EBD | Classe Adulto – Lição 6 – Sinceridade e Arrependimento Diante de Deus

Fonte: Portal da Escola Dominical

ESBOÇO GERAL
INTRODUÇÃO
I – INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO
II – A HIPOCRISIA DO FARISEU
III – A SINCERIDADE DO PUBLICANO
CONCLUSÃO

INTERPRETANDO A PARÁBOLA

Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby

Estamos diante de uma parábola narrativa, direta e simples. É uma comparação de dois personagens opostos por meio de uma justaposição: o fariseu e o publicano. Depois de haver ensinado a respeito da necessidade e do poder da oração por meio da parábola “do juiz iníquo”, Jesus conta essa parábola com o objetivo de ensinar a atitude correta na hora da oração. Agora somos ensinados que não basta perseverarmos na oração, é preciso cultivarmos uma atitude correta.

O fariseu pertencia a uma das principais seitas dos judeus, muito mais numerosa do que a dos saduceus, e de mais influência entre o povo. Insistia no cumprimento rigoroso da Lei e das tradições dos anciãos. Fariseu significa “separado”, porque não somente se separava dos outros povos, mas também dos outros israelitas. Os fariseus observavam as práticas de forma minuciosa; contudo, esqueciam do espírito da Lei, como se nota na forma como se lavavam antes de fazer as refeições, na lavagem dos copos, dos jarros, etc (Mc 7.3,4); em pagar escrupulosamente o dízimo (Mt 23.23); na observância do sábado, etc.

Elwell destaca que “segundo o ponto de vista tradicional, embora nem todos os fariseus fossem peritos na Lei, o farisaísmo era a ideologia da vasta maioria dos escribas e mestres da Lei, assim, os fariseus eram os guardiães e intérpretes da Lei e as instituições judaicas associadas com a Lei, tais como a sinagoga e o sinédrio, eram farisaicas”.1 As denúncias de Jesus contra os fariseus encontram-se em Mateus 23.13-30 e Marcos 7.9. Nesta última passagem Jesus disse: “Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição”.

Em Isaías 29.13 o profeta criticava os hipócritas: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”. O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal destaca que “Jesus aplicou as palavras de Isaías a esses líderes religiosos, porque eles podiam proferir as palavras corretas e fingir sua devoção a Deus, mas seu coração estava longe dele e Jesus atacou a verdadeira condição do seu coração”.2 Pois se preocupavam com detalhes do cotidiano e desprezavam a observância da Lei de Deus e seu verdadeiro significado.

Os publicanos eram cobradores de impostos públicos entre os antigos romanos. Os judeus consideravam os publicanos traidores e apóstatas porque cobravam os impostos para a nação que os oprimia. Eles eram julgados como pessoas de vil caráter, porque, também, acabavam extorquindo grandes quantias de dinheiro do seu próprio povo (Lc 3.12, 13; 19.8). Eles estavam classificados sempre entre os pecadores (Mt 9.10, 11), os pagãos (Mt 18.7) e as meretrizes (Mt 21.31). O povo murmurava pelo fato de Jesus comer com eles (Mt 9.11; 11.19; Lc 5.29; 15.1,2). Mateus era um publicano.

Champlin destaca que “na antiguidade, as taxas e impostos frequentemente eram coletados por indivíduos privados empregados com esse propósito, e não por agentes governamentais oficiais, assim, tais indivíduos tiravam proveito da situação a fim de auferirem ganhos desonestos”.3 É por esta razão que os publicanos estão associados aos pecadores, reunindo assim “duas classes que tinham grande afinidade de espírito. Pensava-se que nenhum publicano podia ser homem honesto, tão má era a reputação da categoria”.4

Os judeus da cidade de Jerusalém tinham o costume de fazer orações nas horas costumeiras (9h da manhã e 3h da tarde). Entretanto, mesmo fora dos horários regulares havia pessoas orando no templo (Lc 2.37; At 22.17). Um fariseu e um publicano subiram ao templo com o fim de orar à mesma hora. No aspecto religioso e moral reinava no judaísmo daquele tempo uma grande distância entre essas duas classes do povo.

O fariseu, como vimos, era tido como um homem que cumpria a Lei com exemplar rigorismo inatacável. Já o publicano era considerado uma pessoa que vivia em flagrantes pecados e vícios, era mesmo equiparado aos gentios. Essas duas figuras estão orando juntos à mesma hora no templo. Eis o que diz a parábola.

Esta parábola nos ensina que a religiosidade não tem valor para Deus quando não existe sinceridade de coração. O fariseu e o publicano tiveram atitudes semelhantes, ou seja, estavam buscando ao Senhor em oração, porém, o fariseu é reprovado por causa de sua hipocrisia, enquanto que o publicano, mesmo sendo pecador, tem a aprovação divina. “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lc 18.14).

O publicano é um exemplo de alguém que tem consciência de sua condição espiritual. Diferente do fariseu, o publicano coloca-se na presença de Deus com coração contrito, reconhecendo-se como pecador e completamente dependente de Deus. Nesta parábola somos ensinados sobre a necessidade de avaliarmos nossa condição espiritual quando nos colocamos na presença de nosso Deus.

Lockyer destaca que “os dois homens que subiram para orar no templo são diferentes em caráter, credo e na forma de auto-exame, e, ambos se apresentam diante do Santo Deus, mas com uma diferença radical de atitude”.5 Este autor também destaca que “aqui estão dois indivíduos amplamente apartados um do outro, tanto em seu modo de viver como na opinião que o público tinha deles; são representantes de duas classes — (o primeiro) dos arrogantes mantenedores da lei e (o segundo) os desprezados transgressores da lei”.6

Esta parábola destaca a necessidade de uma vida de oração realizada com propósito correto, de maneira constante e com humildade no coração, reconhecendo a necessidade de ser alcançado pela graça de Deus. Em Tiago 5.16 a Bíblia diz que “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. Shedd e Bizerra destacam que a “oração serve para acalmar o espírito e para receber do Senhor sabedoria, de perceber mais claramente que o Senhor é bom e que sua misericórdia dura para sempre, mesmo quando passamos pela tempestade”.7 O publicano entendeu essa realidade, ao passo que o fariseu não julgava-se necessitado.

Texto extraído da obra “As Parábolas de Jesus:As verdades e princípios divinos para uma vida abundante.” 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”.

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Lidiane Santos

Correspondente pela sede desde 2013. Formada em serviço social e especialista em gestão pública municipal. Professora da Escola Bíblica Dominical.