EBD | Classe Jovens – Lição 4 – Ana: a oração de uma mulher angustiada
Fonte: Estudantes da Bíblia
I. ANA, SUA CONDIÇÃO DE MULHER ESTÉRIL E SUA RIVAL
1. Uma história de sofrimento. A vida de Ana pode ser dividida em dois grandes momentos: Primeiramente, uma história de grande sofrimento provocado pela esterilidade e a frustração por sua condição e, em um segundo momento, o júbilo e a satisfação em ser agraciada com a chegada de seus filhos tão almejados e amados. Toda a história de Ana é encontrada unicamente nos dois primeiros capítulos do primeiro livro do profeta Samuel, porém possui uma riqueza em seu relato que nos permite as mais diversas abordagens e a sua inter-relação com diversas outras seções bíblicas.
Ana (Graça, do hebraico) era casada com Elcana, que anualmente subia a Siló com a finalidade de adorar a Deus e oferecer sacrifícios. Estéril, vivia a frustração de não ter filhos em uma sociedade que via nessa possibilidade a nobre contribuição social da mulher. Esse drama também foi vivido por outras mulheres da Bíblia, como Raquel, por exemplo (Gn 30.22,23). Para complicar, Elcana tinha ainda a segunda esposa de seu marido, Penina, mãe de muitos filhos, que impunha a Ana um sofrimento ainda maior e, constantemente, a provocava.
Embora Elcana amasse a sua esposa e não a penalizasse pela esterilidade, ela sofria de forma intensa e chorava copiosamente. Segundo a Bíblia, Ana “[…] com amargura de alma, orou ao SENHOR e chorou abundantemente” (1Sm 1.10).
2. A água de fora do barco. Um barco não é afundado pelas águas que estão ao seu redor, por mais que o mar revolto o jogue contra as ondas. O que fatalmente fará um barco naufragar é o volume de líquido que vai entrando nele. Se não for feito nada, fatalmente a embarcação terá um trágico fim. Por isso, é importante não deixar que as águas entrem no barco. Essa ilustração é muito pertinente ao analisarmos a relação existente entre Ana e Penina. Mãe de muitos filhos, a mulher “excessivamente a irritava para a embravecer” (1Sm 1.6) Ana se viu em uma situação muito desconfortável levando-a ao desespero e a uma ampliação de suas tributações deixando-a sem condições para as coisas mais simples da vida, como comer, entre outras.
Note bem que o problema que Ana enfrentava era, por si só, muito difícil e causava grandes sofrimentos. Mas era Penina que a irritava excessivamente e a fazia chorar e perder a fome. Se, finalmente, Ana não tivesse buscado o socorro em oração, onde essa história poderia parar? O quanto a pobre mulher prantearia motivada por seu real problema e também pelos problemas externos causados por Penina. Vamos atentar para essa lição e jamais nos deixarmos abalar pelos problemas do nosso cotidiano, porém, busquemos sempre o socorro do alto mediante a oração aos pés do altar.
3. Os sofrimentos dos tempos atuais. O sofrimento de Ana a deixava em uma situação bastante difícil. Sentia-se incompleta e desmerecida socialmente. Por mais que busquemos explicações, jamais conseguiremos compreender a total dimensão das dores na alma desta mulher. Apenas podemos, mediante as lágrimas explícitas no texto bíblico, imaginar o sofrimento de Ana.
Nos dias atuais, há também muitas pessoas que choram pelos mais variados problemas. Desde questões pessoais, enfermidades, conflitos, dificuldades econômicas e frustrações até as difíceis relações humanas cada vez mais impiedosas e avassaladoras.
Ao lermos acerca do choro de Ana e os seus lábios que não encontravam mais as devidas palavras, somos levados a pensar num drama muito comum nos dias atuais: As chamadas doenças da alma. Uma multidão de jovens vive às sombras da depressão, da ansiedade, da automutilação, dos distúrbios alimentares, entre tantos outros. Qual o nosso papel diante de tudo isso? Uma boa pergunta para um debate em sala de aula! Precisamos lembrar de que, como “Corpo de Cristo”, somos chamados a ser o “sal” e a “luz” (Mt 5.13,14) trazendo a esperança a um mundo frustrado à beira do abismo.
1. Deus ouve a oração dos seus. O nosso Deus ouve o clamor dos seus! Diversas passagens bíblicas nos mostram essa verdade: O povo hebreu no Egito (Êx 3.9), Davi na caverna (Sl 142), Ezequias pelo povo (2Cr 30.20), o cego à beira do caminho (Mc 10.48), entre tantas outras.
Como um pai amoroso, o Senhor tem prazer em nos ouvir e aquietar nossas almas sofridas (1Pe 3.12). A dimensão de seu amor (Jo 3.16) nos permite ter a convicção de que Ele cuida de nós nas grandes necessidades e também nos detalhes mais simples da vida (Mt 6.26).
Muitas pessoas passam por momentos de angústia e profundo sofrimento, porém não buscam abrir seus corações ao Pai Celestial. Choram, se retraem e até entram em verdadeiras zonas de “areias movediças”, mas não se percebem de que, com Deus, temos paz no meio da tempestade. Vejamos os exemplos de Paulo e Silas que oravam e cantavam louvores na escura noite mesmo enclausurados em uma prisão (At 16.25): Os dois homens estavam vivendo grandes dificuldades e sendo humilhados pelo encarceramento, mas buscaram forças para abrir os seus corações clamando e louvando ao grande Deus! Imaginemos quais deveriam ter sido as palavras usadas pelos dois naquela escura noite: Com certeza palavras que tocaram os céus e os corações de todos os que estavam com eles naquele momento.
2. “[…] derramado a minha alma […]” (v.15). A forma como Ana fez a sua oração foi tão impressionante e intensa que deixou até o sacerdote Eli confuso (1Sm 1.12-14). De fato, a oração feita com ardor só pode ser compreendida em sua total dimensão por Deus (Mt 6.8). Nós mesmos, em nossas orações mais íntimas, sentimos que nos faltam palavras e, então, nossas lágrimas se encarregam em transmitir aquilo que só o coração contrito consegue expressar (1Sm 1.13). O Pai Amado conhece o nosso coração antes mesmo que nossas palavras saiam da boca (Is 65.24).
Assim foi com Ana. Ela derramou a sua alma perante o Senhor e o milagre aconteceu. A Bíblia nos ensina que nós acharemos a Deus quando o procurarmos de todo o coração (Jr 29.13). Sua oração era sincera, sua dor era legítima, suas lágrimas eram cheias de sentimento. É com essa completude que devemos nos dirigir a Deus e nos permitir ser abraçados pela sua misericórdia e benevolência (Sl 100.5). Jamais podemos chegar diante dEle pela metade. Abra seu coração e se coloque por inteiro aos pés do nosso Amado Pai!
3. “Vai em paz […]” (v.17). As palavras do sacerdote Eli soaram como um bálsamo ao coração de Ana: “Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste” (1Sm 1.17). Nesse momento o coração da mulher encheu-se de alegria e a sua angústia cessou. Isso é a fé colocada em ação (Hb 11.6). O crente que tem uma vida pautada na direção do Espírito Santo (Rm 8.14) tem como prioridade glorificar a Deus com a sua vida (1Co 10.31). Quando pedimos com fé e em conformidade com a vontade divina, a resposta divina é certa e o nome do Senhor é exaltado (1Jo 5.14.15).
Não houve dúvida, não condicionou seus passos a um “se”, ela simplesmente creu e foi-se feliz com a certeza da benção recebida. Conforme o relato, […] “a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste” (1Sm 1.18). Um detalhe muito importante precisa ser considerado: Se Ana queria tanto um filho, o que a levou a abrir mão de sua presença já na hora do voto? A resposta é simples! Ela trouxe como oferta de gratidão o seu melhor para Deus. Quando promete dedicar o filho a vida no templo, ela já havia aceitado em seu coração a convicção da bênção e a alegria da vitória! Sua alma a impelia a oferecer o seu melhor, e assim ela fez.
1. A resposta de Deus. Não demorou muito para que Ana fosse agraciada com a bênção tão almejada. Exatamente um ano depois, a radiante mulher já amamentava o pequenino Samuel e o embalava pelas ruas de sua cidade, Ramá (1Sm 1.19-22). A resposta de Deus sempre é completa. O menino era tudo o que Ana precisava para sentir-se feliz novamente e enfrentar os desafios da vida de cabeça erguida. Assim também é conosco: Quando oramos com fé, o Senhor nos ouve e, dentro da sua vontade e infinita misericórdia, nos atende em uma dimensão muito maior do possamos imaginar (Is 55.8,9).
Uma questão que merece destaque é a forma como os problemas externos também são resolvidos quando o poder de Deus se manifesta. Não só Ana alcançou a maternidade, mas também o sofrimento que ela passava nas mãos de Penina se dissipou. Aquela mulher que tanto a atormentava e lhe provocava agora não tinha mais como atingir a agraciada. A canção de Ana em gratidão não nos deixa dúvidas sobre o quanto sua vida foi transformada a partir do agir de Deus.
2. A fidelidade de Ana. Depois de, aproximadamente três anos, Ana foi novamente à Casa do Senhor, em Siló, para cumprir o seu voto. Esse deve ter sido um dia de grandes emoções para aquela família e também para Eli. Ana aproxima-se do sacerdote e diz: “Por este menino orava eu […]” (1Sm 1.27) Tente conceber aquela mãe abraçando e beijando o pequenino que provavelmente ainda mal sabia falar. Também podemos imaginar Eli, já velho, com a responsabilidade de criar mais um menino; depois das sucessivas frustrações com seus próprios filhos, o sacerdote poderia voltar a ver, no menino que crescia, os traços de um verdadeiro adorador sempre sensível à voz de Deus (1Sm 3.10).
3. A canção de Ana. “O meu coração exulta no Senhor […]”. Assim começa a canção de Ana revelando o coração e o caráter de uma mulher que permitiu-se ser cheia do poder de Deus e assim nos ensinar uma importante lição acerca do valor da fidelidade. Essa canção tem uma forte ênfase na soberania de Deus e no seu poder eterno. Nos possibilita uma visão clara acerca das obras realizadas por Deus e da necessidade de aceitarmos a sua vontade sempre. Nessa canção o Senhor tem o poder de tirar e de dar a vida, faz descer à morte ou também sobre ela triunfar. Essa canção é também, em essência, messiânica e aponta para a maravilhosa salvação vindoura. Ana sabia do que falava: seu ventre infértil gerara a vida ao pequeno Samuel, um canal de bênção a fim de revelar a vontade de Deus ao povo de Israel.
CONCLUSÃO
Ana foi uma mulher virtuosa e nos ensinou valiosas lições com a sua história de vida. O legado dessa grande mulher é vasto, vejamos: A capacidade de derramar seu coração diante de Deus, sua prontidão em oferecer ao Senhor sempre o seu melhor; sua fé inabalável; sua fidelidade em honrar os votos feitos e levar o filho até o sacerdote; sua capacidade de render graças e a valiosa canção onde declara a Soberania de Deus e seu eterno poder!
Lidiane Santos
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