EBD | Classe Adulto – Lição 8 – Encontrando o Nosso Próximo

 

Fonte: Portal da Escola Dominical

ESBOÇO GERAL
INTRODUÇÃO
I – INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
II – COMPAIXÃO E CARIDADE SÃO INTRÍNSECAS À FÉ SALVADORA
III – O NOSSO PRÓXIMO É QUALQUER PESSOA NECESSITADA
CONCLUSÃO

INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA

Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby

A Parábola do Bom Samaritano tem sido alvo das mais diversas interpretações. São conhecidas na história diversas exposições sobre esta parábola, inclusive a realizada por Agostinho de Hipona, que procurava ver nesta uma representação da caminhada humana ao sair do Éden (Jerusalém), e tomar o caminho do Mundo (Jericó). Muitas destas interpretações servem-se do método alegórico para atribuir ao texto objetivos que o mesmo não tinha.

Tudo se inicia quando um jovem bem-sucedido, doutor da lei, procura Jesus para pô-lo à prova (ARA) ou tentá-lo (ARC), e o termo utilizado é ekpeirazo, que dá a ideia de colocar à prova o “caráter” de Cristo. Aquele jovem usando de ardil busca colocar o Mestre dos mestres em situação difícil, e quem sabe imaginando receber algum elogio o interroga dizendo: – como farei para herdar a vida eterna?

Jesus não questiona aquele jovem sobre o conteúdo do primeiro mandamento, mas o questiona sobre sua exegese particular a respeito do mesmo. Jesus lhe pergunta: – como lês? Qual tua interpretação? De que forma você olha para este mandamento?

O jovem não entendendo apenas limita-se a responder recitando o mandamento tal qual escrito. Jesus então o chama à prática daquilo que bem conhecia e bem sabia recitar. Não bastaria para Jesus que aquele jovem soubesse o conteúdo do mandamento, importava para Jesus que ele soubesse interpretar corretamente e colocar o mandamento em ação em sua vida. O Senhor Jesus então vaticina: Faze isto e viverás. Coloque em prática, ame a Deus sobre todas as coisas, ame ao teu próximo como ame a ti mesmo, e então assim fazendo estarás apto à vida eterna.

A passagem de Lc 10.28 indica que o cumprimento da vontade de Deus produz vida: “E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás”. Keener destaca que “alguns textos da lei prometiam a vida para aquele que a mantivesse, e, essa ‘vida’ significava vida longa na terra que o Senhor dera, porém, mais tarde, os intérpretes judeus a leram como uma promessa de vida eterna”.1  Jesus aplicou o termo “viverás” em referência à vida eterna.

Faze isto e viverás” encontra-se no “imperativo presente (continue fazendo isto, para sempre) e o futuro do indicativo ativo como resultado natural”.2 Robertson destaca que “havia apenas um problema com a resposta do doutor da lei, ou seja, ninguém nunca fez, nem poderá sempre fazer o que a lei estabelece, para com Deus e os homens, porque escorregar uma única vez é falhar. Assim, Jesus explica o problema honestamente para o doutor da lei que queria saber o que deveria fazer. Naturalmente, se ele observasse perfeitamente a lei, sempre, ele herdaria a vida eterna”.3

Parece-nos que nos tempos de Jesus a hipocrisia humana, que faz com que homens conhecedores não sejam praticantes do próprio conhecimento, já estava bem presente na sociedade judaica. Diversos foram os embates de Cristo com fariseus e saduceus exatamente por tal comportamento.

Não satisfeito, o jovem doutor interroga Jesus sobre quem seria o seu próximo. Quem sabe imaginasse que dos lábios de Jesus sairiam palavras que remeteriam a um próximo muito amado, às pessoas queridas, às pessoas amadas e amáveis. Quem sabe imaginasse o moço que Jesus diria que o próximo é quem nos faz bem. É então que a parábola vem a lume. Robertson destaca que o jovem doutor “querendo justificar-se a si mesmo, viu imediatamente que tinha se condenado, ao fazer uma pergunta cuja resposta já conhecia, assim, no seu embaraço, ele faz outra pergunta, para mostrar que ele tinha alguma razão, no início”.4

Jesus responde ao jovem que as tradições e a religiosidade não podem nos dizer quem é o nosso próximo. O jovem que sai de Jerusalém para Jericó está caído e ferido e o levita não viu nele seu próximo, o sacerdote também não, mas o samaritano supreendentemente assim o vê. Supreendentemente porque jamais um Judeu praticante da lei como aquele jovem enxergaria nos “impuros”, nos “misturados”, nos “híbridos” samaritanos, alguém próximo seu. Jesus, no entanto, assim o vê e aquele jovem doutor faz ver também.

Lockyer destaca que “os samaritanos não eram puros em termos raciais, mas uma mistura de judeu e gentio; por isso, eram odiados pelos que tinham o sangue integral do grupo étnico judaico, e, embora os dois grupos morassem próximos uns dos outros, não se consideravam e nem se tratavam como próximos no sentido moral da palavra”.5 Este autor destaca também que “o doutor da lei deve ter ficado bastante surpreso, quando Jesus apresentou o samaritano como a única pessoa que se dispôs a ajudar aquele judeu indefeso, na estrada solitária e perigosa. O homem que ajudou o pobre necessitado foi exatamente o que ele menos esperava que o faria”.6

Champlin destaca que a parábola do bom samaritano foi dada a fim de ilustrar o importantíssimo mandamento da lei: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’, e assim, ensina quatro lições: “(a) Jesus ensina aqui um importante princípio da ética humanitária. O próximo pode ser uma pessoa inteiramente desconhecida. (b) O “próximo” pode ser de uma raça diferente, e até mesmo desprezada. (c) O “próximo” pode ser pessoa de outra religião, até mesmo conhecida como herética. (d) Contudo, os cuidados de Deus por toda a humanidade devem manifestar-se na vida de todos quantos são chamados pelo nome”.7

Texto extraído da obra “As Parábolas de Jesus: As verdades e princípios divinos para uma vida abundante.” 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.