de Deus e o restabelecimento como nação na terra prometida, apesar das circunstâncias críticas de então (Ez 37.11-14)” (STAMPS, 2016, p. 1223).

2.5 O propósito da profecia. A visão do vale de ossos secos dada por Deus ao profeta Ezequiel, tinha por objetivo resgatar a esperança do povo judeu, que estava cativo na Babilônia, de voltar a sua pátria e reconstruir Jerusalém, pois eles haviam perdido toda e qualquer esperança de restauração, e diziam: “os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança” (Ez 37.11). O mesmo Deus que se utilizou do profeta Ezequiel, para anunciar a destruição de Jerusalém (Ez 7.1-27; 36.16-19), também anunciou a restauração de Israel e do povo judeu (Ez 37.22-37.28). Em resumo, nesta visão, o Senhor promete: 1) Trazer o seu povo de volta à sua terra (Ez 37.12); e, 2) Colocar neles o Seu Espírito (Ez 37.14).

III – PROMESSAS DE RESTAURAÇÃO

Os capítulos 36 e 37 de Ezequiel, descrevem uma série de promessas de restauração feitas ao povo judeu e a nação de Israel. “Deus revela a Ezequiel que o povo judeu não ficará mais dividido entre duas nações (Israel e Judá), mas, que se tornarão ‘uma só nação’ na terra de Israel (Ez 37.22). Ele revela a descrição escatológica de um Israel regenerado que não mais ‘se contaminará’, pois o Senhor diz: ‘Eu serei o seu Deus.’”. (LAHAYE, HINDSON, 2008, p. 74). Embora algumas delas já tenham se cumprido parcialmente, a maioria terá o seu cumprimento cabal no futuro. Vejamos:

3.1 Deus tornará a trazer o seu povo que foram espalhados para outras nações (Ez 36.24,28,33,36; 37.21,25).

3.2 O povo judeu será purificado e curado da sua idolatria (Ez 36.25,29,31,33; 37.23).

3.3 O Senhor irá tirar o coração de pedra e lhes dará um coração de carne (Ez 36.26).

3.4 O Senhor Deus lhes dará o Seu Espírito e eles guardarão os seus estatutos (Ez 36.27; 37.24).

3.5 Eles serão o seu povo e Ele será o seu Deus (Ez 36.28; 37.23,27).

3.6 O povo de Israel será próspero e não mais virá fome sobre eles (Ez 36.29,30,34,35).

3.7 A semente de Israel será multiplicada como os rebanhos (Ez 36.37,38).

3.8 Os dois reinos de Israel (Norte e Sul) serão unificados, mais uma vez (Ez 37.22).

3.9 O Senhor fará com Israel um concerto de paz e perpétuo (Ez 37.26).

3.10 O templo do Senhor será estabelecido em Israel “para sempre” (Ez 37.26-28).

CONCLUSÃO

A visão do vale de ossos secos dada por Deus ao profeta Ezequiel tinha por objetivo alimentar a esperança do povo judeu acerca da restauração nacional e espiritual de Israel. Parte dessa profecia já se cumpriu no passado, pois o povo judeu já voltou a sua terra, e Israel foi reconhecida como nação. Mas, ela só terá o seu pleno cumprimento no final da Grande Tribulação, quando Cristo voltar para implantar o Seu Reino Milenial, quando Israel o receberá como o Messias, e os israelitas, que ainda se encontram espalhados pelo mundo, retornarão para habitar na sua pátria.

REFERÊNCIAS

• GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. CPAD.

• LAHAYE, Tim & HINDSON, Ed. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.

• SOARES, Esequias & Daniele. A Justiça Divina. CPAD.

• STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 28 de Nov 2022

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.