EBD | Classe Jovem – Lição 9 – A Proteção no Deserto

Fonte:Portal da Escola Dominical

1º Trimestre de 2019

Introdução
I-Os Inimigos
II-Não Cabe Encantamento Contra Jacó
III-A Força Destrutiva do Pecado
Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Saber que os inimigos do povo de Deus podem se levantar de qualquer lugar;
Compreender que o Senhor é o escudo do seu povo e por isso, o maligno não lhe toca;
Expor a força destrutiva do pecado.

Palavras-chave: Peregrinação no deserto.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Reynaldo Odilo:

INTRODUÇÃO
Depois das grandes vitórias e milagres narrados em Números 21, os quais trouxeram momentos de muita euforia para os hebreus, surgem quatro capítulos (Nm 22–25) com uma história sombria: a tentativa de lançar maldição sobre Israel. Fato é que as notícias sobre as recentes conquistas de Israel contra o rei de Arade, Seom e Ogue, espalharam-se rapidamente por todas as nações vizinhas, motivo pelo qual os moabitas ficaram bastante preocupados. Acreditavam que seriam os próximos! Com isso, no afã de conseguir deter a marcha triunfal do povo hebreu, o rei Balaque contratou um profeta que morava na Mesopotâmia: Balaão, o homem que — achava-se — poderia fazer o que os exércitos de Seom e Ogue não conseguiram.

A narrativa demora-se bastante no dilema de Balaão em relação ao contrato “profético-mercantil” firmado com os moabitas,  bem como nas suas palavras proferidas e a frustração de Balaque, calcada na existência de um acerto financeiro com o profeta. Culmina-se, no capítulo 25, com a derrocada espiritual do povo, e a morte de milhares de hebreus, por participarem do pecado incentivado pelas mulheres de Moabe.

A história mencionada faz lembrar, nos dias hodiernos, o significativo encolhimento das igrejas evangélicas na Europa. O que as armas dos inimigos, as pestes ou as ideologias ateístas não conseguiram fazer — perigos que vinham fora (mundo) para dentro — ao longo dos séculos, a degradação espiritual do povo, o pecado (implosão interna da fé genuína) promoveu fortemente em pouco tempo, podendo o referido continente ser considerado, por isso, como um lugar em que se vive o período do pós-cristianismo. A queda se deu por, digamos, fatores endógenos, como aconteceu com Israel no caso mencionado neste capítulo.

No fim de tudo, chegar-se-á à conclusão de que o povo de Deus jamais perecerá pelas armas, pela peste, pela carestia ou por qualquer outro acidente, pois o Senhor o protege. Ainda que passe por alguma aflição, levantar-se-á com mais glória, pois se tornará mais sensato por causa do sofrimento (Sl 119.67,71); porém, caso pratique iniquidade, o resultado será a morte.

I – OS INIMIGOS

1) Inimigos que não Conhecem a Deus 

Há uma guerra em curso contra o povo de Deus e esse embate reflete um conflito cósmico muito maior, que não conseguimos dimensionar. Não é um luta entre o mal e o bem, mas um combate do mal contra o Bem Absoluto, inquebrantável. Nessa luta, claro, já se conhece o vencedor, porque ninguém é páreo para Ele (Rm 8.37). O mal, porém, mesmo conhecendo sua vocação de perdedor, não desiste de criar conflito contra os servos do Altíssimo. Por isso, a Bíblia recomenda que o cristão utilize o capacete da salvação, de maneira que a mente esteja bem protegida (Ef 6.17). Diante disso, surgem inevitavelmente inimigos. Alguns deles sequer conhecem ao Senhor, mas mesmo assim se levantam para combater contra o povo de Deus. Um deles foi Balaque, rei dos moabitas (Nm 22.2-4), que compreendia que a força de Israel vinha de Deus, todavia, ainda assim, tentou distorcer a vontade do Senhor  (Js 24.9; Jz 11.25).

É bem verdade que o servo de Deus, como Jesus, não tem propriamente inimigos, porque quem conhece a Deus sabe cuidar de sua saúde emocional, amando indistintamente e perdoando a todos, independentemente dos danos morais suportados. Nesse diapasão, Augusto Cury disse que Jesus “não dormia com seus inimigos, pois nenhum homem era seu inimigo”, não obstante muitos o odiassem. Nem “todo o ódio de um homem não o qualificava para ser seu inimigo”, porque Jesus não “permitia que a agressão dos outros tocasse sua alma”.1  Assim deve acontecer nas relações interpessoais do povo de Deus, não obstante a existência de muitas pessoas que desejam a nossa ruína.

2) Inimigo que Conhece a Deus 

Se existem inimigos que não conhecem a Deus, também se levantam alguns que têm conhecimento do Altíssimo. Em regra, inclusive, esses dois tipos de pessoas se unem, como aconteceu com Pilatos, Herodes e os religiosos judaicos, contra o Senhor Jesus, para fazerem frente à obra do Senhor. Isso aconteceu com o rei Balaque e o profeta Balaão, que aparece como uma incógnita nas Escrituras, mas desaparece como um instrumento de Satanás (Nm 31.8; 2 Pe 2.15; Jd 1.11; Ap 2.14). Ele era, sem dúvida, muito afamado, tanto que Balaque acreditava que suas palavras determinariam a bênção ou a maldição (Nm 22.6), por isso pagou caro para ele amaldiçoar Israel. A verdade, porém, era outra (Nm 24.9).

Balaão perguntou ao Senhor se deveria aceitar suborno para amaldiçoar Israel. Que erro terrível! O Senhor disse um não veemente (Nm 22.12). No entanto, tendo a proposta financeira aumentado, Balaão foi questionar a Deus novamente, o qual, na sua indignação, permitiu que Balaão continuasse com as tratativas de corrupção e pecado! Deus, certamente, estava testando os limites morais daquele “profeta”!

3) Os Inimigos Espirituais

Paulo disse que a luta precípua do povo de Deus não é contra a carne e o sangue e, com certeza, aqui em Números 22–25, essa verdade ressai de maneira palmar. Os instrumentos usados pelo maligno são variados, mas o verdadeiro antagonista do conflito possui natureza espiritual. Observe-se que Balaque estava ciente de que essa temida suposta guerra vindoura (Nm 22.3) seria travada, sobretudo, nas trincheiras da espiritualidade, por isso contratou um expert em assuntos espirituais.

As “hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12) dominaram totalmente o coração de Balaão, que, usado pelo Inimigo, tentou de todas as formas prejudicar a Israel. Não conseguiu! Somente quando houve o cometimento de pecado abominável contra o Senhor é que os hebreus sofreram baixas.

II – NÃO CABE ENCANTAMENTO CONTRA JACÓ 

1) Deus se Opõe a Balaão 

Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia aconteceu com o profeta Balaão, que tentava seguir viagem para cometer um pecado. Sua jumenta, de maneira consistente, foi usada por Deus, inclusive para protestar contra sua conduta. O animal que transportava o profeta viu o anjo do Senhor na vereda, mas o profeta estava tão cego pela ambição que não conseguia vê-lo. Está escrito que “os que querem ficar ricos caem em tentação” (1 Tm 6.9, ARA).

Sem dúvida, quando se está no caminho errado, o mais correto a fazer é dar meia-volta e retornar ao centro da vontade de Deus. C. S. Lewis, acerca disso, afirmou:

Progredir, porém, é aproximarmo-nos do lugar aonde queremos chegar. Se você tomou o caminho errado, não vai chegar mais perto do objetivo se seguir em frente. Para quem está na estrada errada, progredir é dar meia-volta e retornar à direção correta; nesse caso, a pessoa que der meia-volta mais cedo será a mais avançada.2

Balaão bem que poderia ter tomado o caminho do bem, mas seu coração era perverso e não amava ao Senhor, razão por que continuou adiante no desejo secreto de destruir Israel. Por isso, o Senhor se opôs a ele. Na caminhada cristã, igualmente, o servo de Deus deve tomar cuidado para não lutar contra quem o Senhor abençoou!

2) Deus Constrange Balaão 

Há um ditado oriental que diz: “Não cuspa contra o vento”. Caminhar para um lugar longe da vontade Senhor é, sem dúvida, “cuspir contra o vento” —  só produz vergonha e dissabor. Foi isso que aconteceu com Balaão: desagradou a Deus e a Balaque, o qual não lhe prestou nenhuma homenagem, mesmo tendo empreendido uma viagem tão longa.

As escolhas feitas por Balaão, ao longo da vida, transformaram-no em alguém cujas características não devem ser imitadas. O seu engano, mencionado em Judas 1.11, de raciocinar que um Deus justo levaria em consideração o suborno recebido, a fim de cometer uma injustiça, fez com que ele fosse comparado à pior espécie de indivíduos. Deus o constrangeu, portanto, não só em sua curta tentativa de fazer mal a quem o Senhor queria fazer prosperar,  mas também na sua morte (que foi violenta) e no estabelecimento de sua péssima  reputação.

3) Deus Abençoa Israel 

Conforme narra a Bíblia, houve, pelos menos, quatro razões pelas quais Balaão não conseguiu amaldiçoar a Israel, antes, pelo contrário, abençoou-o. Em primeiro lugar, Israel era povo separado, conforme está escrito: “Dos cumes rochosos eu os vejo, dos montes eu os avisto. Vejo um povo que vive separado e não se considera como qualquer nação” (Nm 23.9, NVI). Outro motivo é porque Israel tinha a promessa de Deus: “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm 23.19, NVI). O terceiro ponto está arrimado no fato de que Israel era agradável ao Senhor (beleza — tendas; cheiro — aloés plantados; vitalidade — cedros; prosperidade — lavouras irrigadas): “Quão belas são as suas tendas, ó Jacó, as suas habitações, ó Israel! Como vales estendem-se, como jardins que margeiam rios, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto às águas. Seus reservatórios de água transbordarão; suas lavouras serão bem irrigadas. O seu rei será maior do que Agague; o seu reino será exaltado” (Nm 24.5-7, NVI). Por fim, Balaão não amaldiçoou, mas, ao invés, bendisse porque Deus tinha projetos para Israel: “Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete” (Nm 24.17, NVI). Glória ao Senhor.

Interessante que, em todo o tempo em que Balaão tencionava amaldiçoar os hebreus, nenhum deles sabia o que se passava nos arredores do acampamento. Isso acontece também com a Igreja: muitas vezes os inimigos vêm para matar, roubar e destruir, mas Deus concede grandes livramentos. Por isso é muito importante orar: “Livra-nos do mal” e, em tudo, dar graças.

CONCLUSÃO

O deserto, que aqui representa caminhos de provação, é um ambiente onde Deus protege  seu povo. Enquanto houver fidelidade ao Senhor no caminhar, não há o que temer; entretanto, caso o  pecado passe a ter primazia, certamente ele colocará em risco não apenas a vida das pessoas individualmente, mas de toda a coletividade, como aconteceu com Israel no caso de Baal-Peor, o que ficou “para exemplo aos que vivessem impiamente” (2 Pe 2.6). Por tudo isso, perfaz-se numa conduta inteligente nunca esquecer as consequências do pecado, e viver sempre no centro da vontade de Deus.

*Adquira o livro do trimestre. ODILO, Reynaldo. Rumo à Terra Prometida: A Peregrinação do Povo de Deus no Deserto no Livro de Números. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.