EBD | Classe Adultos: as histórias e as poesias falam ao coração
Fonte: Portal EBD
INTRODUÇÃO
Nesta lição abordaremos de forma panorâmica os livros históricos; destacaremos também as principais informações e mensagens encontradas nos livros poéticos; e por fim, quais lições podemos aprender sobre as histórias e poesias das Escrituras do Antigo Testamento.
I – UM PANORAMA DOS LIVROS HISTÓRICOS
A designação de livros históricos é direcionada aos doze livros que se iniciam com Josué e encerra-se com Ester. São assim chamados, porque enquanto o Pentateuco traça a história redentora, desde a criação até à morte de Moisés, os livros históricos tratam do desenvolvimento de Israel na Terra prometida. Podendo esses livros serem classificados em três períodos principais: (a) Período Teocrático (Josué, Juízes e Rute); (b) Período Teocrático-Monárquico (1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas); e, (c) Período pós-cativeiro (Esdras, Neemias e Ester) (BENTHO, 2019, p. 173 – grifo nosso). Vejamos um resumo de cada um deles:
1.1 Josué. O livro de Josué registra um período de cerca de 40 anos da história de Israel. Deus prometera levar o seu povo à Terra Prometida (Js 1.2,6). Canaã seria a base de operações para eles alcançarem o propósito determinado por Deus na história. Josué registra o cumprimento dessa promessa divina. Israel entrou na terra, derrotou o poder militar das tribos cananéias nativas e começou a ocupar a terra (Js 1-12). Foi eficaz na medida em que confiou e obedeceu a Deus (Js 6). O livro de Josué preparou o terreno para a revelação posterior, registrando a entrada dos israelitas na terra onde eles seriam luz para as outras nações do mundo (Is 42.6) e prova de como é glorioso viver sob a mão diretiva do Senhor. A entrada em Canaã era essencial aos planos e propósitos adicionais de Deus referentes ao seu reino de sacerdotes (Êx 19.6), que receberam o privilégio de levar outros povos ao verdadeiro Deus. Mas o fracasso de Israel em expulsar totalmente os cananeus tornou-se a tarefa mais difícil de cumprir
1.2 Juízes. O livro de Juízes cobre um período histórico de aproximadamente 265 anos (ZUCK, 2008, p.110). Houve seis períodos de opressão dos inimigos de Israel abarcados pelo livro. nesse período dos juízes o povo de Israel diversas vezes naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos ídolos e vivendo de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1; 17.6). Mas, também registra a ação graciosa de Deus, em agir em benefício de seu povo, quando esses se voltavam ao Senhor (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 7.20; 10.10).
1.3 Rute. O livro de Rute pertence aos livros do AT chamados de “Megilloth” ou “cinco rolos” (Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester); lidos respectivamente em cinco ocasiões especiais durante o ano no calendário festivo de Israel, sendo o livro de Rute lido na festa da Colheita (Pentecostes). Sobre a autoria vários estudiosos atribuem ao profeta Samuel, mas, o autor é considerado anônimo. Apenas dois livros na Bíblia levam nomes de mulheres, o de Ester e o de Rute. Os eventos históricos no livro de Rute aconteceram antes do estabelecimento da monarquia em Israel (Rt 1.1). O livro pontua uma fome que se instaurou não somente por causas naturais, mas por desobediência à sua Palavra, como ocorria frequentemente no período dos Juízes. Deus puniu o seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68); no entanto, a história de Rute, brilha como um holofote em uma era de escuridão vivida pela nação (Rt 2.20).
1.4 1º e 2º Samuel. Estes livros, como a maioria dos livros históricos, são anônimos. No entanto, o profeta Samuel é geralmente considerado o autor de 1 Samuel 1-24, e Natã e Gade os autores da parte restante (1Cr 29.29). Os dois livros de Samuel são os primeiros dos seis “livros duplos” que originalmente não estavam divididos (1 e 2 Samuel; 1 e 2 Reis; 1 e 2 Crônicas). Eles foram divididos em dois pelos tradutores da Septuaginta (ELISSEN, 2010, p. 90 – grifo nosso). Os acontecimentos relatados nos dois livros de Samuel cobrem o período do nascimento de Samuel até o fim do reinado de Davi; o período de tempo para os livros de Samuel é de cerca de 130 anos aproximadamente. Os livros de Samuel cobrem o período de transição da liderança das mãos dos juízes divinamente escolhidos (Jz 2.16) até a monarquia (1Sm 8.7).
1.5 Reis e Crônicas. Os dois livros dos Reis de Israel, por seus títulos já descrevem o seu conteúdo. Os livros de Crônicas tradicionalmente são atribuídos a pessoa do sacerdote Esdras, provavelmente escrito pós cativeiro, contendo o resumo da história de Israel. Em vez de escrever uma obra exaustiva, ele tece a narrativa cuidadosamente, destacando lições espirituais e verdades morais. A história registrada nesses livros, cobre aproximadamente um período 410 anos. Os principais acontecimentos registrados, além da morte de Davi (1Rs 2.1-11), o reinado de Salomão e construção do Templo (1Rs 4.1-28; 6.1-38), a divisão do reino (1Rs 12.1-25), o cativeiro Assírio (2Rs 17.21-29); e, Babilônico (2Rs 24.1-20; 25.1-30).
1.6 Esdras e Neemias. A autoria de Esdras e Neemias é anônima. A tradição geralmente atribui ao sacerdote Esdras a autoria dessas duas obras. Ambos contêm material encontrado um num outro e se completam mutuamente. Esdras e Neemias não apenas está ligado a Crônicas em sua introdução (Ed 1.1,2; 2Cr 36.22,23), como também possui similaridades na linguagem, terminologia,
temas e perspectiva. Provavelmente foram escritos por volta de 400 a.C, onde se encontra o registro dos principais eventos que marcaram a vida pós exílio bem como, a restauração estrutural e religiosa da cidade de Jerusalém.
1.7 Ester. O título do livro se dá pela figura central da narrativa “Ester” o seu nome persa, que significa “estrela”. A autoria do livro é anônima, tendo sido atribuídos como possíveis autores: Esdras ou Mardoqueu. É possível que tenha sido escrito após a morte de Assuero (Xerxes), quando os seus relatórios foram completados no livro da história dos reis (Et 10.2). Os acontecimentos narrados no livro se encaixam cronologicamente, entre os capítulos 6 e 7 do livro de Esdras. Enquanto os livros de Esdras e Neemias relatam a volta dos cativos para Jerusalém, o livro de Ester focaliza os que permaneceram na terra do cativeiro, e como esses enfrentaram a perseguição de Hamã e como Deus se utilizou de uma jovem judia, para trazer livramento ao seu povo. Embora o nome de Deus não seja mencionado, sua soberania e providência são evidentes em toda a narrativa.
II – UM PANORAMA DOS LIVROS POÉTICOS E SAPIENCIAIS
2.1 Jó. Inúmeras sugestões têm sido feitas quanto a possíveis autores desse livro. Entre elas estão o próprio Jó, Salomão, Esdras, Moisés e uma variedade de pessoas anônimas, dentre elas um dos amigos de Jó, cujo nome foi Eliú. Tal hipótese é levantada pelo fato de ser ele o único amigo que o livro detalha a genealogia (Jó 32.2,6). Na nossa Bíblia, o livro de Jó encabeça os livros poéticos ou sapienciais. Jó foi uma pessoa histórica, as localidades e os nomes são reais e não fictícios. O Livro de Jó é uma das partes mais grandiosas das Escrituras, um armazém celestial de conforto e instrução, um precioso monumento da teologia primitiva. 2.2 Salmos e Cantares. A palavra para Salmos no hebraico é: “tehilîm”, que significa: “louvor”. O título do livro em português vem da tradução grega (LXX – septuaginta), “psalmoi” que significa: “cânticos de louvor”. Sendo esse livro uma coleção de muitos salmos, não possui um único autor, embora a Davi é relacionado a autoria de vários; além dos salmos de Davi, encontramos os que são atribuídos a: (a) Salomão (Sl 72; 127); (b) Asafe (Sl 50; 70-83); (c) os filhos de Corá (Sl 42; 44-49); (d) Etã (Sl 89); (e) Hemã (Sl 88); e, (f) Moisés (Sl 90). Há inúmeras mensagens espalhadas pelos 150 salmos, mas sobretudo este registro das respostas do povo de Deus em oração e adoração, tem como propósito ensinar como deve o servo de Deus relacionar-se com Ele nas variadas circunstâncias da vida. Já o livro de Cantares, celebra o amor de Salomão (a quem é atribuída a autoria do livro), por sua amada noiva a Sulamita (Ct 6.13). Uma vez que no livro de Cantares, o amor perfeito é retratado, isso aponta para o amor de Deus pelo seu povo.
2.3 Provérbios e Eclesiastes. Provérbios e Eclesiastes são dois, dos três livros escritos pelo sábio Salomão (Pv 1.1; 1Rs 4.32; Ec 1.1,12). No primeiro, ele reuniu em curtas frases, um breve resumo dos mandamentos divinos, que dizem respeito, principalmente, aos princípios éticos e morais. No segundo, ele descreve suas próprias experiências, demonstrando que o verdadeiro sentido da vida não consiste em realizações pessoais, e sim, em viver de acordo com os padrões estabelecidos por Deus (Ec 12.1). Embora escritos por volta de 3.000 anos atras, estes livros contêm conselhos, mandamentos e ordenanças eternas e imutáveis, que servem também para nós, que vivemos no século XXI. Por isso, não devemos ler os Provérbios, como simples ditos populares; nem o livro de Eclesiastes, como uma mera biografia ou relato das experiências de um rei; mas, como conselhos divinos para nós (Rm 15.4).
III – LIÇÕES EXTRAÍDAS DOS LIVROS HISTÓRICOS E POÉTICOS
3.1 A grandeza de Deus para cumprir promessas. Deus havia prometido a Davi que o seu reinado seria permanente, se os seus filhos pecassem, seriam castigados, mas o Senhor não apartaria sua misericórdia conservando para sempre o seu trono (2Sm 7.12-16). Logo, apesar do pecado de Salomão e de Roboão, Deus sempre manteve o trono de Davi ocupado com um de seus descendentes, mantendo sempre acesa uma lâmpada em sua linhagem (1Rs 12.36,39). Tal linhagem culminou no Messias, o Filho de Davi, que no Milênio reinará sobre toda a terra, a partir de Jerusalém (Lc 1.31-33; Ap 20.4; Is 2.3).
3.2 A importância do arrependimento para a restauração. Nas Escrituras encontramos não só as virtudes como também as fragilidades dos servos de Deus (Js 9.1-14; Jz 2.10-14; Sl 51.2,3). Porém, todas as vezes em que houve o reconhecimento e arrependimento, o Senhor demonstrou a sua graça e misericórdia para perdoar (1Rs 21.29; 2Cr 7.14,15; 12.7,12; Ne 9.1-3; Sl 78.38; Pv 28.13).
3.3 Devemos ser gratos a Deus independente das circunstâncias. Ao lermos os livros históricos e poéticos aprendemos também, a confiarmos em Deus em todas as circunstâncias (Jó 1.21,22; Sl 37.4-7). Devemos confiar no Senhor não apenas quando não entendemos, mas porque não entendemos. O salmista nos diz: “O caminho de Deus é perfeito” (Sl 18.30), e se os caminhos de Deus são “perfeitos”, então podemos confiar que tudo o que Ele faz e tudo o que Ele permite também é perfeito. No entanto, a nossa responsabilidade para com Deus é obedecer e confiar nele, submetendo-nos à sua vontade, quer entendamos ou não (Sl 92.5; Is 55.8-9).
CONCLUSÃO
Os livros históricos e poéticos, são obras inspiradas por Deus; cujas mensagens marcaram não só o período em que foram escritos, como ainda hoje falam fortemente ao coração de todo ser humano.
REFERÊNCIAS
• BENTHO. Costa Esdras. PLÁCIDO. Leandro, Reginaldo. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. CPAD.
• ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• ZUCK, B. Roy. Teologia do Antigo Testamento. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 20 fev. 2022
Lidiane Santos
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