EBD | Classe Jovem :: Lição 3 – O fruto de um trabalho zeloso

 Lição 3 – O fruto de um trabalho zeloso

INTRODUÇÃO
I-O MINISTRO COMO AQUELE QUE SERVE
II-O COMPROMISSO COM A PALAVRA
III-OS OBJETIVOS DE UM MINISTÉRIO ÍNTEGRO
CONCLUSÃO

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Identificar o caráter de um ministro de Cristo;
Demonstrar a relevância da Palavra de Deus numa Igreja local;
Apresentar os objetivos de um ministério íntegro.

Palavras-chave: Fruto, trabalho e zeloso.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

“Paulo inicia o segundo capítulo de sua primeira epístola aos tessalonicenses destacando a natureza abnegada de seu ministério entre aqueles irmãos. Mais que um autoelogio narcisista, essa apologia paulina ao seu ministério pessoal — atitude que ele também toma ao escrever para outras igrejas (2 Co 12.11-21; Gl 6.14-18) — é um registro histórico do modelo inspirativo de ministro no cristianismo primitivo. Mesmo tendo vivenciado uma experiência extremamente traumática em Filipos (acusação de perturbação pública, prisão, açoite, detenção inapropriada, etc.), o apóstolo persistiu na obediência à visão que Deus concedera a ele (At 16.9) e iniciou a evangelização em Tessalônica.

Não era ganância ou benefícios pessoais que moviam o coração de Paulo para a realização desse serviço ao Reino de Deus, e sim o amor às pessoas e a confiança de que o Senhor que vocaciona também é o que supre todas as necessidades daquele que se dedica liberalmente à obra.

Compreender como se deu esse processo de evangelização, quais os fundamentos da mensagem anunciada por Paulo entre os tessalonicenses e, principalmente, qual o comportamento adotado pelo apóstolo entre os habitantes daquela cidade serão os objetos de estudo para nossa discussão e reflexão.

I- O Esforço Pessoal de Paulo para Garantir a Evangelização dos Tessalonicenses

Qual seria a reação normal de alguém que, seguindo uma intuição pessoal, ao iniciar um novo empreendimento, encontra de pronto um forte revés? Logicamente, desistir. É por isso que tantas empresas fecham nos seus três primeiros anos de funcionamento; muitas pessoas abandonam a faculdade ainda no primeiro ano de estudo. Entretanto, é isso que se esperaria de um missionário que, logo no início de sua atuação evangelística num território desconhecido, tivesse enfrentado cárcere, perseguição e tortura? Segundo uma avaliação humana, sim; talvez, alguém ainda dissesse: “Essa missão não era de Deus!” ou “A vocação desse missionário acaba de ser desqualificada!”

Deve-se esclarecer, no entanto, que, em primeiro lugar, Paulo não seguia um pressentimento pessoal; sua ida à Macedônia fora resultado de uma orientação divina (At 16.9). Ora, a obediência à vocação divina não nos isenta dos sofrimentos da vida. Deve-se lembrar, inclusive, que a ida de Paulo àquela região tinha como objetivo auxiliar os irmãos que, segundo a visão divina, passavam por dificuldades e necessitavam de ajuda.

Sobre o entendimento acerca do sofrimento paulino registrado nas suas epístolas e, especialmente neste caso, aos tessalonicenses, afirma-nos Barreira:

Por isso, a melhor maneira de se esperar a parusía é uma fé que não pretende dar conta de realidades objetivas e “a-históricas”, ou mesmo de uma fé de imperativos éticos, pois, em ambos os casos, nega-se o caráter histórico da revelação e se produz uma forma de idolatria (Vattimo, 2004, p. 110-112). Paulo associa seu destino soteriológico ao destino dos tessalonicenses (1 Ts 2, 20). Os sentidos da pregação de Paulo, como sua própria salvação, ancoram-se no testemunho de que estes derem até a parusía. […] Na carta aos Tessalonicenses, de acordo com Gesché, a tribulação e o sofrimento da experiência cristã vinculam-se ao destino soteriológico (1 Ts 2, 12; Rm 8, 17; 8,18; Cl 3,4). Este autor também esclarece que a precariedade existencial associa-se à experiência de filiação ao Pai, filiação que, na carta aos Romanos, é o grande mistério revelado e oculto desde toda a eternidade (Rm 3, 21-22 Rm 16, 25-26; ver Cl 1, 26; 2 Tm 1, 10; Tt 1, 3 e 2, 11). (BARREIRA, 2008, 261-262)

Soteriologia e Escatologia estão imbricadas por meio da temática do sofrimento no pensamento de Paulo apresentado aos tessalonicenses. Ao entender-se a dor humana — muito mais complexa no seu aspecto existencial-fundante do que no físico-circunstancial — por meio desses prismas, altera-se qualquer análise valorativa sobre uma suposta negatividade do sofrimento e vislumbra-se uma rica positividade nesse contexto.

A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que, mesmo no cumprimento da perfeita vontade de Deus, tiveram que passar por momentos angustiantes. O próprio Jesus é o perfeito exemplo sobre essa questão. O seu sofrimento em vários níveis (intenso, contínuo, episódico) e tipos (emocional, físico, espiritual) era um dos elementos inevitáveis no curso do pleno cumprimento do plano de Deus.

Sobre essa relação entre o cristão, Cristo e o sofrimento, declara-nos Dietrich Bonhoeffer:

Ser cristão não significa ser religioso de uma determinada maneira, tornar-se alguém (um pecador, um penitente ou um santo) com base em alguma metodologia, mas significa ser pessoa; Cristo não cria em nós um tipo de ser humano, mas o próprio ser humano. Não é o ato religioso que produz o cristão, mas a participação no sofrimento de Deus na vida mundana. Esta é a metanoia: não pensar primeiro nas próprias necessidades ou aflições, perguntas, pecados e medos, mas deixar-se arrastar para o caminho de Jesus, para dentro do evento messiânico… (BONHOEFFER, 2003, p.489)

Como bem argumenta o teólogo alemão, o sofrimento não é uma opção para o verdadeiro cristão, mas, antes, um fundamento condicionante de sua fé em Cristo Jesus. Não há Cristo sem cruz, assim como não há cristão sem o Cristo crucificado, e muito menos cristão sem a vivência existencial de Mateus 16.24.

No momento da dor, naturalmente, não conseguimos avaliar qualquer aspecto positivo nas tormentas da vida; contudo, após a vivência e superação de tais problemas, segundo a graça constante que nos concede Deus, somos capazes de reavaliar os acontecimentos e identificar a ação de Deus em tudo o que envolve nossa vida. É o que nos afirma os autores dos Salmos 118.18; 119.71, por exemplo; tal compreensão não está acessível a todos os indivíduos, mas apenas àqueles que, tendo sido provados, atravessam o processo avaliativo com louvor, isto é, são aprovados. Pois, após todo esse encadeamento de acontecimentos, certamente se colherão os devidos prêmios de tal amadurecimento (Tg 1.12). Tal tipo de contexto situacional é o que alguns comentadores chamarão de “sofrimento educativo”. A dor, a angústia e o medo — avaliados de modo bruto, apenas em si — são extremamente negativos; todavia, ao serem devidamente contextualizados e imersos num conjunto de acontecimentos patrocinados pela misericórdia de Deus, tornam-se absolutamente pedagógicos. Esta parece ser a virtude paulina a ser elogiada nesse contexto: a visão de conjunto (Rm 8.28).

Não foram as adversidades de Filipos que desestimularam Paulo, muito menos a intolerante recepção em Tessalônica. O apóstolo continuava firme e empolgado com a orientação dada por Deus.

II- Uma Prática Ministerial Centrada em Cristo nunca É Infrutífera

Diante desse quadro de adversidades que se estabeleceu, Paulo fez questão de registrar que sua ida aos tessalonicenses não foi em vão. Mais uma vez, se a análise da situação for feita a partir de elementos humanos, os resultados da viagem da equipe missionária à Tessalônica foram pífios e inúteis: a presença apostólica na cidade foi de apenas alguns meses — talvez, meramente, de semanas; não houve tempo para a consolidação da fé daqueles irmãos, além de restarem numerosas dúvidas no processo do discipulado, etc.

A avaliação, contudo, deve ser feita segundo o critério da fé. Por isso, os instrumentos de mensuração e classificação são completamente outros; desse modo, Paulo pode alegremente afirmar para aqueles irmãos: a presença entre os tessalonicenses não foi inútil (v. 1). Conforme nos declara Glubish:

… [kenos]. Onde quer que Paulo ministrasse, não importando aquilo que fizesse, tudo deveria ser avaliado de acordo com uma medida de serviço: Trabalhei arduamente para Jesus? Fui fiel? Cumpri o meu dever? Como um servo obediente de Cristo, trabalhou com todo o seu coração (Cl 3-23). Os convertidos foram o fruto de seu trabalho, que provou que ele não correu nem labutou em vão [kenos] (Fp 2.16). Paulo está confiante no sucesso de sua visita a Tessalônica… (GLUBISH, 2006, p. 1372)

Elege-se o serviço como instrumento de medida ministerial. Segundo tal critério, o apóstolo pode ficar confortável quanto a sua avaliação, pois, sabendo ele o quanto se doou, sua auto-avaliação ocorrerá de modo mais claro e objetivo. Quando se trata da apreciação sobre determinado conjunto de ações ministeriais, os resultados quantificáveis são, na maior parte dos casos, menos relevantes que a repercussão espiritual, não enumerável, do que se realizou.

Se os inimigos da sinagoga judaica estabelecida em Tessalônica tinham dúvidas sobre o que estava sendo feito por intermédio de Paulo e de sua equipe ministerial, não se estabelecera nenhuma incerteza no coração do apóstolo, mas, antes, uma pacificadora convicção de que aquilo que poderia ser feito — segundo as limitações daquele contexto — foi realizado. Em Cristo, nada que fazemos é em vão.

O objetivo de Paulo em Tessalônica não é simplesmente compartilhar uma mensagem ou apresentar àquela população mais uma religião dentre tantas outras que já havia naquela cidade. O apóstolo estava convicto em desenvolver relacionamentos, compartilhar as verdades profundas do próprio eu; mercenários interessados apenas no enriquecimento pessoal são incapazes de ter atitudes assim. O padrão de liderança neotestamentário estabelecido por Paulo em Tessalônica é este: deseja-se tão afetuosamente a felicidade do outro que, para tanto, o doar-se completamente, assim como fez o próprio Cristo, é algo natural.

Conclusão

Nossa vocação divina não visa à obtenção de objetivos pessoais ou financeiros, mas, sim, o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais sadios e edificantes mutuamente, por meio dos quais possamos glorificar a Deus muito mais pelo que somos do que por qualquer tipo de obra que façamos. O princípio jesuânico da plena doação de si vivenciado por Paulo em Tessalônica deve ser o fundamento de nossa prática ministerial cotidiana. Não temos mais nada a perder; podemos doar-nos por completo, pois somos absolutamente de Deus.

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

Fonte: http://www.escoladominical.com.br

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