EBD | Classe Jovens – Lição 8 – A impureza da igreja de Corinto: repreensões e exortações

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • COMPREENDER o significado e a necessidade da disciplina na igreja em Corinto;
  • MOSTRAR a disciplina como preservação da santidade da Igreja;
  • CONSCIENTIZAR do cuidado com a pessoa depois da disciplina.

INTERAÇÃO

Professor(a), a ênfase da aula de hoje é a disciplina eclesiástica. Ela é bíblica e deve ser usada com firmeza e amor para que todo o Corpo de Cristo, a Igreja, não venha sofrer as consequências do erro de algumas pessoas. Sabemos que todos os homens estão sujeitos a cometer erros, e a disciplina é necessária para a restauração daqueles que cometeram algum pecado.

É importante ressaltar que a disciplina precisa ser feita com o consentimento da igreja e que aqueles que foram disciplinados, não sejam abandonados. Eles devem ser tratados com firmeza, mas com misericórdia e amor. Precisamos amar o pecador, mas odiar o pecado e saber que sem santificação, ninguém jamais verá ao Senhor.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado(a) professor(a), com antecedência escreva no quadro as duas definições abaixo. Dê início a aula fazendo a seguinte indagação: “O que é disciplina?”. Ouça os alunos e incentive a participação de todos. Diga que ênfase da aula é a disciplina eclesiástica. Em seguida apresente e explique os dois conceitos segundo o autor Thomas Reginald Hoover.

DISCIPLINA: “Treinamento, em especial, da mente e do caráter; condição de estar bem treinado; ordem mantida entre membros de um grupo; castigo com finalidade de corrigir”.

DISCIPLINAR: “Produzir uma condição de ordem e obediência”.

TEXTO BÍBLICO

1 Coríntios 5.1-13.

INTRODUÇÃO

No capítulo cinco da Primeira Carta aos Coríntios, Paulo registra um problema na igreja que era um verdadeiro escândalo de ordem moral, inconcebível até mesmo no paganismo. Um dos membros da igreja havia se amasiado (amigado) com sua madrasta. O apóstolo censura duramente a igreja, que parecia estar indiferente com a vexatória situação. Ele propôs uma ação que não era, e continua não sendo agradável: a aplicação da disciplina para a preservação da igreja como Corpo de Cristo.

I. O SIGNIFICADO E A NECESSIDADE DE DISCIPLINA

1. Respeito e cuidado com o Corpo de Cristo (vv.1-3). Paulo inicia o capítulo falando a respeito de um caso de imoralidade sexual que estava causado escândalo (v.1). Ao que tudo indica, a igreja em Corinto não estava alheia às práticas imorais da cidade e Paulo se vê obrigado a repreendê-los severamente, pois havia um caso de fornicação entre um enteado e sua madrasta. O apóstolo afirma que nem mesmo entre os gentios havia tal imoralidade sexual, na língua grega porneia. A prática de fornicação com a madrasta era condenada tanto pelos judeus como também pelos gentios e romanos (Lv 18.8; 20.11; Dt 22.30).

Diante desse quadro, a Palavra de Deus traz um importante instrumento restaurador para a Igreja: a disciplina eclesiástica. De maneira geral, a disciplina deve ser aplicada quando outros meios, como por exemplo, o aconselhamento e a orientação pastoral, não surtirem efeitos. Entretanto, quando o caso revela uma atitude impenitente do pecador, não há outro remédio senão a exclusão do infrator. A disciplina não é um ato de vingança, mas uma atitude terapêutica para a cura de um grande mal que esteja afetando a igreja. Portanto, trata-se de uma atitude de respeito e cuidado com o Corpo de Cristo. A disciplina é necessária para preservar o “templo de Deus” (3.16,17).

2. A disciplina é uma decisão que deve ser tomada em conjunto (v.4). A aplicação da disciplina, com exclusão de membros, é uma ação extrema a ser tomada na Igreja, porém, em muitos casos faz-se necessária. Não é uma das atitudes mais populares de um líder. No entanto, dependendo do impacto para a igreja e para a sociedade, a medida não pode ser evitada. O apóstolo Paulo assevera que essa era uma decisão necessária e que devia ser tomada em conjunto na igreja local (v.4; Mt 18.15-17).

3. A disciplina é um tratamento para a cura espiritual (v.5). A disciplina eclesiástica tem o objetivo de curar, ajudar e restaurar o irmão, ou a irmã, que cometeu um pecado escandaloso. Aqui, o apóstolo pode parecer muito severo ao ensinar que os crentes não podem se associar com os que se prostituem (v.9), mas sua intenção era a de preservar a igreja e restaurar a pessoa que se envolveu no escândalo.

A expressão “seja entregue a Satanás” tem causado muitas dúvidas em alguns leitores. Mas, o apóstolo Paulo deixa claro que a disciplina era para a “destruição da carne” (v.5). Logo, se o faltoso mudasse o rumo e alterasse o comportamento, seu espírito seria salvo. Assim, fica claro que a intenção do apóstolo não era descartar o pecador, mas salvar a sua alma.

Pense!

A repreensão a princípio não parece ser boa. Mas ela é necessária.

Ponto Importante

Deus ama os seus filhos, por isso, quando necessário Ele os repreende.

II. A DISCIPLINA COMO PRESERVAÇÃO DA SANTIDADE DA IGREJA

1. A metáfora do fermento velho (vv.6,7). Para mostrar o quanto era nociva a atitude displicente e indiferente da igreja para com o caso grave de fornicação que estava acontecendo, Paulo recorre a uma analogia usando uma figura de linguagem da tradição dos judeus. Alguns coríntios, em nome da liberdade, em vez de tratar do caso, orgulhavam-se disso (vv.2,6). Então, o apóstolo usa a metáfora do fermento, elemento que era proibido na preparação da Páscoa. Essa metáfora também foi usada por Jesus em Marcos 8.15. O próprio Paulo também fez uso dela em Gálatas 5.9. Aqui, Paulo utiliza a metáfora para exemplificar que, assim como o fermento na preparação do pão faz crescer toda a massa, o pecado não tratado se alastra rapidamente na igreja.

É importante ressaltar que Paulo não se refere somente ao caso do pecado de incesto, mas também ao comportamento dos coríntios em relação ao orgulho e as facções. O capítulo seis demonstra que o fermento da imoralidade já estava agindo na igreja.

2. Exortação à pureza cristã (v.8). Da mesma forma que durante a celebração da Páscoa (celebração da ação libertadora de Deus na saída do Egito) era lançado fora todo tipo de fermento, assim também a igreja deveria se purificar, retirando de seu meio todo tipo de pecado. Paulo afirma que eles deveriam fazer a festa da Páscoa com pães asmos (sem fermento) da sinceridade e da verdade. A alusão à preparação e participação da Páscoa judaica fornece uma ilustração para a vida da igreja cristã.

Na nova aliança, a celebração da libertação na Igreja de Cristo se dá no culto da Santa Ceia que, mais a frente, o apóstolo orientará na Carta. Para uma igreja ser impactante e transformadora é necessário se apresentar com um comportamento puro, digno e contrário ao comportamento imoral da sociedade atual. Que seja capaz de atrair as pessoas de boa vontade para o Evangelho de Cristo.

3. Paulo já havia advertido por Carta a igreja a respeito da prostituição (vv.9,11,12b). Paulo cita uma Carta que se perdeu, nela ele havia já advertido sobre os perigos de se associar às pessoas da igreja que se prostituíam, pois tal comportamento não poderia ser incentivado e nem tolerado dentro da Igreja do Senhor. A vida pregressa do “velho homem” deveria ficar no passado. Como membro Igreja de Cristo, o cristão deve ter uma vida separada, principalmente, da prostituição; uma prática comum e tolerada na cidade de Corinto. O apóstolo é severo na sua admoestação, pois ele exorta: “[…] não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador” (v.11). Ele ainda acrescenta que “com o tal nem ainda comais” (v.11).

Pense!

Você, como igreja do Senhor, deseja ter uma vida impactante e transformadora?

Ponto Importante

Somos representantes do Reino de Deus aqui na Terra, por isso, precisamos ter um comportamento puro, digno e contrário ao comportamento imoral da sociedade atual.

III. O CUIDADO COM A PESSOA DEPOIS DA DISCIPLINA

1. O cristão deve amar o pecador e odiar o pecado. O apóstolo Paulo distingue entre o tratamento da pessoa que vive na prática do pecado dentro da igreja e a pessoa na mesma condição que está fora dela. No entanto, nas duas situações a essência é a mesma, pois a orientação bíblica é amar o pecador e odiar o pecado.

Na carta, o apóstolo deixa claro que a complacência com aquele pecado funcionava como incentivo à continuidade da prática pecaminosa e contaminaria o ambiente da igreja. Por isso ele exorta alguns coríntios que eram complacentes com o pecado e ainda ser orgulhavam dessa suposta liberdade (vv.2,6). Todavia, Paulo recomenda um bom relacionamento interpessoal com as pessoas de fora da igreja. Ele quer evitar que os membros queiram viver isolados da sociedade, mas isso não significa ter as mesmas práticas, pelo contrário, devem ser testemunhas do Evangelho de Cristo (v.10b). Na oração sacerdotal, Jesus pediu ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15).

2. A disciplina deve ser aplicada em um ambiente de perdão e graça. A disciplina eclesiástica deve ser um exercício de misericórdia e amor. Para que isso seja uma realidade na igreja, deve ser cultivada uma cultura de responsabilidade, crescimento (superação e mudança para melhor), perdão (olhar de misericórdia) e graça (não é uma moeda de troca) que permeie as nossas igrejas. Aos tessalonicenses, Paulo orientou que eles tratassem o faltoso como a um irmão (2Ts 3.15). Cada membro deve ajudar um ao outro em suas dificuldades, nunca julgar precipitadamente, pois todos são devedores e dependentes da graça de Deus. O crente não pode se achar melhor do que o outro por estar em uma situação espiritual melhor em determinado momento. A igreja tem a responsabilidade de proteger a reputação dos membros e evitara exposição desnecessária deles e potenciais fofocas.

3. A disciplina não significa abandono da pessoa disciplinada. O processo disciplinar é uma forma de respeito ao Corpo de Cristo e tem como objetivo contribuir para que a pessoa faltosa alcance o arrependimento. Trata-se de um cuidado espiritual, um momento de reflexão a respeito dos atos cometidos e o que precisa melhorar para estar dentro da vontade de Deus.

A pessoa disciplinada não pode ser abandonada e tratada com preconceito. A ela, a igreja deve oferecer apoio, de preferência por uma equipe capacitada. Se possível, por meio de um treinamento oficial da igreja, elaborado e aplicado por instrutores experientes e, acima de tudo, comprometidos com o Reino de Deus, que comprovadamente demonstre amor pelas almas. A disciplina é uma forma de confrontar o crente que pecou e mostrar que, apesar de tudo, a igreja o ama e deseja vê-lo restaurado.

Pense!

A disciplina deve ser executada com amor.

Ponto Importante

Sem amor a disciplina pode se tornar somente um castigo.

CONCLUSÃO

A disciplina deve ser aplicada de acordo com amor e misericórdia. Ela deve ser empregada quando outros meios, como aconselhamento e orientação pastoral, não surtirem efeitos. Ela é um meio de preservar o Corpo de Cristo e a santidade na igreja. O objetivo é a cura espiritual da pessoa que cometeu o erro e que precisa ser corrigida.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.