EBD | Classe Adultos – Lição 8 – Naamã é curado da lepra

Fonte: Portal EBD

INTRODUÇÃO

A cura de Naamã nos mostra não apenas a autoridade do profeta Eliseu para fazer milagres extraordinários e o poder de Deus para curar toda e qualquer enfermidade, mas, acima de tudo, a compaixão de Deus e o seu desejo de se revelar e se fazer conhecido não somente ao povo de Israel, mas, também, aos gentios, inclusive, aos povos inimigos da nação, como ocorreu com os ninivitas, nos dias de Jonas, e com os siros, nos dias de Eliseu. Nesta lição estudaremos quem era Naamã, como se deu a sua cura e conversão, e as consequências da cobiça de Geazi.

I – NAAMÃ, UM HOMEM HONRADO, PORÉM LEPROSO

1.1 Quem era Naamã. Era o comandante do exército da Síria nos tempos do profeta Eliseu. Naamã era um nome comum na antiga Síria, cujo significado é: “gracioso ou justo” (MACARTHUR, 2015, p. 481). Quatro frases descrevem a importância de Naamã em (2Rs 5.1): (a) Ele era o chefe do exército da Síria, ou seja, o oficial de patente mais elevada do exército sírio. (b) Ele era um grande homem diante do seu senhor e de muito respeito. Ou seja, ele era um homem de confiança, respeitado pelo seu povo e, principalmente, pelo rei. (c) Porque por ele o Senhor dera livramento aos siros. Apesar de sua bravura, coragem e valentia, suas conquistas não devem ser atribuídas às suas estratégias de guerra, mas, acima de tudo, à soberania divina (Jó 9.12; Dn 2.20-22; 6.26,27). O texto deixa bem claro que fora o Senhor quem dera livramento aos siros por meio dele. (d) E era este varão homem valoroso, ou seja, uma pessoa honrada e de grande importância para o seu povo. Mas, apesar de suas muitas virtudes, havia algo que lhe incomodava e lhe entristecia: Naamã era leproso!

1.2 A lepra nos tempos bíblicos. O termo lepra ocorre por trinta e cinco vezes na Bíblia, quase todas no livro de Levítico, mas, também, em Dt 24.8; 2Rs 5.3,6,7,27; 2Cr 26.19. Os capítulos 13 e 14 do livro de Levítico trazem uma série de recomendações sobre a praga de lepra. “A enfermidade assim chamada na Bíblia não é só a lepra moderna (causada pelo bacilo de Hansen), porquanto as descrições bíblicas dela incluem outras infecções da pele. Metaforicamente falando, essa enfermidade representa o pecado, que é uma condição da alma que se propaga, contagia e é crônica, tal qual aquela enfermidade. No Antigo Testamento, os leprosos não podiam viver em sociedade com os sãos (Nm 12.14,15) e eram considerados imundos (Lv 13.12,17)”. (CHAMPLIN, R.N., 2014. pp. 373,374). Como Naamã não pertencia ao povo de Israel, ele não estava isolado da sociedade (2Rs 5.3,4), mas, com certeza, a lepra lhe causava tristeza e angústia, pois tratava-se de uma doença incurável e não havia tratamento adequado para tal enfermidade na época.

II – A CURA E A CONVERSÃO DE NAAMÃ

Naamã não conhecia o Deus de Israel. Porém aprouve ao Senhor curar aquele general, mesmo pertencendo ao exército inimigo de Israel. Vejamos como se deu a cura e a conversão do general Naamã:

2.1 Uma menina anônima. Em uma das batalhas entre a Síria e Israel, uma menina foi levada como escrava e ficou a serviço da mulher de Naamã. Essa menina, então, falou à sua senhora que, se o seu senhor estivesse diante do profeta que habitava em Samaria, ele seria curado da lepra (2Rs 5.2,3). “As crianças devem ser ensinadas em sua mais tenra infância acerca das obras prodigiosas que Deus realiza, para que, aonde quer que forem, possam falar delas. Como é dever de todo bom servo, a menina desejava a saúde e o bem estar de seu senhor, apesar de ser alguém que servia involuntariamente” (HENRY, 2004. p. 301).

2.2 Uma fé influenciadora. Apesar de ser apenas uma criança, ela foi um instrumento de Deus, não apenas para a cura de Naamã, mas, também, para fazer com que o Senhor fosse conhecido naquele país. Com certeza ela soube dos milagres que Deus havia operado por meio do profeta Eliseu (2Rs 3.1-4.44). A sua fé em Deus (Hb 11.1,6) foi plantada no coração não apenas da sua senhora, mas, também, no coração do seu senhor e do próprio rei da Síria, pois, logo que a mulher de Naamã ouviu a menina, fez saber a seu esposo, que comunicou ao rei da Síria, e este enviou uma carta ao rei de Israel pedindo a cura de Naamã (2Rs 5.4,5). Isso nos ensina sobre a importância de ensinar a Palavra de Deus aos nossos filhos, bem como as suas obras e as suas maravilhas, para que elas reconheçam que, para Deus, não há nada impossível (Êx 12.26-28; Dt 6.5-9; Pv 22.6; Js 4.5-7, 20-24; Jó 42.2; Lc 1.37).

2.3 Uma carta preocupante. Quando o rei da Síria ouviu o relato do general, acerca do profeta que estava em Samaria, ele não hesitou, e logo enviou Naamã com a sua comitiva, levando consigo 350 Kg de prata e 72 Kg de ouro, além de dez mudas de roupas (2Rs 5.5 NVI) e uma carta, dizendo: “Logo, em chegando a ti esta carta, saibas que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o restaures da lepra” (2Rs 5.6). O rei de Israel, então, rasgou suas vestes, numa clara demonstração de tristeza e de sofrimento, como era comum nos tempos bíblicos, quando coisas ruins aconteciam ao povo de Deus (Gn 37.29,34; Js 7.6; Jz 11.35; 2Sm 1.11; 2Sm 13.31; 1Rs 21.27). Ele pensava que o rei da Síria estava buscando uma ocasião para guerrear, mais uma vez, contra Israel (2Rs 5.7). Mas, o que o rei queria, na verdade, era a cura do general.

2.4 Uma notícia alvissareira. Quando o profeta Eliseu soube da aflição do rei de Israel, mandou lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel” (2Rs 5.8). É certo que a função do profeta não era, necessariamente, a de operar milagres, pois a grande maioria deles foram apenas mensageiros de Deus e não realizaram prodígios e maravilhas. No entanto, o profeta Eliseu, à semelhança do seu antecessor Elias, havia sido o instrumento de Deus para realizar muitos milagres, dentre eles, o aumento do azeite da viúva (2Rs 4.1-7), a ressurreição do filho da sunamita (2Rs 4.32-37), a multiplicação de pães (2Rs 4.42-44). E o profeta Eliseu sabia que Deus seria glorificado mais uma vez, na cura daquele general leproso.

2.5 Uma recepção simples e uma ordem desagradável. Com certeza, o general Naamã estava acostumado a ser recebido com honrarias aonde chegava, principalmente quando era enviado pelo rei da Síria. Ele pensou consigo que o profeta Eliseu iria recebê-lo pessoalmente, com as honrarias que lhe eram devidas e que o profeta iria orar por ele para que ele fosse curado (2Rs 5.11). Mas, para a sua surpresa, o profeta Eliseu mandou um mensageiro lhe dizer: “Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão; sua pele será restaurada e você ficará purificado” (2Rs 5.10 – NVI). “Eliseu mandou Naamã lavar-se nas águas turvas do rio Jordão como uma simples demonstração de humildade e de obediência. Tanto os israelitas quanto os sírios sabiam que o Jordão não poderia curar a lepra. Naamã precisava saber que a cura provinha milagrosamente da graça e do poder de Deus, mediante a palavra do seu profeta” (STAMPS, 2005. p. 579).

2.6 Uma resistência e um conselho de amigo. Ao ouvir o mensageiro enviado pelo profeta Eliseu, Naamã ficou indignado e disse: “Não são, porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado?” (2Rs 5.12). “O rio Abana (atual Barada) nascia nas montanhas do Líbano e corria até Damasco; suas águas límpidas produziam pomares e jardins. O rio Farpar corria para o leste, a partir do Monte Hermon até o sul de Damasco. Se Naamã precisava lavar-se num rio, certamente aqueles dois seriam melhores que o rio Jordão. Entretanto, a questão era a obediência à palavra de Deus e não a qualidade da água” (MACARTHUR, 2015. p. 482). Quando os servos de Naamã perceberam a sua resistência em lavar-se no rio Jordão, lhe disseram: “Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura, não a farias? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado” (2Rs 5.13). “O título ‘pai’ não era normalmente usado pelos servos para seus senhores. O uso do termo aqui pode indicar certo carinho dos servos por Naamã. Os servos de Naamã ressaltam que ele estivera disposto a fazer qualquer coisa, independente da dificuldade, para ser curado. Então deveria estar ainda mais disposto a fazer uma coisa tão fácil quanto lavar-se no rio Jordão” (MACARTHUR, 2015, p. 482).

2.7 A cura tão esperada e a conversão ao Deus de Israel. Quando Naamã mergulhou sete vezes no Jordão, ele foi curado e a sua pele ficou como de uma criança, como o profeta Eliseu havia dito (2Rs 5.14). Depois de sua cura, Naamã retornou do rio Jordão à casa de Eliseu em Samaria (cerca de 40 Km) para testemunhar de sua cura e confessar a sua fé no Deus de Israel. Ele confessou que só havia um único Deus, o Deus de Israel (MACARTHUR, 2015, p. 482). “É surpreendente que Naamã, embora sendo estrangeiro, foi milagrosamente liberto da lepra e convertido ao Deus verdadeiro, enquanto muitos leprosos em Israel permaneceram na sua impureza. O próprio Cristo referiu-se a Naamã (Lc 4.27) a fim de ressaltar que quando o povo de Deus desobedece à sua Palavra, Ele tira deles o seu reino e suscita outros para experimentarem a sua salvação, justiça e seu poder (Mt 8.10-13; 23.37-39)” (STAMPS, 2005, pp. 579,580).

III – A COBIÇA E A CONSEQUENTE LEPRA DE GEAZI

Após receber a cura e demonstrar a sua fé no Deus de Israel, Naamã ofereceu presentes ao profeta Eliseu, mas ele se recusou a recebê-los, apesar de sua insistência (2Rs 5.15,16). Porém, Geazi, o servo de Eliseu, correu atrás de Naamã e, mentindo, lhe disse que o profeta Eliseu havia mandado buscar 35 kg de prata e duas mudas de roupas para dois filhos dos profetas que haviam chegado de Efraim (2Rs 5.22). O general Naamã, então, prontamente atendeu ao pedido de Geazi e fez mais do que ele havia pedido (2Rs 5.23). Ao chegar em casa, Geazi guardou os presentes que havia ganhado de Naamã. E, ao ser indagado pelo profeta Eliseu de onde ele vinha, ele mentiu dizendo que não havia ido a lugar algum (2Rs 5.24,25). O profeta Eliseu condenou Geazi e seus descendentes a sofrerem com a doença da pele de Naamã para sempre (2Rs 5.27). “Geazi tinha um coração cobiçoso e tentou desvirtuar o ato gracioso de Deus, visando proveito próprio e material. Nas suas transgressões, ele traiu Eliseu, mentiu a Naamã e ao profeta Eliseu e desonrou o nome de Deus” (STAMPS, 2005. p. 580). Que o Senhor nos guarde da avareza e do apego aos bens materiais (Mt 6.24; Lc 18.24,25; 1Tm 6.9-11)

 

 

CONCLUSÃO

A história de Naamã demonstra o poder de Deus e sua graça redentora, mas, também, o seu juízo contra o pecado. A narrativa destaca a verdade de que a graça e a salvação divinas não se limitavam a Israel, mas que Ele queria compadecer-se dos gentios, ou seja, os não israelitas, e levá-los a conhecer o Único Deus verdadeiro. Mas adverte também a todos nós sobre os perigos da avareza e do apego aos bens materiais.

REFERÊNCIAS

• CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.

• HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. CPAD.

• MACARTHUR. Bíblia de Estudo. SBB.

• POMMERENING, Claiton Ivan. O Plano de Deus para Israel em meio à Infidelidade da Nação. CPAD.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/718 Acesso em 14 Ago. 2021

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.