EBD | Lição Jovem – Lição 11 – A Cura do Homem que tinha uma das Mãos Mirrada

Fonte: Portal da Escola Bíblica Dominical

Introdução
I-Os Fariseus à Espreita de Jesus
II-O Que se Deve Fazer no Sábado
III-O Milagre e a Decisão dos Adversários do Senhor
Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Traçar a trajetória do Mestre em face da perseguição dos adversários religiosos;
Estimar as pessoas “invisíveis” e as ações que devem ser realizadas no sábado;
Comparar o bem realizado pelo Mestre com a maldosa decisão dos adversários religiosos.

Palavras-chave: Milagre.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor César Moisés Carvalho:

Fechando-se o ciclo das controvérsias de Jesus com os líderes religiosos de Israel ― escribas e fariseus ―, Marcos relata a cura de um homem que tinha uma mão paralisada (3.1-6). A narrativa encaixa-se nos mesmos moldes da do capítulo anterior, pois o milagre torna-se o ponto de partida e ocasião para uma polêmica. Tais controvérsias se davam pelo fato de que o Mestre não seguia a agenda religiosa e legalista deles. A primeira destas controvérsias, como já foi dito, foi abordada no capítulo anterior. As outras três dizem respeito ao fato de Jesus chamar um coletor de impostos para compor seu colégio apostólico e, por conseguinte, sentar-se na casa deste com muitos “publicanos e pecadores” (Mc 2.13-17); a não prática do jejum pelos discípulos do Senhor (Mc 2.18-22); e a quarta diz respeito ao ato de os seguidores do Mestre colher espigas, e as comerem, em pleno sábado (Mc 2.23-28). Acerca do milagre objeto do presente capítulo, a questão parece ser justamente a mesma da quarta controvérsia, pois logo após informar que o Mestre novamente adentrou a uma sinagoga, o que já sugere o dia, fez a observação de que “estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada” (v.1), e na sequência diz que “estavam observando-o se curaria no sábado, para o acusarem” (v.2). O fato de o texto estar inserido em um bloco textual cuja tônica recai sobre a polêmica entre os líderes religiosos de Israel e o Senhor Jesus, o leitor de Marcos não precisa de nenhuma informação prévia, nesta perícope, acerca de “quem” são “estes” que “observavam” o Mestre. Justamente por isso, José Castillo diz que o “conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de Israel foi provocado, antes de tudo, pelo fato de Jesus curar enfermos infringindo as normas religiosas que especificavam quando e como se podia curar um paciente”.1  Havia uma discussão a esse respeito, pois alguns rabinos concordavam que, no sábado, era permitido a um médico que cuidasse de alguém que estivesse correndo algum risco, enquanto outros achavam que tal ação era errada.

Os exemplos poderiam se multiplicar, pois como já foi dito em capítulos anteriores, uma das causas principais de Jesus ter sido perseguido, e morto, foi justamente o fato de Ele ter realizado milagres e, muitos destes, em dias de sábado ou tocando pessoas consideradas impuras etc. Na verdade, conforme oportunamente observa Rinaldo Fabris, comentando o bloco das controvérsias (Mc 2.1—3.6), a “pretensão de Jesus de tomar o lugar de Deus, no perdão dos pecados, sua tomada de posição diante das estratificações sociorreligiosas e diante da prática do jejum e da instituição do sábado, tudo isso é intolerável para os guardas da ortodoxia e da tradição, porque ele não propõe como alternativa uma reforma para ser discutida, mas a si mesmo”.2  Assim, diz o mesmo autor, o “livrinho das controvérsias então é já um evangelho em miniatura em que está concentrado todo o drama que amadurece em volta da pessoa de Jesus e que se concluirá com a sua morte”.3  A despeito dessas observações, Klaus Berger caminha num sentido diferente e diz que “os comentários bíblicos protestantes mais antigos inclinam-se a usar as curas de Jesus no sábado como uma ocasião para indicar que Jesus teria superado a lei com o fim de dar espaço ao livre agir do amor, de tal maneira que, neste caso, o casuísmo moral se oporia à liberdade”.4  No entanto, o referido autor acredita que seja oportuno analisar a questão evidenciada na narrativa de Marcos 3.1-6, visando entender a “relação ali existente entre a moral (lei) e o agir de Jesus (amor)”.5  Berger diz que, primeiramente, salta aos olhos a ideia de “que a lógica da narrativa é joanina (como em João 5 e 11)”, ou seja, “os opositores querem assassinar aquele que salva a vida”.6  Conquanto tal reflexão acerca de o Senhor curar no sábado e qual o significado disso para a fé tenha sido ventilada no capítulo cinco, inclusive, com o apoio da argumentação de Klaus Berger, torna-se importante, uma vez mais, refletir a respeito do tema, pois ele é, novamente, o vórtice da presente narrativa. Ao se revoltarem contra o Senhor, por Ele ter curado o homem.

Nas perguntas retóricas de Jesus — “É lícito no sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida ou matar?” (v.4b) —, está implícito que, até mesmo por parte da legislação divina havia a flexibilidade de se agir, sobretudo para o bem, quando fosse preciso. E o critério para tal discernimento não era outro, senão promover o bem e a vida. No caso em apreço, tal resolução não deixa margem para dúvidas, pois “comparado com todas as outras formas de ação, o milagre possui a vantagem de que nele se reconhece imediatamente o sucesso da ação, e portanto também o seu valor”.7  Tomando tal perspectiva como base, está mais do que claro que Jesus faz uma excelente ação e o milagre o comprova de per si. Outra observação importante é que as “violações não intencionais do sábado ou as divergências sobre o que constituía o trabalho (questões que eram discutidas nos tribunais judaicos) costumavam ser tratadas de forma branda”, diz Craig Keener, acrescentando que “a pena de morte (Êx 31.14; 35.2) só era considerada adequada para os que rejeitavam o sábado de modo obstinado”.8  Na realidade, continua o mesmo autor, as “penas que de fato eram aplicadas raramente excediam à multa ou ao açoite público nas sinagogas” e, continua, até mesmo o “principal grupo fariseu do período, o dos seguidores de Shammai, proibia a oração pelos enfermos no sábado, mas não tentava matar os fariseus seguidores de Hillel por permitirem esse tipo de oração (embora o conflito entre os dois grupos às vezes se intensificasse)”.  Finalmente, é digno de nota o fato de Jesus os olhar “com indignação” e, ao mesmo tempo, “condoendo-se da dureza do seu coração” (v.5a), pois tais sentimentos díspares — ira e pena ou raiva e tristeza —, de forma “normal” não coexistem. Como alguém plenamente humano, era normal que o Senhor tivesse tais sentimentos, porém, a lição que fica é que sua indignação não suplantava sua misericórdia. Ela tinha lugar, pois era necessária, mas não constituía a base de atuação do Mestre. Felizmente o homem é curado, tem sua mão restituída e, mais do que isso, uma reintegração social (v.5c). Infelizmente, tal boa ação do Senhor incita ainda mais os fariseus, já plenamente revoltados, para conspirarem com os herodianos , e assim planejar a morte do Mestre (v.6).

*Adquira o livro do trimestre de autoria de CARVALHO, César Moisés. Milagres de Jesus: A Fé Realizando o Impossível. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.