EBD| Classe Jovem :: Lição 12- Uma vida exemplar diante de Deus e dos homens

2º Trimestre de 2018

INTRODUÇÃO
I – EXISTE UM MODELO A SER LIMITADO
II – COMO SE PORTAR NUMA SOCIEDADE DESORDENADA
III – SOMOS CHAMADOS PARA VIVER DE QUE MANEIRA
CONCLUSÃO

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Apresentar os modelos bíblicos de comportamentos e espiritualidade para o cristão;
Refletir a respeito da necessidade de sermos modelos para esta sociedade;
Discutir o modelo de vida a ser adotado por cada cristão.

Palavra-chave: Exemplo.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

No final do capítulo 3 de sua segunda epístola aos tessalonicenses, Paulo dedica-se a fazer orientações práticas àquele grupo de irmãos, a fim de que as anomalias comportamentais e os abusos de autoridade fossem absolutamente superados. Foram introduzidas entre aqueles irmãos pessoas de mau caráter, verdadeiros charlatões, que, sob o pretexto de conduzirem os crentes de Tessalônica a uma suposta espiritualidade, estavam, na verdade, explorando aqueles já sofridos irmãos.

É escandaloso pensar nisto: existem pessoas que, conscientes da simplicidade e ingenuidade de alguns e, também, do desespero e ansiedade de outros, se aproveitam das fraquezas alheias para locupletarem-se. É por isso que movimentos religiosos que vendem sonhos, leiloam bênçãos ou mesmo alugam promessas têm um “mercado promissor” em nossa sociedade até hoje.

Pensemos nas orientações apostólicas, de modo a reconhecer quais medidas devemos tomar para evitarmos cair nas mãos de “predadores espirituais”.

Vivendo como Modelos em uma Sociedade Relativista
A vida cristã deve ser sempre exemplar e inspirativa em todos os âmbitos. Se alguém deseja ser líder cristão, por exemplo, Paulo deixa claro ao escrever para Timóteo que os frutos de uma vocação divina manifestam-se em uma vida pessoal e familiar equilibrada (1 Tm 3.1-13).

Há, muitas vezes, um discurso de vitimização dos líderes por meio do qual se invoca o caráter humano destes, e, por isso, falível, bem como de suas famílias. Esse tipo de argumento falacioso distorce várias verdades bíblicas:

a) Não se exige perfeição do líder, e sim integridade. Todos estamos suscetíveis a erros, falhas e pecados — na verdade, como assevera João, aquele que diz que é impecável vangloria-se pecaminosamente. Todavia, aqueles que lideram devem ser conscientes de que a repercussão de seus erros será bem maior, por exercerem um raio de influência bem maior que um não líder. Sendo o líder uma pessoa com suas dificuldades e angústias pessoais, cabe a esse indivíduo exigir dos outros aquilo que ele mesmo é capaz de realizar, sem hipocrisias ou farisaísmos. O que se testemunha em muitas comunidades, no entanto, é que a medida de exigência, em todos os níveis, para líderes, é muito menor do que para não líderes; ou seja, na hora de julgar e exigir dos outros, muitos líderes fazem isso com rigidez e contundência; todavia, quando o crivo dos julgamentos cai sobre eles mesmos, estes invocam a misericórdia e o perdão. Um líder precisa ser consciente de que ele também precisa incluir-se em seus julgamentos e exigências.
b) Como bem esclarecem as Escrituras, uma pessoa que não foi capaz, durante seu tempo de líder apenas de seu lar, de realizar a contento o serviço que lhe foi confiado, como poderá ser achado digno de orientar as demais famílias de uma comunidade? A verdade é que, se houvesse garantias de sigilo e manutenção da integridade física e emocional, muitas famílias não concordariam com o estabelecimento institucional do ministério de líderes de muitas pessoas. Infelizmente, os critérios para eleição de líderes muitas vezes fogem por completo dos critérios bíblicos e concentram-se muito mais nos políticos (apadrinhamento, nepotismo, tráfico de influências). Não é depois que alguém se tornou líder que sua família tem que se tornar vitrine; todavia, a questão é exatamente o contrário: é das famílias que são exemplares que se devem eleger os líderes de uma comunidade local.
c) Se alguém não deseja prestar contas a ninguém daquilo que realiza em sua vida particular, tal pessoa não se enquadra nem mesmo nos critérios para ser um cristão, muito menos um líder cristão. É evidente que nossa intimidade diz respeito apenas a nós e a nossa família; contudo, por vivermos em comunidade, nosso testemunho não pode apenas ser delimitado a nossa vida pública, mas também ao âmbito privado. De que adianta alguém ser um exímio pregador, mas um péssimo cumpridor de suas responsabilidades financeiras? Como creremos nas palavras proféticas de uma determinada pessoa se o vocabulário da mesma, em sua vida privada, escandaliza o mais profano dos homens? O critério jesuânico é claro: fomos chamados para ser sal da terra e luz do mundo; se nossa presença não fizer diferença no ambiente em que estamos, o próprio Jesus afirma que a suposta graça que está sobre nós não serve para nada, senão apenas para ser humilhantemente pisada pelos homens.
Os Tessalonicenses e o Testemunho quanto ao Trabalho
Concentrado em esclarecer aos tessalonicenses sobre essas especificidades da liderança, Paulo faz questão de tocar de novo no assunto da exigência da integridade social do cristão e, de maneira especial, do líder. Para o apóstolo, é um completo absurdo defender a tese de que um cristão pode abdicar de suas responsabilidades econômico-financeiras para com sua família sob o pretexto de estar envolvido na obra de Deus.

A exortação paulina é que TODOS trabalhemos. Refletindo sobre a natureza de alguns indivíduos desordenados que havia em Tessalônica, bem como a reação de Paulo ao comportamento destes, defende o Comentário da Bíblia de Aplicação Pessoal:

É possível que estas pessoas preguiçosas estivessem sendo preguiçosas por motivos “espirituais”. Alguns, na igreja de Tessalônica, podiam ter dito que as pessoas deveriam deixar de lado as suas responsabilidades, deixar de trabalhar, não fazer planos para o futuro, e simplesmente esperar pelo retorno do Senhor. Ou podiam ter pensado que o trabalho estivesse em um nível inferior ao deles e quisessem passar o seu tempo de maneira espiritual. Mas não ter nada para fazer somente os tornava bisbilhoteiros. A sua falta de atividade os estava conduzindo ao pecado. Eles tinham se tornado um peso para a igreja, que os estava sustentando; eles desperdiçavam um tempo que podia estar sendo usado para ajudar outras pessoas. Estes membros da igreja podem ter pensado que estavam sendo mais espirituais com a falta de trabalho, mas Paulo ordenou com firmeza que eles vivessem de um modo correto, trabalhando para se sustentar. Paulo não mediu palavras com estas pessoas. O fato de que Paulo tenha dado esta ordem em nome de nosso Senhor Jesus revela a compreensão que ele tinha de sua autoridade como apóstolo — como um representante pessoal do próprio Senhor. (2010, p. 471)

Naturalmente, se hoje em dia vivemos uma crise econômica em nosso país, na qual postos de trabalho estão sendo fechados, e oportunidades de emprego estão reduzidas, é esperável que tais problemas também atinjam aqueles que servem a Cristo. Não estamos imunes ao desemprego.

Todavia, não é sobre isso que Paulo está refletindo. Às críticas do missionário recaem sobre aqueles que, de maneira imoral, querem permanecer sem trabalhar, mesmo tendo oportunidade de fazê-lo. O apóstolo repudia completamente a hipótese de alguém exigir auxílio financeiro da igreja e dos irmãos se tal pessoa tem plena possibilidade de produzir seu sustento, mas não o fez por ter confiado na exploração da bondade e misericórdia alheias.

Para com esses, a exortação paulina é clara: devemos ficar distantes deles e deixá-los colher o que deliberadamente escolheram. Se não querem trabalhar, então não comam.

Talvez, seja necessário fazer um relevante destaque sobre essa orientação de Paulo acerca do trabalho. Não necessitamos ficar sujeitos ao modelo enlouquecedor da sociedade contemporânea, que busca o enriquecimento a todo e qualquer custo. A orientação paulina é que trabalhemos com sossego (2 Ts 3.12), tendo, como paga de nosso esforço, a honra de receber o sustento necessário para nós e para quem amamos.
Há pessoas que largaram a fé em Cristo para servirem exclusivamente a Mamom em seus trabalhos. A autoilusão a que se submetem tais pessoas chega ao disparate de elas proclamarem que são mais úteis ao Reino de Deus fora da igreja e trabalhando compulsivamente em busca de dinheiro do que “perdendo tempo” numa vida de comunhão.

Essas pessoas imaginam que podem comprar o perdão e o amor de Deus por meio de seus dízimos e ofertas. Não sabem elas que o Senhor, dono de todas as riquezas do universo, deseja muito mais o coração desprendido delas do que os cifrões de suas doações que são ofertadas para desencargo de consciência.

O Senhor tem prometido a cada um de nós o acesso ao nosso sustento pessoal e familiar com sossego e paz. O sucesso de nenhuma carreira compensará o fracasso da vida espiritual de uma pessoa.

Por fim, é necessário ratificarmos uma posição que foi assumida por Paulo, não apenas em Tessalônica, mas também em toda a sua trajetória ministerial. Não podemos apoiar injustiças ou abusos sob o pretexto de sermos submissos e obedientes às autoridades constituídas política ou eclesiasticamente.

O Cristão e a Naturalização da Corrupção

O cristão deve ser o indivíduo mais rigoroso com a corrupção banalizada que procura naturalizar-se em nossa sociedade. Diante de escândalos de repercussão nacional nos campos da política e da administração pública, existem aqueles em nossa sociedade que pretendem convencer-nos de que todos nós somos corruptos — no significado político da palavra — e que, por isso, não temos o direito de criticar ou denunciar quem quer que seja.

A versão religiosa desse processo de naturalização da corrupção no Brasil orienta-nos a sermos apenas expectadores passivos da história, onde, no máximo, devemos orar por tudo o que está acontecendo. Dizer a um cristão que ele deve orar é o mesmo que orientar um peixe a nadar quando ele estiver na água, ou seja, é tão evidente que não faz sentido algum.

Quando o pecado do homem em Corinto tornou-se público (1 Co 5), assim como seu caráter insubmisso e contumaz pervertido, Paulo não orientou orações por ele; diante do adultério público de Herodes, João não fez intercessões por ele; antes, denunciou seu pecado (Mc 6.18).

O que se deve fazer quando líderes religiosos possuem salários imorais definidos por eles próprios, ou quando, além dos mega-salários, ainda recebem um conjunto de penduricalhos financeiros, como, por exemplo, auxílio-paletó, auxílio-transporte, auxílio-moradia? Denunciá-los. Essa deve ser a postura prática da Igreja de Jesus.

Como seria aceitável — num mundo de tantas desigualdades e injustiças — a manutenção de privilégios para um determinado indivíduo que não trabalha de modo algum sob o pretexto de estar envolvido num ofício eclesiástico? O princípio paulino continua em vigor: quem não trabalha não come.

Sobre essa contundente afirmação de Paulo e sua correlação com a obra e comportamento de Jesus de Nazaré, assevera Boor:

De modo incompreensível para o entendimento grego — com os coríntios, entre os quais justamente se encontra, Paulo tem de discutir repetidamente a respeito dessa questão — o majestoso enviado do rei dos reis, do soberano celestial, é um humilde operário, que se nega decididamente a “comer pão de graça de alguém”, preferindo acrescentar à sua imensa atuação apostólica, que podia ocupar todo o tempo de uma pessoa, ainda o trabalho manual para o sustento da vida, “em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós” (v. 8), como repete literalmente sua narrativa de 1Ts 2.9. Desse modo ele, os três, se ofereceram “como exemplo, como tipo, para nos imitardes” (v. 9). Se os fundadores da igreja, os mensageiros do grande rei, vivem dessa forma, que irmão na igreja teria então o direito “de andar fora dos trilhos” e viver “desordenadamente”, ou seja, fora dessa límpida “ordem”? (BOOR, 2007, p.34)

Seguindo as orientações paulinas, devemos, enquanto Igreja, colocarmo-nos como modelo para a sociedade atual de tal forma que nos reconheça como uma coletividade que se desenvolve para além das categorias da ambição e do poder. Se somos Igreja de Jesus, então nosso comportamento é fundamentado no amor e moldado pela simplicidade.

A Necessidade de Apartar-se dos Desordenados
As pessoas que Paulo denuncia tinham um conjunto de práticas completamente reprováveis pela própria comunidade em Tessalônica. Além de ociosos quanto a suas responsabilidades individuais de trabalhar para produzir seu próprio sustento, também eram “pesados” aos mais simples, exigindo para si privilégios que nem mesmo aqueles que trabalhavam arduamente usufruíam.

O mau-caratismo desses indivíduos, como se pode perceber, beira o cinismo. Além de nada produzirem, ainda exigiam regalias e honras para si. Lembremo-nos: orar e pregar não são atividades profissionais; mas, se por uma radical vocação divina, alguns se dedicam exclusivamente aos seus chamados ministeriais, então que estes estejam cônscios de que devem viver o estilo de vida de Jesus, João Batista e Paulo, e não como Herodes, Pôncio Pilatos e César.

O apóstolo denuncia ainda que, para a execução de tarefas úteis, tais indivíduos não possuíam empenho ou disposição, mas eram mestres para coisas vãs (2 Ts 3.11). É escandalosa a quantidade de pessoas que se dedicam exclusivamente a inutilidades sob o pretexto de “viverem da obra”. A bem da verdade, tal grupo de indivíduos não é novo; eles estão presentes nas comunidades cristãs e judaicas desde o primeiro século, como bem denuncia Paulo (2 Tm 3.1-6) e o próprio Jesus de Nazaré (Mt 23.13-16). Esses indivíduos enganam e exploram almas incautas sob o pretexto de piedade.

Há, no entanto, na recomendação paulina, uma orientação cristã de qualidade elevadíssima. Depois de orientar o afastamento dos cristãos sérios do convívio com os indivíduos desordenados, o apóstolo pede que estes sejam acolhidos como irmãos, e nunca como inimigos, desde que haja humildade dos desocupados em procurar a reconciliação.

Sobre as orientações de Paulo aos tessalonicenses em comparação às que foram dadas à Igreja em Corinto com relação aos problemas similares que enfrentava, defende Glubish:
Subsídios Lições Bíblicas – Jovens

Lição 12- Uma vida exemplar diante de Deus e dos homens

2º Trimestre de 2018

INTRODUÇÃO
I – EXISTE UM MODELO A SER LIMITADO
II – COMO SE PORTAR NUMA SOCIEDADE DESORDENADA
III – SOMOS CHAMADOS PARA VIVER DE QUE MANEIRA
CONCLUSÃO

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Apresentar os modelos bíblicos de comportamentos e espiritualidade para o cristão;
Refletir a respeito da necessidade de sermos modelos para esta sociedade;
Discutir o modelo de vida a ser adotado por cada cristão.

Palavra-chave: Exemplo.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

No final do capítulo 3 de sua segunda epístola aos tessalonicenses, Paulo dedica-se a fazer orientações práticas àquele grupo de irmãos, a fim de que as anomalias comportamentais e os abusos de autoridade fossem absolutamente superados. Foram introduzidas entre aqueles irmãos pessoas de mau caráter, verdadeiros charlatões, que, sob o pretexto de conduzirem os crentes de Tessalônica a uma suposta espiritualidade, estavam, na verdade, explorando aqueles já sofridos irmãos.

É escandaloso pensar nisto: existem pessoas que, conscientes da simplicidade e ingenuidade de alguns e, também, do desespero e ansiedade de outros, se aproveitam das fraquezas alheias para locupletarem-se. É por isso que movimentos religiosos que vendem sonhos, leiloam bênçãos ou mesmo alugam promessas têm um “mercado promissor” em nossa sociedade até hoje.

Pensemos nas orientações apostólicas, de modo a reconhecer quais medidas devemos tomar para evitarmos cair nas mãos de “predadores espirituais”.

Vivendo como Modelos em uma Sociedade Relativista
A vida cristã deve ser sempre exemplar e inspirativa em todos os âmbitos. Se alguém deseja ser líder cristão, por exemplo, Paulo deixa claro ao escrever para Timóteo que os frutos de uma vocação divina manifestam-se em uma vida pessoal e familiar equilibrada (1 Tm 3.1-13).

Há, muitas vezes, um discurso de vitimização dos líderes por meio do qual se invoca o caráter humano destes, e, por isso, falível, bem como de suas famílias. Esse tipo de argumento falacioso distorce várias verdades bíblicas:

a) Não se exige perfeição do líder, e sim integridade. Todos estamos suscetíveis a erros, falhas e pecados — na verdade, como assevera João, aquele que diz que é impecável vangloria-se pecaminosamente. Todavia, aqueles que lideram devem ser conscientes de que a repercussão de seus erros será bem maior, por exercerem um raio de influência bem maior que um não líder. Sendo o líder uma pessoa com suas dificuldades e angústias pessoais, cabe a esse indivíduo exigir dos outros aquilo que ele mesmo é capaz de realizar, sem hipocrisias ou farisaísmos. O que se testemunha em muitas comunidades, no entanto, é que a medida de exigência, em todos os níveis, para líderes, é muito menor do que para não líderes; ou seja, na hora de julgar e exigir dos outros, muitos líderes fazem isso com rigidez e contundência; todavia, quando o crivo dos julgamentos cai sobre eles mesmos, estes invocam a misericórdia e o perdão. Um líder precisa ser consciente de que ele também precisa incluir-se em seus julgamentos e exigências.
b) Como bem esclarecem as Escrituras, uma pessoa que não foi capaz, durante seu tempo de líder apenas de seu lar, de realizar a contento o serviço que lhe foi confiado, como poderá ser achado digno de orientar as demais famílias de uma comunidade? A verdade é que, se houvesse garantias de sigilo e manutenção da integridade física e emocional, muitas famílias não concordariam com o estabelecimento institucional do ministério de líderes de muitas pessoas. Infelizmente, os critérios para eleição de líderes muitas vezes fogem por completo dos critérios bíblicos e concentram-se muito mais nos políticos (apadrinhamento, nepotismo, tráfico de influências). Não é depois que alguém se tornou líder que sua família tem que se tornar vitrine; todavia, a questão é exatamente o contrário: é das famílias que são exemplares que se devem eleger os líderes de uma comunidade local.
c) Se alguém não deseja prestar contas a ninguém daquilo que realiza em sua vida particular, tal pessoa não se enquadra nem mesmo nos critérios para ser um cristão, muito menos um líder cristão. É evidente que nossa intimidade diz respeito apenas a nós e a nossa família; contudo, por vivermos em comunidade, nosso testemunho não pode apenas ser delimitado a nossa vida pública, mas também ao âmbito privado. De que adianta alguém ser um exímio pregador, mas um péssimo cumpridor de suas responsabilidades financeiras? Como creremos nas palavras proféticas de uma determinada pessoa se o vocabulário da mesma, em sua vida privada, escandaliza o mais profano dos homens? O critério jesuânico é claro: fomos chamados para ser sal da terra e luz do mundo; se nossa presença não fizer diferença no ambiente em que estamos, o próprio Jesus afirma que a suposta graça que está sobre nós não serve para nada, senão apenas para ser humilhantemente pisada pelos homens.

Os Tessalonicenses e o Testemunho quanto ao Trabalho
Concentrado em esclarecer aos tessalonicenses sobre essas especificidades da liderança, Paulo faz questão de tocar de novo no assunto da exigência da integridade social do cristão e, de maneira especial, do líder. Para o apóstolo, é um completo absurdo defender a tese de que um cristão pode abdicar de suas responsabilidades econômico-financeiras para com sua família sob o pretexto de estar envolvido na obra de Deus.

A exortação paulina é que TODOS trabalhemos. Refletindo sobre a natureza de alguns indivíduos desordenados que havia em Tessalônica, bem como a reação de Paulo ao comportamento destes, defende o Comentário da Bíblia de Aplicação Pessoal:

É possível que estas pessoas preguiçosas estivessem sendo preguiçosas por motivos “espirituais”. Alguns, na igreja de Tessalônica, podiam ter dito que as pessoas deveriam deixar de lado as suas responsabilidades, deixar de trabalhar, não fazer planos para o futuro, e simplesmente esperar pelo retorno do Senhor. Ou podiam ter pensado que o trabalho estivesse em um nível inferior ao deles e quisessem passar o seu tempo de maneira espiritual. Mas não ter nada para fazer somente os tornava bisbilhoteiros. A sua falta de atividade os estava conduzindo ao pecado. Eles tinham se tornado um peso para a igreja, que os estava sustentando; eles desperdiçavam um tempo que podia estar sendo usado para ajudar outras pessoas. Estes membros da igreja podem ter pensado que estavam sendo mais espirituais com a falta de trabalho, mas Paulo ordenou com firmeza que eles vivessem de um modo correto, trabalhando para se sustentar. Paulo não mediu palavras com estas pessoas. O fato de que Paulo tenha dado esta ordem em nome de nosso Senhor Jesus revela a compreensão que ele tinha de sua autoridade como apóstolo — como um representante pessoal do próprio Senhor. (2010, p. 471)

Naturalmente, se hoje em dia vivemos uma crise econômica em nosso país, na qual postos de trabalho estão sendo fechados, e oportunidades de emprego estão reduzidas, é esperável que tais problemas também atinjam aqueles que servem a Cristo. Não estamos imunes ao desemprego.

Todavia, não é sobre isso que Paulo está refletindo. Às críticas do missionário recaem sobre aqueles que, de maneira imoral, querem permanecer sem trabalhar, mesmo tendo oportunidade de fazê-lo. O apóstolo repudia completamente a hipótese de alguém exigir auxílio financeiro da igreja e dos irmãos se tal pessoa tem plena possibilidade de produzir seu sustento, mas não o fez por ter confiado na exploração da bondade e misericórdia alheias.

Para com esses, a exortação paulina é clara: devemos ficar distantes deles e deixá-los colher o que deliberadamente escolheram. Se não querem trabalhar, então não comam.

Talvez, seja necessário fazer um relevante destaque sobre essa orientação de Paulo acerca do trabalho. Não necessitamos ficar sujeitos ao modelo enlouquecedor da sociedade contemporânea, que busca o enriquecimento a todo e qualquer custo. A orientação paulina é que trabalhemos com sossego (2 Ts 3.12), tendo, como paga de nosso esforço, a honra de receber o sustento necessário para nós e para quem amamos.

Há pessoas que largaram a fé em Cristo para servirem exclusivamente a Mamom em seus trabalhos. A autoilusão a que se submetem tais pessoas chega ao disparate de elas proclamarem que são mais úteis ao Reino de Deus fora da igreja e trabalhando compulsivamente em busca de dinheiro do que “perdendo tempo” numa vida de comunhão.

Essas pessoas imaginam que podem comprar o perdão e o amor de Deus por meio de seus dízimos e ofertas. Não sabem elas que o Senhor, dono de todas as riquezas do universo, deseja muito mais o coração desprendido delas do que os cifrões de suas doações que são ofertadas para desencargo de consciência.

O Senhor tem prometido a cada um de nós o acesso ao nosso sustento pessoal e familiar com sossego e paz. O sucesso de nenhuma carreira compensará o fracasso da vida espiritual de uma pessoa.

Por fim, é necessário ratificarmos uma posição que foi assumida por Paulo, não apenas em Tessalônica, mas também em toda a sua trajetória ministerial. Não podemos apoiar injustiças ou abusos sob o pretexto de sermos submissos e obedientes às autoridades constituídas política ou eclesiasticamente.

O Cristão e a Naturalização da Corrupção

O cristão deve ser o indivíduo mais rigoroso com a corrupção banalizada que procura naturalizar-se em nossa sociedade. Diante de escândalos de repercussão nacional nos campos da política e da administração pública, existem aqueles em nossa sociedade que pretendem convencer-nos de que todos nós somos corruptos — no significado político da palavra — e que, por isso, não temos o direito de criticar ou denunciar quem quer que seja.

A versão religiosa desse processo de naturalização da corrupção no Brasil orienta-nos a sermos apenas expectadores passivos da história, onde, no máximo, devemos orar por tudo o que está acontecendo. Dizer a um cristão que ele deve orar é o mesmo que orientar um peixe a nadar quando ele estiver na água, ou seja, é tão evidente que não faz sentido algum.

Quando o pecado do homem em Corinto tornou-se público (1 Co 5), assim como seu caráter insubmisso e contumaz pervertido, Paulo não orientou orações por ele; diante do adultério público de Herodes, João não fez intercessões por ele; antes, denunciou seu pecado (Mc 6.18).

O que se deve fazer quando líderes religiosos possuem salários imorais definidos por eles próprios, ou quando, além dos mega-salários, ainda recebem um conjunto de penduricalhos financeiros, como, por exemplo, auxílio-paletó, auxílio-transporte, auxílio-moradia? Denunciá-los. Essa deve ser a postura prática da Igreja de Jesus.

Como seria aceitável — num mundo de tantas desigualdades e injustiças — a manutenção de privilégios para um determinado indivíduo que não trabalha de modo algum sob o pretexto de estar envolvido num ofício eclesiástico? O princípio paulino continua em vigor: quem não trabalha não come.

Sobre essa contundente afirmação de Paulo e sua correlação com a obra e comportamento de Jesus de Nazaré, assevera Boor:

De modo incompreensível para o entendimento grego — com os coríntios, entre os quais justamente se encontra, Paulo tem de discutir repetidamente a respeito dessa questão — o majestoso enviado do rei dos reis, do soberano celestial, é um humilde operário, que se nega decididamente a “comer pão de graça de alguém”, preferindo acrescentar à sua imensa atuação apostólica, que podia ocupar todo o tempo de uma pessoa, ainda o trabalho manual para o sustento da vida, “em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós” (v. 8), como repete literalmente sua narrativa de 1Ts 2.9. Desse modo ele, os três, se ofereceram “como exemplo, como tipo, para nos imitardes” (v. 9). Se os fundadores da igreja, os mensageiros do grande rei, vivem dessa forma, que irmão na igreja teria então o direito “de andar fora dos trilhos” e viver “desordenadamente”, ou seja, fora dessa límpida “ordem”? (BOOR, 2007, p.34)

Seguindo as orientações paulinas, devemos, enquanto Igreja, colocarmo-nos como modelo para a sociedade atual de tal forma que nos reconheça como uma coletividade que se desenvolve para além das categorias da ambição e do poder. Se somos Igreja de Jesus, então nosso comportamento é fundamentado no amor e moldado pela simplicidade.

A Necessidade de Apartar-se dos Desordenados
As pessoas que Paulo denuncia tinham um conjunto de práticas completamente reprováveis pela própria comunidade em Tessalônica. Além de ociosos quanto a suas responsabilidades individuais de trabalhar para produzir seu próprio sustento, também eram “pesados” aos mais simples, exigindo para si privilégios que nem mesmo aqueles que trabalhavam arduamente usufruíam.

O mau-caratismo desses indivíduos, como se pode perceber, beira o cinismo. Além de nada produzirem, ainda exigiam regalias e honras para si. Lembremo-nos: orar e pregar não são atividades profissionais; mas, se por uma radical vocação divina, alguns se dedicam exclusivamente aos seus chamados ministeriais, então que estes estejam cônscios de que devem viver o estilo de vida de Jesus, João Batista e Paulo, e não como Herodes, Pôncio Pilatos e César.

O apóstolo denuncia ainda que, para a execução de tarefas úteis, tais indivíduos não possuíam empenho ou disposição, mas eram mestres para coisas vãs (2 Ts 3.11). É escandalosa a quantidade de pessoas que se dedicam exclusivamente a inutilidades sob o pretexto de “viverem da obra”. A bem da verdade, tal grupo de indivíduos não é novo; eles estão presentes nas comunidades cristãs e judaicas desde o primeiro século, como bem denuncia Paulo (2 Tm 3.1-6) e o próprio Jesus de Nazaré (Mt 23.13-16). Esses indivíduos enganam e exploram almas incautas sob o pretexto de piedade.

Há, no entanto, na recomendação paulina, uma orientação cristã de qualidade elevadíssima. Depois de orientar o afastamento dos cristãos sérios do convívio com os indivíduos desordenados, o apóstolo pede que estes sejam acolhidos como irmãos, e nunca como inimigos, desde que haja humildade dos desocupados em procurar a reconciliação.

Sobre as orientações de Paulo aos tessalonicenses em comparação às que foram dadas à Igreja em Corinto com relação aos problemas similares que enfrentava, defende Glubish:

Esse afastamento não parece ser tão severo quanto à ordem que o apóstolo deu aos crentes de Corinto, em relação aos irmãos imorais: “seja entregue a Satanás para destruição” (1 Co 5.5). Podemos estar certos de que Paulo não está falando aos tessalonicenses sobre uma exclusão completa, sem esperança de retorno por meio do arrependimento. Não nos são dados os detalhes precisos de como tal tratamento deve ser aplicado. O rompimento é sinônimo de vergonha; os culpados devem ser envergonhados, perceber a seriedade da ofensa, e se adequar ao ensinamento apostólico. O coração pastoral de Paulo, sempre cheio de esperança de reconciliação, é surpreendentemente exposto quando defende a igreja e, pelo fato de não considerar seus ofensores como inimigos, mas como irmãos, diz: “admoestai-o como irmão” (v. 15). Marshall (228) esclarece que “um dos problemas de se exercitar a disciplina é a tentação de permitir que sentimentos pessoais afetem a aplicação da mesma”. Uma tendência deplorável ao lidar com os impenitentes é permitir que a hostilidade chegue a tal ponto que a ira intensa seja sentida e demonstrada, ou, de modo trágico, que o ofensor possa ser considerado como morto e não mais visto como parte da família. (GLUBISH, 2006, p. 1431)

Essa proposta de Paulo alinha-se completamente com os valores proclamados por Jesus. Não são os convertidos em Tessalônica que precisam fazer alguma coisa má para que a vida dos desordeiros seja prejudicada. Infelizmente, a falta de conversão daqueles somente os autoprejudicarão.

A exortação do missionário para a Igreja é que esta não se canse de fazer o bem (2 Ts 3.13). Se alguns indivíduos fazem o mal, cabe a cada cristão o esforço de sempre agir de maneira correta e de sempre estar alinhado com os valores do Reino. A igreja, enquanto comunidade, sempre deve estar de coração aberto para receber aqueles que, arrependidos, optam por regressar pelo caminho da salvação.

Evidentemente, as marcas e dores do passado tendem a dificultar as relações; contudo, nosso esforço sempre deve ser o de avaliar as pessoas e circunstâncias pela ótica do amor de Deus. Por isso, mesmo aqueles que nos aborreceram e prejudicaram devem ser acolhidos como irmãos se eles forem constrangidos por seus erros e convencidos da necessidade de recomeçar.

Conclusão

Sobre os ombros de cada cristão, por assim se autodenominar, pesa a responsabilidade de viver pia, justa e honestamente, assim como o Salvador viveu e desempenhou seu ministério terreno. Os homens sem Deus podem até lutar por honras e glórias, mas a nós cabe o desejo pela simplicidade da vida em Cristo.

*Este subsídio foi extraído de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

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Mayara Valesca

Correspondente em Vila Nova desde 2016.