MUNDO | Trump reconhece Jerusalém como capital de Israel

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: MSN Notícias

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, reconheceu nesta quarta-feira Jerusalémcomo capital deIsrael e anunciou que irá mudar a embaixada americana no país para a cidade sagrada.

A transferência da representação diplomática de Tel Aviv para Jerusalém foi uma das principais promessas de campanha de Trump. O estatuto da cidade é um tema-chave no conflito israelense-palestino, e ambas as partes reivindicam a cidade como sua capital.

A questão de Jerusalém

Jerusalém abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos e, por isso, é central no conflito entre Israel e os palestinos. Com o armistício após a Guerra de Independência de Israel, em 1949, a cidade acabou dividida pela primeira vez em seus 3.000 anos de existência –a porção ocidental controlada por Israel e a porção oriental, incluindo a Cidade Velha, onde concentram-se os principais sítios de significância histórica e religiosa, controlada pela Jordânia.

A divisão da cidade marcou o imaginário social israelense, principalmente porque a Jordânia interditou o acesso de judeus (e de cristãos árabes-israelenses) a áreas sagradas da religião, dessacrando locais como o Muro das Lamentações, o Monte das Oliveiras e destruindo mais de 50 sinagogas.

Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel conquistou e ocupou a porção oriental e reunificou a cidade. Desde então, o país afirma que Jerusalém unificada é sua capital indivisível.

Já os palestinos, reivindicam a parte oriental da cidade como futura capital de seu Estado.

A questão perdura por décadas. Em 1947, o Plano de Partilha da Palestina estabeleceu que Jerusalém seria administrada por um conselho tutelar da ONU, em regime internacional. A resolução, contudo, nunca foi cumprida e o local tem sido cenário de disputas para as quais não se tem solução aparente.

A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até então, é a de que o status da cidade deveria ser decidido em negociações de paz. Por isso, os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv, a capital comercial de Israel.

Posição americana

A transferência da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém e o reconhecimento da cidade como capital de Israel já eram previstos por uma lei aprovada pelo Congresso americano em 1995. A legislação determinava que a mudança deveria ser concretizada até maio de 1999, porém estabelecia a possibilidade de adiamento do prazo por seis meses, caso necessário.

Todos os presidentes americanos se utilizaram da cláusula de adiamento desde então. Até mesmo Trump, em junho de 2017, decidiu adiar a mudança por mais um período. A nova data para determinar se haveria ou não uma mudança expirou na última sexta, 1 de dezembro.

Desde então, muitos rumores sobre as intenções do presidente em dar um passo na direção do reconhecimento de Jerusalém como capital tomaram os noticiários. A declaração desta quarta coloca um fim à dúvida sobre a posição americana na questão, mas abre um novo período de conflitos e desentendimentos com os palestinos e outras nações.

Por que a decisão é tão importante?

Ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, os Estados Unidos automaticamente romperam com o consenso internacional sobre a questão. Para muitos, a ação pode ser vista como um passo precipitado, que não foi bem discutido durante as negociações e muitas sessões da ONU sobre o assunto.

Além disso, o reconhecimento de uma nação como os Estados Unidos, eleva a posição israelense no conflito e, a longo prazo, poderia auxiliar na consolidação da soberania de Israel sobre a cidade.

Reações

A Casa Branca já havia anunciado as intenções de Trumpem alterar o local da representação diplomática americana em Israel na terça-feira. Imediatamente, diversas potências mundiais reagiram à medida.

papa Francisco, as Nações Unidas, China e Reino Unido foram algumas das vozes que constituíram um coro de preocupação em relação às mudanças. “Não posso calar minha profunda preocupação com a situação criada nos últimos dias sobre Jerusalém”, declarou o pontífice durante sua audiência semanal. “Faço um apelo desesperado para que todos se comprometam a respeitar o status quo da cidade, em conformidade às resoluções pertinentes das Nações Unidas”, completou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou em diversas oportunidades que “devemos ser muito prudentes com o que fazemos”. “O futuro de Jerusalém é algo que deve ser negociado com Israel e o palestinos em negociações diretas, um ao lado do outro”, disse também o enviado especial da ONU ao Oriente Médio, Mladenov em uma entrevista coletiva em Jerusalém.

A notícia sobre a intenção de Trump também gerou reações de repúdio na comunidade árabe. A Liga Árabe pediu que Washington reconsidere sua decisão, enquanto o rei Salman, da Arábia Saudita, aliado dos Estados Unidos na região, advertiu que a mudança poderia desatar “a ira dos muçulmanos em todo o mundo”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, preferiu até o momento evitar qualquer menção à questão.

‘Dias de fúria’

Várias facções palestinas anunciaram na terça-feira que realizarão três dias de protesto em toda a Cisjordânia contra a decisão de Trump. Segundo os líderes palestinos, marchas estão sendo organizadas com o apoio da Autoridade Palestina. Os grupos prometem mobilizar grande multidões.

Como deve funcionar a mudança de embaixada?

Do ponto de vista da logística, mudar a embaixada americana para Jerusalém não é muito difícil. Já existe um consulado dos Estados Unidos na cidade, então, teoricamente, a alteração do status da representação diplomática e a mudança do embaixador e de outros funcionários de Tel Aviv para Jerusalém resolveria grande parte dos problemas.

Porém, observando a questão da perspectiva política, existem muitos riscos. A ação poderia desencadear grandes crises diplomáticas com as nações árabes, além de protestos generalizados do lado de fora dos escritórios diplomáticos americanos.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.